quinta-feira, 2 de julho de 2015

Férias – Interregno

Férias – Interregno


Chegadas as férias, é tempo de descanso e descontracção.

Interrompamos, pois, a saga destas análises críticas da Bíblia, para 
darmos lugar ao ócio, ao lazer, ao jogo e convívio com os amigos, 
aos banhos de sol e de mar, ao comer e beber, embora frugalmente 
(não nos coibindo de algum exagero que nos dê prazer mas não nos 
estrague o resto das férias…), ao desporto qb conforme a idade, aos 
longos passeios pela floresta ou à beira-mar, ao deixar-nos levar até 
um descampado, em noite sem luar, longe dos barulhos e das luzes da 
cidade, para nos deliciarmos com a profundidade do firmamento onde 
pontuam biliões e biliões de estrelas,


ou, então, nocturnos, sentados à 
beira-mar, bebericando, gozarmos o luar de lua cheia reflectindo-se nas 
águas calmas, convidando ao mergulho…


O menos possível de televisão, o menos possível de notícias e jornais, 
o menos possível de civilização de que estamos nitidamente intoxicados 
e ainda menos de políticos e opinion-makers que sabem de tudo e não 
dizem nada, ocupando ocamente os nossos tempos livres, e nós a deixar 
que tal aconteça!…

Corpo livre de roupas supérfluas, cabeça livre de problemas insolúveis 
que nos afectam no dia-a-dia… Ao menos, nas férias, libertemo-nos, 
caramba!

Voltaremos em meados de Agosto. A vontade de escrever é sempre muita! 
Ficam, no entanto, para meditação/reflexão veraneante, ou simples 
divertimento intelectual, dois textos: 
“O Homem e as grandezas do Universo em números” e
“Quatro momentos Zen: um pouco de filosofia existencial” .

É óbvio o convite à leitura.

BOAS FÉRIAS!


O Homem e as grandezas do Universo em números


Que somos nós – o HOMEM - perante a realidade que nos cerca e que 
conhecemos pela Ciência?

Do átomo ao Universo conhecido:

- cerca de 7 octiliões (isto é: 7 seguido de 48 zeros!) – Os átomos que 
constituem um corpo humano de 70 Kgs.
- cerca de 100 mil milhões (100.000.000.000) – Os neurónios e suas 
sinapses que compõem o cérebro humano.
- cerca de 150 milhões (150.000.000) Kms – A distância da Terra ao 
Sol
- cerca de 6 mil milhões (6.000.000.000) Kms -  A distância de Plutão 
ao Sol, sendo Plutão o último astro conhecido a circular à volta do Sol
- cerca de 6 mil milhões a cerca de 135 mil milhões (contando com os 
astros periféricos) de Kms – O diâmetro do Sistema Solar (sendo o Sol 
uma estrela média da Galáxia Via Láctea)
- cerca de 200 mil milhões (200.000.000.000) – O número de estrelas que 
compõem a Via Láctea


Via Láctea
- 4,2 anos-luz (= 4,2 x 300.000Kms x 60s x 60m x 24h x 365d, ou seja, 
39.735.360.000.000 Kms) – A distância da estrela Próxima Centauri ao 
Sol (a mais próxima do Sistema Solar)
- cerca de 100.000 anos/luz – O diâmetro da Galáxia Via Láctea
- cerca de 2,5 milhões de (2.500.000) anos/luz – A distância da Via Láctea 
à Galáxia Andrómeda (a mais próxima)
- cerca de 400 mil milhões (400.000.000.000) – O número de estrelas que 
compõem a galáxia Andrómeda


Via Láctea e Andrómeda 
- Identificadas (e as descobertas continuarão por muitos anos…) pelo 
telescópio Hubbel:
            Milhares de galáxias
            Milhares de buracos negros
            Milhares de nebulosas onde se formam novas estrelas
            Inúmeros outros astros
            Planetas circundando outras estrelas (tudo levando a crer – é a lei 
das probabilidades! – que muitos deles conterão seres vivos, tendo ou não 
evoluído para seres inteligentes, como o Homem)

