segunda-feira, 5 de março de 2012

Do Inferno e Céu, dos Anjos e Demónios (2/2)

No Céu, o cenário é de gritos! Todos os Paraísos de todas as religiões são fantásticos! Mas todos, concebidos ou imaginados à maneira humana: Deus, de aspecto venerando, certamente sempre com sorriso de felicidade, feito Rei sentado no seu trono, tendo à sua direita os predilectos e os mais santos, e todos os anjos, todos sorrindo de felicidade, entoando hossanas de louvor perene... (Quem estará à sua esquerda?!!! Com que boca sorrirão, com que voz cantarão os da direita?!!! Haverá disputas de lugares?!!!) Não nos esqueçamos que quer o prémio de um Céu, por boas obras, quer o castigo no Inferno, por obras más ou pecados mortais (é que há os veniais, etc...) são prémios ou castigos eternos, portanto a merecer ou a sofrer por toda a eternidade. Esta, a ser Verdade, isto é, se não fosse tudo invenção e uma grande falsidade, seria a maior prova de um Deus injusto – logo impossível! – pois castigava ou premiava por toda a eternidade, actos cometidos no tempo. E que tempo, santo Deus! Quase insignificante face ao tempo universal, vivendo o Homem dele apenas uns 80 ou 90 anos, se é que não morreu pelos caminhos da vida... E, sem nos alongarmos mais, deduzamos conclusões: 1 – Não há nenhuma prova credível de que as almas ou os espíritos prevaleçam para além do corpo que os susteve (numa simbiose indivisível, pois um só existia com o outro, logo, faltando um, o outro deixava de ter sentido). Repito Carl Sagan, de cor, no seu livro “Um Mundo infestado de Demónios”: “Não há fenómeno paranormal que resista à aplicação do método científico”. Portanto, todas as “visões” e falas com os espíritos post mortem de que se arrogam os mediums são puras falsidades ou, mais cientificamente, arquitectações dos seus cérebros, dizendo aquilo que acham que os espíritos lhes diriam. Pese embora alguns casos que parecem mesmo reais... (O mesmo se passa com o aparecimento de seres celestiais ou infernais, como a Virgem, os Santos, os demónios, etc., bem como as chagas de Cristo que apareceram em algumas mãos de indivíduos mais devotos e que foram santificados). Tudo fruto dos cérebros, em parte doentios ou afectados, dos intervenientes em tais fenómenos paranormais. 2 – O Céu e o Inferno só teriam sentido se se provasse o primeiro ponto. E o Homem anda morrendo há pelo menos uns quatro milhões de anos (um tempo insignificante face ao Tempo Universal e a outros eventos conhecidos da Ciência: os dinossauros, há duzentos milhões, o aparecimento da Vida na Terra, há c. de três mil e quinhentos milhões!) ou uns quarenta mil para o sapiens sapiens! Embora fossem lugares “necessários” para se fazer alguma justiça, a divina, já que a humana é tão fraca e tão frágil – e... tão injusta! – não passam de meras quimeras ou efabulações, sem qualquer suporte factual ou documental à sua existência. Logo, sem qualquer credibilidade, custe-nos o que nos custar ter de admitir que os que cometem crimes durante a vida na Terra passam quase sempre incólumes aos castigos que bem mereciam. Única solução: aperfeiçoar o sistema judicial humano. Inventar uma justiça divina não o é, com certeza. 3 – Se Céu e Inferno não existem, também anjos e santos demónios são puras efabulações dos indivíduos que, ao longo da História, se dedicaram a estas invenções, invenções, a maior parte das vezes – sempre?! – com interesses bem mundanos, como a invenção do Purgatório. Os bem intencionados, como o Jesus de Nazaré, quereriam dar sentido futuro às suas vidas post mortem, dando cabimento a este inexplicável desejo de eternidade que avassala o espírito humano sem qualquer explicação racional, além do natural instinto de conservação da vida e da espécie. Mas, por ser inexplicável e profundo e forte, não quer dizer que tenha de ser colmatado em algum lugar inventado, contra todas as evidências, para o efeito. Encontrei um livro que, embora faccioso por querer defender a sua tese espirita, apresenta alguns dados documentais sobre o assunto e, por isso, será interessante folhear. Está todo na Internet. Chama-se “O Céu e o Inferno no Espiritismo”. Acesso: 1 – Net; 2 – Google; 3 – Digitar: Céu e Inferno; 4 – Abrir o site da Wikipedia com o título do livro; 5 – No final do artigo, clicar em «livro».

