domingo, 16 de fevereiro de 2020

De como da matéria inerte brotou a VIDA



Uma possível explicação (muito simplificada):

Pelo cálculo dos cientistas, baseados em fósseis, supõe-se que a vida tenha começado há cerca de 3.5 mil milhões de anos, quando a Terra já ia nos seus mil milhões de existência.
Foi, então, que se terá dado tamanho “milagre”: a matéria que, de si, é parada e inerte, começou a movimentar-se, a transformar-se, a desembocar em vida, vida que parece evoluir não se sabe até onde.
A Ciência não tem respostas definitivas, mas cientistas da área da Biologia e da Química têm feito várias tentativas para explicar como se formaram as primitivas moléculas orgânicas.
Primeiro, os elementos que constituem os seres vivos – carbono, oxigénio, hidrogénio, nitrogénio, fósforo e enxofre, além de outros elementos menos presentes como o cálcio, o ferro, o magnésio, o potássio – também constituem os não-vivos e, nestes, de algum modo se movem interagindo em reacções ora simples ora complexas.
Segundo, para fazer experiências, era preciso recuar aos tempos em que a Terra estava em efervescência, bombardeada por tempestades de raios e descargas eléctricas, gerando-se centelhas e radiação espacial, o que forneceria energia para que as moléculas dos compostos inorgânicos se unissem e formassem moléculas maiores e mais complexas: as primeiras moléculas orgânicas; estas teriam sido arrastadas para os mares primitivos onde, com temperaturas não muito elevadas, teria sido possível o seu desenvolvimento e replicação, numa espécie de sopa primitiva.
Esta teoria do russo Alexander Operin, 1936, foi testada em laboratório pelo americano Stanley Miller e pelo canadiano Hubert Reeves, na década de 50: colocaram, num balão de vidro, metano, amónia, hidrogénio e vapor de água, elementos que estariam presentes naqueles primórdios. Os elementos do balão foram sujeitos a aquecimento prolongado e atravessados constantemente por uma corrente eléctrica. Surpresa: ao fim de longo tempo, apareceram moléculas de aminoácidos. Os aminoácidos são compostos quaternários (carbono, hidrogénio, oxigénio e nitrogénio) que estão presentes nos seres vivos. Em 1957, o cientista Sidney Fox submeteu uma mistura de aminoácidos a aquecimento também prolongado e demonstrou que eles reagiram entre si, criando moléculas proteicas, moléculas que estão na origem de toda a vida.
Mais recentemente, já neste século, outros cientistas defenderam uma nova teoria, ao terem descoberto que o RNA (ácido ribonucleico) é capaz de armazenar informações e promover reacções metabólicas. Assim, o RNA seria o material genético que catalisou as reacções químicas nos primórdios, dando condições a que surgisse o primeiro ADN (ácido desoxirribonucleico) que constitui o genoma de qualquer ser vivo. Reforçando esta teoria, outros cientistas anunciaram que conseguiram criar os precursores do ácido ribonucleico (RNA) com os elementos existentes no início desta “aventura”, já acima referidos.
No entanto, há que dizer que estas não passam de hipóteses, ignorando-se como se terá desenrolado, ao certo, o processo. Que a VIDA parece ter sido fruto da evolução determinística dos elementos presentes em toda a matéria e energia de que somos feitos, como as estrelas, não haverá dúvidas. As dúvidas colocam-se ao nível do modo como tudo aconteceu.
Perante tão magna incerteza – e na “criação” do ADN vital de animais e plantas – há quem não abdique da intervenção de uma INTELIGÊNCIA SUPERIOR, TRANSCENDENTE que, tendo criado as condições da própria evolução da matéria, “aproveitou-se” delas para aquela “criação”, “criação” que, após os cerca de 3.5 mil milhões de anos, desembocou neste ser ainda tão imperfeito e tão problemático que é o HOMEM que leva apenas cerca de 4 milhões de anos de existência. Mas não esqueçamos: o Homem de hoje faz parte do ciclo inexorável da evolução. Por isso, a pergunta-mistério faz sentido: “Como será o Homem daqui, por exemplo, a mil milhões de anos?” Ou ainda: “Que outros tipos de vida haverá em outros planetas com idênticas condições às da Terra, planetas que, pela lei das probabilidades, existirão, incontáveis, sem dúvida, neste “nosso” Universo observável e nos infinitos pluriversos que existirão num Espaço também ele infinito? E como evoluíram e evoluem esses tipos de vida?”
Resta “definir”, em termos racionalmente aceitáveis, essa INTELIGÊNCIA TRANSCENDENTE. Defini-LA-íamos como O TODO ONDE TUDO SE INTEGRA, POR SER INFINITA, EXISTINDO DESDE SEMPRE E PARA SEMPRE, POR SER ETERNA. Assim, tudo o existente – matéria e energia – são manifestações d’ELA, bem como o próprio Tempo – uma categoria apenas existente para o que é efémero – e o próprio Espaço. Pelas nossas limitações intelectuais, não conseguimos apreender esta realidade, mas conseguimos ter a ideia bastante nítida do que ELA terá de ser. E até podemos chamá-la de DEUS, um Deus tão distante e tão perto, mas totalmente diverso dos das religiões que foram inventados pelo Homem à sua imagem e semelhança…
É por sermos partículas d'ELA, embora durante um pequeno lapso de tempo, que seremos eternos!

