À procura da
Verdade nas Cartas - 424/?
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“Alegrai-vos por terdes de passar por todo o tipo de provações, pois bem sabeis
que aprendeis a perseverar quando a vossa fé é posta à prova.” (Tg 1,2-3)
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Não será preferível perseverar sem provação? Quem nos poderá convencer de que o
sofrimento é necessário para alcançar a vida eterna? Se custa trabalhar, se
custa ter um filho, se custa levantar cedo, se custa suportar calores ou frios
ou… indesejáveis companhias e incompreensões, não aceitamos tais sofrimentos só
em função de um bem maior?
Aqui, a vida eterna (no Céu, entenda-se!) seria o maior de todos os bens.
Pena é que não tenhamos a certeza de que exista… Pior: temos a certeza de que não existe, simplesmente porque não cabe na categoria existencial
a que os humanos pertencem: a VIDA!
E o sofrimento que nos vem por acréscimo,
morte de ente querido, acidente dramático, doenças que nos destroem? – Aí, as religiões têm intervindo com máximas de purificação,
auto-domínio, expiação de culpas, outras que não as que originaram porventura
tais situações… Ora, como não temos alternativa, melhor mesmo é pensar que tiramos
algum partido para o Além da vida desse sofrimento, tornando-o, assim, mais suportável!
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“Não foi Deus que escolheu os que são pobres aos olhos do mundo, para os tornar
ricos na fé e herdeiros do Reino que Ele prometeu àqueles que O amam? (…) Ai de
vós, ricos! Tivestes na Terra uma vida de conforto e luxo; estais a ficar
gordos para o dia da matança. (…) Irmãos, sede pacientes pois a vinda do Senhor
está próxima.” (Tg 2,5; 5,1-8)
– Isto de dizer que foi Deus que escolheu os pobres é o elogio da pobreza ou o conforto para aqueles que não tendo nada de seu na Terra, herdarão o Reino dos Céus? Mas… para que condenar tanto os ricos? Não podem também eles amar o próximo e serem salvos? Ou todo o rico é-o por meios fraudulentos, roubando o seu próximo? – Se calhar!… Faz-nos obviamente lembrar o Jesus Cristo dizendo que é mais fácil um camelo entrar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus… E como nunca poderíamos meter um camelo pelo fundo de uma agulha… Mas não podemos deixar passar a total falsidade do herdar o Reino dos Céus, sendo-se pobre e sofredor nesta vida… Não sabemos onde estes "santos" religiosos foram buscar tal macabra ideia. Pior: continuam ainda hoje a pregá-la por essas igrejas fora, baseando-se exactamente neste e noutros textos da Bíblia, Bíblia que dizem - falsamente, também! - ser "palavra de Deus".
– Novamente, a vinda do Senhor que está próxima… E, afinal, inda estamos à espera que venha…
– Não
digais: «Amanhã, vamos fazer isto ou aquilo.» não sabendo vós se estareis vivos
amanhã. Dizei antes: «Se o Senhor quiser, faremos isto ou aquilo».” (Tg
4,13-15)
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É! De facto, “a vida é como a neblina que aparece por um instante e logo
desaparece!…” (Tg 4,14)
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Então… “Até amanhã, se Deus quiser”!… Se bem que todos sabemos que Deus nada
tem a ver com a nossa longevidade ou precocidade. Está tudo escrito não nas
estrelas – que também elas têm os dias contados! – mas no todo-poderoso ADN que
nos foi dado no acto da concepção. Tudo? – Não! Nós também dependemos da nossa
atitude perante a VIDA: somos o que comemos, o exercício que fazemos, as
amizades que alimentamos, o divertimento que causamos a nós e aos outros, o
sorriso que conseguimos perante as adversidades, o optimismo que apregoamos. E…
viveremos mais uns 10 ou 20 anos felizes e saudáveis até… cair para o lado,
porque não fomos feitos para viver para sempre!