4 comentários:

  1. Caro Francisco, tive oportunidade de assistir à sua participação no programa da TVI onde defendeu que as mulheres deviam governar o Mundo. Na minha opinião colocar a questão da transformação da governação nesses termos dicotómicos não é útil. Homens e Mulheres devem participar igualmente na governação e na construção de um sistema melhor. Provavelmente se as mulheres dominassem os homens tal como os homens dominaram historicamente as mulheres o sistema seria diferente. Mas seria melhor? Pior? Ou apenas diferente com aspectos positivos e negativos tal como aquele que existe? Mas se quiser entrar por esse caminho simplificador deixo-lhe uma pequena provocação: qual dos géneros tem sido historicamente o maior promotor da religião e da continuação das tradições? Para responder a esta questão não preciso de me socorrer da minha experiência pessoal e leituras, há estatísticas...

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    1. Caro Pedro Miguel,
      Em resumo: quanto às mulheres liderarem o mundo, há que lhes dar uma oportunidade já que os homens criaram um mundo de injustiças e de iniquidades, ao longo da História e hoje continua (guerras, corrupções, injustiças, etc.). Mulheres inteligentes, sábias, dinâmicas e honestas, obviamente! As melhores de cada país e à escala global! (Veja o meu blog Ideias-Novas)
      Religião e mulheres? Não posso concordar: se as mulheres são mais seguidistas que os homens dos paradigmas religiosos que os homens criaram e que continuam a alimentar, nem sequer permitindo às mulheres que liderem cerimónias ou sejam sacerdotizas ou papas ou bispos, etc., sempre se sujeitando ao domínio intelectual e físico dos homens, isso não quer dizer que tenham qualquer papel importante na dogmática das religiões. Tudo inventado por homens, sendo a mulher convidada apenas a seguir e... a acreditar, a alimentar a paranóia criada! No meu livro "Um Mundo Liderado por Mulheres", defendo que seriam elas a propor uma nova religião, religião substituta de todas as actuais existentes, religião credível e não baseada em efabulações supostamente de inspiração divina, porque baseada na Ciência e no Conhecimento. Falaremos, aqui dela, lá mais para a frente, transcrevendo directamente do livro as suas matrizes.
      Cordiais saudações!

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    2. Caro Francisco, estou curioso em ler o seu livro e se o encontrar vou comprá-lo, mas no estado actual do meu conhecimento não concordo com a sua tese. É verdade que foram sobretudo os homens a criarem os actuais paradigmas religiosos mas as mulheres têm sido (pelo menos nos últimos séculos) um forte e talvez o principal suporte civil dos mesmos. Há até exemplos famosos: coitado do Darwin com as pressões que sofreu da mulher, sendo muito provavelmente uma das razões porque ele adiou a publicação da "Origem das Espécies" durante tantos anos...

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  2. Olá, Pedro Miguel!
    Quanto ao livro, pode comprá-la via Internet ou encomendá-lo, por ex., na FNAC.
    Quanto às mulheres serem o principal veículo dos paradigmas religiosos criados pelos homens, tenho as minhas dúvidas. Se bem que quem ainda se apresenta nas igrejas, na sua maioria, são mulheres, algumas bem beatas. Assim como, são mulheres as catequistas. Etc. E são mulheres quem mais se dedica às obras sociais da(s) Igreja(s), mas, aqui, nada tendo a ver directamente com religião: apenas com solidariedade social e humana. No entanto, no topo, estão os homens (padres, bispos, cardeais e papa) a comandar e a usufruir dos louros do empenho delas...
    Se ler o meu livro e acompanhar estes blogs (sobretudo, o "Ideias-Novas"), verá que sou sensato na proposta de pôr as mulheres a liderar e a construir um mundo mais justo, logo, mais humano e solidário, aproximando-o do Paraíso com que sonhamos...

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