Mistérios que a Ciência, por incapacidade ou por fora do seu âmbito, 
não se atreve a resolver:

- O que havia antes de ter acontecido o Big Bang que se supõe ter dado 
origem a este Universo conhecido?
- Onde – ou em que parte do espaço vazio – existia a matéria original que 
explodiu naquele momento?
- Este Universo, em princípio, terá os limites da matéria que existia no 
núcleo inicial, matéria que se encontra em contínuo movimento; perpétuo 
ou limitado no tempo? E irá até onde? E obedecerá a um eterno retorno 
do mesmo ao mesmo através do diverso? Eternos Big Bang (expansão) e 
Big Crunch (contracção)?
- Falando de espaço, falamos de algo limitado por um fim. Mas se falarmos 
de vazio, haverá um fim para o vazio?
- Que Universos haverá para além deste conhecido ou identificado pela 
Ciência? Estaremos a falar de Infinito e de Eterno, isto é, sem princípio 
nem fim, sem tempo nem espaço, ou seja, um vazio infinito onde 
eternamente se fazem e desfazem universos, havendo apenas Tempo para 
os seres que começam e se acabam, depois de um certo tempo, da libélula 
(1 dia) às estrelas (10 mil milhões de anos)?

Ora, apesar de inteligentes e com capacidades de abstracção, não 
conseguimos abarcar nem as distâncias nem os números astronómicos 
deste universo conhecido. Muito menos temos respostas para qualquer 
daquelas perguntas/mistério que a Ciência nem sequer pretende abordar, 
sendo o seu âmbito de pesquisa o visível, seja de que modo for.

ENTÃO, AINDA NOS ACHAMOS IMPORTANTES E SENHORES 
DA TERRA E DO CÉU?
NÃO SOMOS APENAS UM PARAFUSINHO NESTA FANTÁSTICA 
ENGRENAGEM, E… POR UM CURTO ESPAÇO DE TEMPO, 
HABITANDO UM DADO LUGAR?

No entanto, somos grandes, não pelos biliões de biliões de átomos de que 
somos feitos, mas por pertencermos à raça humana que conseguiu criar a 
Ciência, Ciência que nos permite ter todo este conhecimento. De resto, 
somos, na realidade, um minúsculo ponto no Planeta Terra, Terra que é 
pequeno astro no Sistema solar, Sol que é um ponto luminoso entre biliões 
de outros na Galáxia, Galáxia que é um ponto no Universo conhecido, 
Universo de que se supõe conhecer-se apenas 4 a 5%, ou seja, a matéria 
luminosa, sendo a matéria escura os outros 95 a 96%, e Universo que 
poderá ser apenas um ponto no imenso – INFINITO! – espaço vazio, onde 
toda a saga da matéria/energia se desenrola, sem que lhe possamos 
conhecer nem o princípio, nem o fim e, por isso, INFINITO!

Perante tamanha VERDADE, resta-nos o ASSOMBRO e… o SORRISO!



Quatro momentos ZEN ou de… 
reflexão filosófico-existencial

MOMENTO 1

– No sofá! Sofá do descanso, da leitura, do ouvir música, do ver televisão! 
Neste momento, nem livros, nem televisão; apenas, um suave fundo musical, 
convidativo ao relax total. Fecho os olhos. Rumo ao futuro. Próximo ou 
longínquo, não importa. Mas é um futuro absolutamente certo; 
absolutamente verdadeiro, inexoravelmente verdadeiro: dentro de dez, vinte, 
trinta – mil anos que sejam! – este lugar que ocupo e onde descanso, 
leio, ouço música e vejo televisão, e onde se podem entrelaçar mãos e até 
fazer amor…, este lugar estará vazio de mim, e ocupado ou não por alguém 
que dele tomou a posse. Eu… fui! Já não sou! Agora, ainda importo, ainda 
me importo, ainda valho, ainda amo e sou amado, lembro e sou lembrado. 
Depois, nada de lembranças restará! Tudo, cedo ou tarde, se perderá 
no esquecimento. Como pertencem ao esquecimento todos os que nos 
antecederam e que, de vez em quando, lembramos porque ainda deles sentimos 
os genes. Nada mais! É que cada um tem a sua vida para viver! E realmente 
aquele que importa é o que ainda está presente. Vai-se: e a sua ausência – 
que sabemos para sempre! – apenas será sentida um certo tempo: o chorar 
uma perda também cansa e em nada ajuda ao gozar a luz que a cada manhã 
se levanta para iluminar o corpo e aquecer a alma dos vivos...



