segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O meu Deus é o de Espinoza e o teu?

Antes de falarmos do Deus da Harmonia Universal, concepção de Deus em que nos basearemos para propor uma nova religião de cariz abrangente de crentes e não crentes, apresentemos o Deus de Baruch Espinoza. Espinoza, nascido em 1632 em Amsterdão, falecido em Haia em 21 de fevereiro de 1677, foi um dos grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz. Era de família judaica portuguesa e é considerado o fundador do criticismo bíblico moderno. Em pleno Século XVII, escreveu “DEUS, falando com você”: «Pára de ficar rezando e batendo no peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti. Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti. Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer. Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho... não me encontrarás em nenhum livro! Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho? Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor. Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso? Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti. Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia. Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas. Eu te fiz absolutamente livre. Não há prémios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registo. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno. Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei. E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que aprendeste? Pára de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar. Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. Te sentes olhado, surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar. Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações? Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro... aí é que estou, batendo em ti.» Einstein, quando perguntado se acreditava em Deus, respondeu: “Acredito no Deus de Espinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no Deus que se interessa pela sorte e pelas acções dos homens”.

3 comentários:

  1. O meu Deus é o de Espinoza* e um pouco Mais!

    De outra maneira estaria estagnado. Depois da sua morte (se é que ele escreveu tal livro) já muitas “Águas moveram moinhos”. Com isto quero dizer, não querendo me envolver em discussões, o Homem moderno precisa de Mitos para sobreviver.!
    O Professor Domingos de certeza conhece a expressão (não sei se é portuguesa): “O Coração tem razões que a Razão não sabe”
    Não querendo ensinar o Padre Nosso ao Vigário. Coração neste contexto não significa o órgão físico, que faz circular o sangue. Mas sim Psique (Alma).

    Para não me alongar envirei algo mais por E-mail, ao Professor Dominges.

    João Cardoso
    Suécia

    * Não tive tempo em pesquisar se Espinosa escreveu tal livro.

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    1. Caro João Cardoso,
      Respondo-lhe com muito gosto ao seu mail, que transcrevo abaixo, aqui no blog.
      1 - O meu blog "Em nome da Ciência" tem como finalidade desmistificar crenças instaladas sem qualquer espírito crítico sobre as mesmas. Nunca poderá ser um blog que se debruce aprofundadamente sobre este ou aquele tema, como se de um longo ensaio científico se tratasse. Eu, como filósofo e teólogo, sou um livre pensador. Ao modo de Espinoza, perdoe-se-me a imodéstia...
      2 - Quanto a Espinoza, seu pensamento, vida e livros, para não me alongar, sugerir-lhe-ia que lesse os sites do Google: a) Já no Google, digite, Espinoza b) Depois, leia Bento Espinoza - Wikipedia, a enciclopédia livre (Além de óptima informação ainda tem bibliografia final e outras informações úteis sobre Espinoza). Ou leia o seguinte site: Baruch Espinoza - Textos, Reflexões e Pensamentos.
      Verá que o meu texto acima, apresentou a ideia de Deus correcta de Espinoza. E essa ideia, como também é a minha, defendê-la-ei aqui, muito em breve. Por agora, já deve ter reparado, ocupo-me do "Inacreditável Credo católico".
      Cordiais saudações!
      PS: Por favor, mesmo sobre este e outros assuntos (Fátima, por exemplo), comente no último texto que apresento, pois me é mais fácil responder e dialogar consigo. Normalmente, não volto atrás a não ser que me solicitem. Estou à espera do seu comentário sobre Fátima...)
      ----- Original Message -----
      From: João Cardoso
      To: POFESSOR DOMINGUES
      Sent: Saturday, March 17, 2012 3:57 PM
      Subject: Spinoza


      Örebro, 17 de Marςo de 2012
      Professor Francisco Domingues.
      Eu tenho por costume nunca me envolver em duas
      “Guerras”. Basta uma! Com isto como já entendeu o meu envolvimento nos seus dois artigos no Blogue: Fátima e O Deus de Espinosa.
      Como ainda estou à espera da cópia de um documento referente a Fátima.
      Aproveito o Tempo, E passo a Comentar o Espinosa. Que já iniciei no Blogue. Comentário que pode retirar do seu Blogue. Irá ver abaixo por quê?
      O meu Deus é do Espinosa e o Teu?
      O livro, que não existe, me parece piada de Brasileiro. Não encontro tal livro em lugar algum na Internet (Tendo em conta que sou Principiante no manejo da mesma).
      Os livros que conheço de Autoria de Espinosa são Ética e Tratado Teológico.
      Só li um pouco da Ética. O livro é um livro Sério e Profundo. Segundo o que sei, através de outros autores, é que Espinosa era austero e teve uma Vida exemplar na Sociedade em que viveu. Por estas razões; repito tal livro mencionado no Blogue parece até brincadeira de Carnaval. Há partes; parecem-me um pouco contraditório e até um e convite à anarquia.
      Levando em conta a Boa Reputação do seu Blogue: Em nome da Ciência.
      Note Possessor Domingues: Em Nome da Ciência!!!
      Eu o aconselharia a retirar tal piada do Seu Blogue. Quem lhe enviou tal Artigo está brincando com o Professor Domingues.
      Não me alongando mais neste assunto. Em outro Blogue aparece esta brincadeira de mau gosto. Com o nome de: ““Spinoza’s Ethics and Dr. Fischelson”.
      Tal documento atribuído a Espinosa. Para não dizer não existe; não o encontro!
      Para terminar Leia anexo e consulte : http://plato.stanford.edu/entries/spinoza/
      Os meus melhores cumprimentos.
      Jc
      PS
      Se o Professor Domingues leva a Sério:
      O meu Deus é do Espinosa e o Teu?
      Então farei um comentário diferente no seu Blogue!

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    2. Amigos, o caríssimo João Cardoso, fez-me notar que o livro mencionado no texto, não se encontra em parte nenhuma da História referente a Espinoza. Procurei e também não encontrei. Mencionei-o por assim me ter chegado por email. Então, aquele título deve ser pura invenção para o inventor incutir as suas ideias sobre Deus secundado pela autoridade de Espinoza. Em nome da Ciência, chamo a atenção para esta minha falha de atenção que espero não se volte a repetir. Corrigido o erro, e agradecendo a João Cardoso o reparo - reparo que é bem-vindo porque contribuiu para a seriedade do blog - diria que, na essência, o Deus descrito pelo "inventor" do livro de Espinoza não se afasta muito da concepção do Deus dos racionalistas do séc. XVII, a cuja escola Espinoza pertencia. Falaremos do assunto mais tarde aqui. De qualquer modo, o texto acima fica como testemunha de que o que se diz em nome da Ciência nem sempre está totalmente certo... E, por isso, se aceitam todas as críticas! Mais uma vez, obrigado a João Cardoso.

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