Para uma abordagem mais científica do assunto, pode consultar-se na NET: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422008000600054
No final deste post, referenciam-se mais de uma dezena de sites sobre o assunto.

7 comentários:

  1. Dada a complexidade e a quantidade de informação que há no ADN de um ser vivo - animal ou planta - logo na sua formação, de uma semente para as plantas, de 2 microscópicos elementos (M e F) na transmissão da vida de um animal, tal o Homem, custa a crer, racional e emocionalmente, que só a evolução tenha sido a responsável por tal maravilhosa realidade...

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  2. Meu caro, o que o sr tem é dúvidas e queria saber mais tal como eu. Mas há coisas que nunca vamos conseguir atingir. Uma coisa é certa (e o sr também acaba de o reconhecer) : isto não é fruto do acaso.

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  3. Certíssimo! Esta ideia exclui os ateus. Ficam os agnósticos e os crentes. Os crentes acreditam num Deus criado pelo Homem à sua imagem e semelhança. Os agnósticos - onde me situo - acreditam que terá de haver uma REALIDADE SUPREMA que seja a chave dos inúmeros problemas/mistérios que a Ciência jamais descobrirá: o que havia antes deste Universo; se há infinitos universos num espaço também ele infinito; que tipos de vida e que ADNs haverá em muitos outros planetas habitáveis em todos os universos existentes, etc., etc. Mas confesso-lhe: a existência desta ENTIDADE SUPREMA - inatingível pela nossa capacidade de conhecer - satisfaz-me racional e emocionalmente. É n'ELA que me sinto eterno, tendo feito parte do Tempo, nesta junção de átomos e moléculas que sou e que, partindo, deixarei de ser com esta individualidade. Para mim, isto é a beleza de ter vindo à VIDA!

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  4. “Os crentes acreditam num Deus criado pelo Homem à sua imagem e semelhança.”

    Meu caro, o sr sabe bem que tudo quanto o Homem faz, fica com a sua marca. E as religiões são respostas do Homem em busca de Deus. Têm a sua marca e são, portanto, criação dos homens . Mas não vale a pena o sr pôr-se de fora e dizer que não acredita em nenhuma religião, porque apresentam Deus à imagem e semelhança do Homem, porque o sr acaba por se declarar um crente, um crente da sua própria religião, algo indefinido, mas que é também à sua imagem e semelhança.




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  5. Gostei. Resta-me o consolo intelectual e emocional de ter sido eu a criar o meu Deus, melhor, a minha concepção de Deus, Deus que é, afinal, o de toda a gente e de todo o Universo!

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