A ressurreição de Jesus Cristo é a base de toda a Fé cristã! E “Se Ele não ressuscitou é vã a nossa Fé”, diz Paulo e nós não nos cansamos de repetir.
Comecemos pelas narrativas nos quatro evangelhos onde, pela tamanha importância do acontecimento, se exigiria, pelo menos, coincidência nas personagens envolvidas.
Mateus, revelando mais uma vez a sua fértil imaginação, diz: «...ao amanhecer do primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver a sepultura. De repente, houve um grande tremor de terra: o anjo do Senhor desceu do Céu e, aproximando-se, retirou a pedra e sentou-se nela. (...) Então, o anjo disse às mulheres: “Não tenhais medo. Eu sei que procurais Jesus que foi crucificado. Ele não está aqui. Ressuscitou como havia dito! Vinde ver o lugar onde ele estava.(...)»
Marcos: «... bem cedo, no primeiro dia da semana, ao nascer do Sol, (Maria madalena, Maria mãe de Tiago e Salomé) foram ao túmulo. (...) quando olharam viram que a pedra já havia sido tirada. Então, entraram no túmulo e viram um jovem sentado do lado direito. (...) O jovem disse-lhes: “Não vos assusteis. Procurais Jesus de Nazaré que foi crucificado? Ele ressuscitou! Não está aqui. Vede o lugar onde o puseram.(...)»
Lucas: «No primeiro dia da semana, bem de madrugada, as mulheres foram ao túmulo de Jesus (...) Encontraram a pedra do túmulo removida. (...) Nisto, dois homens com roupas brilhantes pararam perto delas. Cheias de medo, elas olhavam para o chão. No entanto, os dois homens disseram: “Porque procurais entre os mortos aquele que está vivo? Ele não está aqui. Ressuscitou! (...)” Eram Maria Madalena, Joana, e Maria mãe de Tiago. Também as outras mulheres que estavam com elas contaram estas coisas aos apóstolos.(...) Pedro levantou-se e correu ao túmulo. Inclinou-se e viu apenas os lençóis de linho.»
João: «No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo, bem de madrugada quando ainda estava escuro. Ela viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. (...) Pedro e o outro discípulo saíram e foram ao túmulo. (...) Viram os panos de linho estendidos no chão e o sudário que tinha sido usado para cobrir a cabeça de Jesus e ... voltaram para casa. (...) Maria tinha ficado fora a chorar. (...) Viu então dois anjos sentados onde o corpo de Jesus tinha sido colocado (...) Então, os anjos perguntaram: “Mulher, porque choras?” (...) Depois disto, Maria virou-se e viu Jesus de pé.(...) Jesus disse: “Não me segures porque ainda não voltei para o Pai. (...)”»
Constatamos que há dois dados interessantes coincidentes: 1 – O primeiro dia da semana de madrugada 2 – Maria Madalena que está sempre presente, só ou acompanhada. Mas a ressurreição em Mt, Mc e Lc é anunciada por um ou dois (homens ou anjos) a diferentes mulheres, e, em Jo, é o próprio Jesus a apresentar-se como ressuscitado a Maria Madalena. Perante a disparidade das narrativas, concluiremos facilmente que não pode acreditar nelas quem exigir factos rigorosamente documentados.
Por outro lado, esta auto-ressurreição diferencia-se das outras narradas na Bíblia, porque Jesus aparece com um corpo que ora é material – “Mete a mão aqui no meu lado! (...) Partiu e comeu o pão” – ora espiritual ou glorioso, pois entra e sai sem abrir portas ou janelas... Diríamos, pois, que é uma ressurreição com as duas vertentes: a humana e a divina, aquela em ordem a ser visto e convincente, esta em ordem a subir ao Céu e ir para junto de seu Pai.
Acresce, no entanto, um grande problema de difícil solução, pergunta de resposta impossível: Sabendo Jesus da importância da sua ressurreição para fundamentar a religião nascente, cimentar a sua mensagem e dar-lhe credibilidade, sobretudo à sua vida eterna, como se limita a aparecer aos “seus”, primeiro a uma ou várias mulheres que o seguiram e, depois, aos apóstolos? Como é que, sendo divino e tudo sabendo, conhecendo portanto o impacto que teria sobre aquele povo e o mundo que viria a conhecê-Lo, não se apresentou ressuscitado aos seus algozes, judeus e Pôncio Pilatos, enfim, a todo o povo que o seguiu, o aclamou aquando da sua entrada em Jerusalém e, depois, gritou: “Crucifica-o! Crucifica-o!”? E teria sido um alvoroço enorme, em todo o Império Romano! Todo o mundo a converter-se à sua mensagem de fraternidade universal e à sua vida eterna. Os próprios algozes rendidos ao impensável! Atingindo plenamente os seus objectivos e os de seu Pai: a salvação de todo o Homem e logo a partir daquele momento! (Deixemos o problema de o Homem existir há cerca de 4 milhões de anos...) Qualquer pessoa sensata agiria de tal modo. Quanto mais o Filho de Deus!
Assim, para uns, a ressurreição de Jesus, a quem chamaram o Cristo, não é mistério nenhum. É uma pura encenação dos evangelhos. Para outros, não!
A Verdade, porém, é que nada do que se conta deste Jesus ressuscitado encerra suficiente verosimilhança ou merece credibilidade inquestionável.