Então…, olhos fechados! Em relax total! Sentindo como se já o nosso 
lugar estivesse vazio e nós em outro lugar, o tal lugar do mistério! É 
bom saborear esta ausência ainda presente! Longamente!

MOMENTO 2
- Eu! À noite, antes de adormecer. O turbilhão dos acontecimentos do 
dia provoca-me insónias, insistindo em manter-me os sentidos acordados 
quando as pálpebras já se fecham, de cansadas. Concentro-me. Concentro 
a mente no relax do meu corpo, subindo dos pés, lentamente, ao ventre, 
ao peito onde bate suavemente o coração (ah, quão poucas vezes nos 
lembramos que temos um coração e é por ele que vivemos e somos e…!), 
depois, ao rosto, onde a descontracção obedece ao descair do queixo, 
ao desfranzir da testa e das maçãs macias, enfim, à fronte. Aí chegada, 
a mente sai, liberta-se, voa pelo espaço, até ao infinito, por lá se perdendo, 
mas sempre caminhando lentamente, de estrela em estrela, até não ser 
capaz de ir mais longe do que aquela última tão brilhante que contemplei, 
faz tempo, no céu profundo e escuro. Há quanto tempo foi? Quando foi 
que olhei, pela última vez, o céu e as estrelas?
E, sem me dar conta, um sono profundo tomou conta de todos os sentidos, 
mergulhando-me no mundo dos sonhos… Bom!...


MOMENTO 3
Num qualquer lugar. Olha as tuas mãos! Ainda roliças e cheias de energia – 
ou já nem tanto… – certamente com muitas histórias de obras feitas para 
contar, tendo semeado carícias, tocado sentimentos, apertado sorrisos… 
Mas, no tal futuro, nada delas restará. Apenas pó, cinza, um quase nada de 
átomos que um dia foram vida…
Por deprimente, afastemos este momento da nossa mente. Mas, se dele 
quisermos tirar proveito, com um beijo no vazio, ou nas mesmas mãos, 
roliças ou já nem tanto…, relaxemos e ponhamos todas as preocupações no 
seu devido lugar. É que, depois disto, queiramos ou não…, é o NADA – ou 
o tal NADA que é TUDO – que nos espera!


A VIDA! A vida é mesmo para se saborear, sorrindo, beijando, olhando 
toda a beleza que nos circunda, das flores às estrelas, numa 
fantasmagoria de luz e cor… infindável. É que não teremos outra 
oportunidade: só esta nos foi dada!



