segunda-feira, 11 de julho de 2011

A (in)verdade de Fátima (7)

Valeu a pena a transcrição integral da narrativa do Reverendo Cónego (textos 5 e 6) desta 3ª “aparição”, de todas, a mais significativa. Realmente, se dúvidas houvesse quanto à (in)verdade de Fátima, ficariam totalmente dissipadas com esta narrativa de Lúcia. Primeiro, após patéticas desculpas da Senhora para não fazer milagres de curas pedidas, vem novamente o apelo ao sacrifício e à oração para obter a paz e a conversão dos pecadores... (Aliás, aqui, diríamos o que já dissemos, demonstrando, sobre todos os supostos milagres narrados na História, pela Bíblia, Evangelhos e outros escritos: todos símbolos ou farsas; nenhum, de narrativa credível!) Depois, os famosos segredos que, como era de esperar, fizeram correr muita tinta! Ora, voltaríamos a perguntar se o divino precisa de andar com segredos, mais ou menos falaciosos, por confusos, em vez de ser claro e compreensível para todos os Homens a quem, obviamente, se destina a mensagem de conversão da humanidade na fraternidade universal apregoada por Jesus Cristo, tendo na mira um Céu ou um Inferno que seja, na tão desejada vida eterna... E quão fantasmagórica é aquela descrição do Inferno e as almas e os diabos nele! Quão fantasmagórica! Mas nada que não tenha sido já escalpelizado ao longo dos tempos, desde os clássicos greco-latinos à fantasiosa e imaginativa Idade Média, com o seu expoente máximo em Dante (séc.s XIII-XIV) na sua Divina Comédia, a Miguel Ângelo (séc.s XV-XVI), a Salvador Dalí (séc. XX). No entanto, não se percebe que valor de mensagem tem aquele tríplice segredo. Objectivamente, parece inócuo. Depois, segredo “O Imaculado Coração de Maria”? Então, a Imaculada Conceição de Maria – donde o seu Imaculado Coração! – não havia já sido decretado, para a Igreja, em 8 de Dezembro de 1854 por Pio IX? Para quê mais uma confirmação e... em segredo? Quanto ao Inferno, a ter existido aquela visão aterradora para as crianças, apenas retratou o que no imaginário popular é, de há séculos, se não milénios, conhecido; sobretudo, o Sr. Diabo, vestido de vermelho, rosto de bêbedo escarninho, cauda de macaco, chifres de touro, mãos de longas unhas empunhando o ameaçador tridente que espeta nos corpos gloriosos das almas dos condenados, com gargalhadas de gozo... Enfim, o suposto atentado ao Papa: não se vê onde possa estar o interesse de tal suposto “segredo”! Por outro lado, as visões apocalípticas de Lúcia e de Jacinta – estando incompreensivelmente delas afastado Francisco que era dois anos mais velho que a irmã – nelas integrando-se as palavras, primeiro, do Anjo, depois, da Virgem, emergem como o corolário do medo e do terror com que a religião parece gostar de afundar-se, para melhor convencer e angariar crentes que, de modo racional, nunca seriam levados a acreditar em tais fantasias e alucinações...
Embora muito mais críticos pudéssemos ser em relação àquela fantástica narrativa (o ribombar do trovão para indicar o fim da aparição é de, pelo menos, fazer sorrir...), apenas um último comentário ao conteúdo final: “Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração.” A pergunta é quase irreverente, mas tem de ser feita: “Era a Virgem que queria estabelecer no mundo a devoção ao seu Imaculado Coração ou era a Igreja – neste, caso, os bispos de Portugal – que, não tendo o dogma da Imaculada Conceição tido os efeitos desejados, pretendia que tal culto fosse instituído e implementado?” Tanta imaginação doentia de medos ancestrais ali retratados é uma suma prova da inconsistência da verdade de Fátima: o divino não pode – exactamente por ser divino! – andar a “brincar” com a consciência das pessoas. É que somos racionais, caramba! Temos toda uma razão para aquilatar do que nos dizem e nos confessam!... Mas ficamo-nos por aqui no muito de acérrima crítica que todo aquele aparato de infernos, diabo e de segredos neles merecia... (Cont.)

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