segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 69/?

À procura da VERDADE no livro de JUDITE - 1/2

- “A obra foi escrita na Palestina, provavelmente nos meados do séc. II a.C.” 
(Introdução ao livro de Judite, ibidem). Ora, Nabucodonosor viveu entre 
632 e 562 a.C. Se “O livro de Judite” foi escrito no séc. II a.C., conta uma 
história com cerca de 400 anos. Verosímil? – Talvez!
- A narrativa começa com mais guerras, cheias de atrocidades e de 
extermínio total da terra por onde o invasor Nabucodonosor passava. Os 
judeus preparam-se para a defesa. Como? - Ocuparam lugares 
estratégicos, por um lado; por outro, “clamaram a uma só voz e com ardor 
para que o Deus de Israel não entregasse os seus filhos ao saque nem 
as suas mulheres ao exílio, nem à destruição as cidades que tinham 
herdado, nem o Templo à profanação e zombaria humilhantes das nações.” 
(Jt 4,12)
- E Javé vai ouvir os seus clamores. Não com milagres, como os de outrora, 
de separar as águas dos rios ou mares ou os de enviar os seus anjos a 
exterminar o inimigo pela calada da noite! Não! Desta vez, é… uma 
mulher! E que mulher! “(…) muito bonita e atraente (...), sábia (…), 
inteligente e de bom coração.” (Jt 8,7 e 29) E fala aos chefes do povo, 
com grande autoridade e… audácia: “O que hoje dissestes ao povo foi 
um erro. (…) Vós, que nunca entendestes nada, estais a pôr à prova o Senhor 
Todo-Poderoso.” (Jt 8,11-13)
- A sua oração ao Senhor apela à lógica da sua actuação, solicita inspiração 
na execução do seu ardil. Mas… teria de haver um senão: pela violação de 
uma rapariga israelita, são mortos ou vilipendiados os chefes, os seus 
servos, as suas mulheres e filhas e partilhados os seus despojos “em 
proveito dos filhos que (Tu, Javé) amavas.” (Jt 9,2-4). Uma enorme desproporção entre o crime praticado e a represália desencadeada. Coisas de Javé ou dos Homens?
- O texto revela a arte da escrita. Estava inspirado o autor sagrado. Por Deus… 
ou pela beleza das formas de Judite! Descrição pictórica: estamos a 
vê-la, descendo as escadas, nos seus belos trajes de “luces”, cabelos 
enfeitados, sentindo o seu perfume, de caro, abundante e… inebriante que 
era, a sair das muralhas da cidade, a conversar com os guardas inimigos, a 
entrar - corajosa e destemida! - na tenda do temível Holofernes e este, 
boquiaberto de espanto a pensar para consigo: “Que dádiva dos deuses, 
Santo Deus! Como poderei resistir-lhe?! Como poderei não a fazer 
frutificar no meu leito?!” Mas… é prudente. Que guerra é guerra! Então, 
vai calmamente ao encontro da “diva”. As palavras de Judite, lisonjeiras, 
astutas, matreiras,… encorajam o desejo, a lubricidade que amortece 
o temor de perder uma guerra considerada por Holofernes como vitória 
fácil e certa e sem perder um só homem. Então, que importa o que lhe 
peça a linda Judite? “De um extremo ao outro da Terra, não existe mulher 
tão bonita e que saiba falar tão bem. (…) Tu és bela e eloquente. Se fizeres 
o que me disseste, o teu Deus será o meu Deus, viverás no palácio do rei 
Nabucodonosor e serás famosa no mundo inteiro.” (Jt 11,21-23).


                                                         A bela e sensual Judite

-Três dias ainda Holofernes esperou. Mas, ao quarto dia, não aguentou 
mais. Propôs uma festa, um banquete onde Judite seria a convidada de 
honra. Depois, ficaria com ela, a sós, na sua tenda-hotel… “Então, Judite (…) 
enfeitou-se com as suas roupas e jóias. (…) Ao vê-la, Holofernes ficou 
arrebatado e a paixão agitou-o com o desejo violento de se unir a ela.” 
(Jt 12,15-16) (…) “Holofernes, entusiasmado com ela, bebeu muitíssimo 
vinho.” (Jt 12,20)
- E, com o muito vinho… se perdeu! E… em vez dos doces prazeres
do leito, teve a sua própria espada cortando-lhe o pescoço pelas mãos de 
uma mulher! E que mulher! “A mais bela mulher à face da Terra”!



                                               Caravaggio, pintor italiano, 1571-1610





1 comentário:

  1. Adeus, férias! Viva o trabalho! Recomeçamos, pois, a nossa saga de análise crítica da Bíblia, uma análise de crítica sui generis, já que não obedece a padrões consagrados, utilizando termos técnicos, mas pretende ser clara para se tornar acessível a todos, os mais e os menos cultos. Gostaria de mais comentários. Sobretudo, se não gostarem, digam. Prefiro o diálogo ao monólogo, o contraditório ao discurso possuindo supostamente a verdade.
    Boas entradas em mais um ano de actividade física e... mental!

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