2015 - ANO INTERNACIONAL DA LUZ


ÚLTIMO MOMENTO  (Este, um pouco menos ZEN!)
- Numa conferência com pretensões a debater Ciência. E chamam-se para 
cima da mesa, os conceitos de: Imanência e Transcendência, Física e 
Metafísica, Matéria e Espírito, Humano e Divino, Temporal e Eterno, 
Finito e Infinito, Natural e Sobrenatural.
Inicia-se o debate. De um lado, a Teologia; do outro, a Filosofia. Uma, 
insistindo, sem quaisquer provas credíveis, mas arrogante, como detentora 
da Verdade – Verdades absolutas! – na Transcendência, na Metafísica, 
na Espiritualidade, na Divindade, na Eternidade, no Infinito, no 
Sobrenatural, tudo envolvendo no Mistério, fruto da fantasia, da imaginação, 
da loucura inventiva de uns quantos ditos iluminados; a outra, com os pés 
bem assentes na Terra, no concreto, na experimentação, na Ciência, 
na dúvida metódica, na humildade de poder sempre tudo questionar e 
pôr à prova…, abraçando os conceitos de Imanência, Física, Matéria, 
Humano, Temporal, Finito, Natural.
Ao ouvinte, curioso, crítico, sorriso mordaz, a Teologia aparece-lhe 
como uma amálgama desprezível, exactamente porque, ao aceitar como 
Verdades dogmas e mistérios, despreza sobranceiramente a Ciência e 
o método científico da experimentação, único válido para quem é 
intelectualmente honesto; mas o mesmo ouvinte sorri, glorioso, à Filosofia 
crítica, por não confundir espiritualidade ou capacidade de abstracção – 
o que é timbre da nossa inteligência – com a religiosidade que apregoa 
e se funda na suposta existência de um mundo transcendente, metafísico, 
divino, sobrenatural, tendo-se apropriado dos conceitos de infinito e eterno, 
conceitos que pertencem ao domínio da abstracção, sendo um bom exemplo, 
para o Infinito, o das duas rectas paralelas que passam à nossa frente e se 
prolongam para um e outro lado, perdendo-se exactamente no infinito; se 
quisermos, um infinito, em todas as direcções, havendo apenas Tempo para 
tudo o que começa, pois, se começa, num dado momento, noutro forçosamente 
irá acabar. Tal como nós! Tal como as estrelas!...
Ah…, deixemo-nos perder nas estrelas! Aí, todos aqueles conceitos se 
desfazem perante o deslumbramento do inatingível…




Corolário:
Temos mais uma certeza absoluta: se a eternidade realmente existe, e existe 
com aquele mundo fantasmagórico de céus e infernos criado pelas religiões, 
tudo isso existirá tanto para crentes como para não crentes. Nada adianta 
andarmos a bater com a mão no peito perante um deus qualquer com o qual 
nos acenaram quando éramos crianças. E já não somos crianças…


6 comentários:

  1. SINCERAMENTE adoro ler tudo que diga, ou pretenda dizer, a verdade sobre o universo. No meu entender, o universo tem que ser mesmo infinito. Sou contra toda e qualquer religião. Não me venham com aquelas de que quando travejava : È um sinal de que Deus está zangado contigo, porque te portaste mal e outra que se ouve a toda a hora e em qualquer lugar " boa noite, até amanhã, se Deus quiser". As pessoas não põem os seus cérebros a raciocinar e vamos todos respeitar as nossas tradições, nada de contrariar os nossos antepassados... Tenho um texto com o que entendo ser "O que há para além da morte? Claro que não há nada. Os meus elogios e muito obrigado.

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    1. Se possivel, agradeço que comente o meu comentário.

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    2. Caro António de Sousa,
      Para mim - que sou racionalista e pouco emocional - tenho como certo que as religiões e seus deuses são todas criações dos Homens, sem qualquer fundamento credível, situando-se ao nível da Fé. E, neste nível, cada um tem a liberdade de acreditar naquilo que quiser, embora condicionado - às vezes, fortemente - pelas tradições, educação, transmissão de crenças, sem se fazer a devida crítica das "certezas" com que nos acenam em igrejas e tertúlias religiosas. Tenho também outra certeza: é que as respostas às dúvidas do Homem estarão muito mais na Ciência que estuda o Universo, Universo que nos dá a verdadeira dimensão do que realmente somos: um pequeno ponto de matéria animada que um dia começou e noutro irá forçosamente acabar, no eterno rodar das partículas de matéria que ora se actualizam de uma forma ora de outra. Nisso, creio que estamos em sintonia.
      Abraço e até sempre, aqui no blog.

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  2. Meu nome completo "ANTÓNIO DE SOUSA FELÍCIO"

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  3. CARO PROFESSOR Francisco Domingues: Só pelo facto de ter a gentileza de me responder,os meus melhores agradecimentos. Li tudo o que escreveu nos seus blogs e estou totalmente de acordo. Desta forma, não quero que perca mais tempo comigo. Desejo-lhe muita saúde e muitos sucessos.
    Um abraço e também até sempre.

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  4. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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