segunda-feira, 14 de novembro de 2011

“Quem foi (é) Jesus Cristo?” – 6

Cristo ressuscitado, que realidade teria? Já nos debruçámos aqui sobre a “verdade”-base do cristianismo – a ressurreição de Jesus – mas vale a pena voltar ao assunto, pela sua magna importância. Lá dizia Paulo: “Se ele não ressuscitou, é vã a nossa Fé”. Afinal, que corpo tinha o Jesus ressuscitado, logo mitificado em Cristo? As várias narrativas dos evangelhos – que, como atrás dissemos, não só não são coincidentes como são contraditórias, sobretudo nas personagens envolvidas – apresentam-nos um ressuscitado como se fora fantasma: caminha ao lado dos discípulos de Emaús, fala com eles e eles só o reconhecem quando desaparece da sua vista; aparece aos apóstolos estando eles trancados no cenáculo, com Tomé ausente, passando, portanto, pelas paredes, come com eles e aqueles só o reconhecem no partir do pão, evaporando-se de seguida; aparece-lhes ainda quando já estava Tomé, de igual modo, e convida Tomé a meter a mão no seu lado do peito ferido pela lança do soldado romano, depois o dedo nos buracos dos pés e das mãos feitos pelos cravos com que fora pregado (pregos talvez inventados, pois o costume era atarem os condenados e não os pregarem aos madeiros), rematando: “Não sejas incrédulo mas fiel! Tu acreditaste, Tomé, porque viste e sentiste; benditos aqueles que, não vendo, acreditarem.” Será verdadeira esta frase? Agora, saltam as perguntas: “Com que boca falava e com que língua articulava as palavras? Com que dentes mastigava e que aparelho digestivo recebia a comida deglutida? Se era um corpo glorioso – ou de outra dimensão, como alguns iluminados dizem – como exercia funções próprias de um corpo de carne e osso? Se entrava e saía com portas e janelas trancadas, qual a sua realidade: real ou virtual? Puramente fantasma? Que corpo foi aquele que Tomé sentiu, metendo a mão na ferida do peito e os dedos nos buracos de pés e mãos? Ferida e buracos ainda sangrando ou já cicatrizados?” Aliás, a mesma incongruência ou a mesma realidade-fantasma acontece com a sua aparição a Maria Madalena, logo ali ao lado do sepulcro, bem como às outras mulheres. Então, facilmente concluímos que palavras que disse, alimentos que comeu, gestos que fez tudo não passou de imaginação dos que estavam presentes, de algum modo alienados por alguma razão desconhecida da História. Mas que tudo o que é narrado como tendo acontecido não aconteceu mesmo, disso não podem restar dúvidas, sobretudo para quem gosta de pensar e de analisar as questões de facto, todos os que – sem ofensa para os crentes! – primam pela honestidade intelectual nesta análise. Valerá a pena tirar conclusões? Valerá a pena dizer que Paulo, se assumisse esta honestidade intelectual, teria sido levado a desmantelar toda a sua cristologia, ficando sem argumentos perante as comunidades que havia fundado baseadas na fé de um Cristo ressuscitado? O que é certo é que esta “Verdade-fantasma” propagou-se de tal modo que hoje aí a temos, viva numa Igreja que pura e simplesmente rejeita qualquer discussão acerca do assunto, colmatando qualquer abordagem com uma afirmação também fantasma: “Cristo ressuscitou e não se fala mais nisso! Verdade inquestionável!...”

4 comentários:

  1. Olá, Evanir! Muito gosto em vê-la e ouvi-la por estas paragens da Ciência! Obrigado pela amizade, o amor, a ternura! Brevemente, falaremos, aqui, dos amores e das ternuras de Jesus, dito o Cristo, com excertos de um livro meu ainda inédito: "Quem me chamou Jesus Cristo?".
    Cordiais saudações!

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  2. Oh, meu caro, pede-me um comentário para este seu texto?!... Para quê comentar estas suas lucubrações académicas! Isto é o mesmo que descobrir o sexo dos anjos… O sr já o descobriu? Mas continue na sua pista, continue que não sairá do seu próprio labirinto…
    A sua retórica e exercícios intelectuais lá terão algum impacto, mas apenas nalguns incautos. De qualquer modo, continuarei a ler as suas análises, venda de banha da cobra (que são sempre coisa melhor do que pensar na morte da bezerra …) e, quando vir algo de novo, darei sinal.
    Obrigado

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  3. O meu caro Cisfranco, continua deliciando-se em acusar-me disto e daquilo sem dar uma pequena resposta que seja às questões que aqui se levantam. Refugia-se numa fé que não quer dialogar mas apenas destruir sem provas? Não quer mesmo encarar o óbvio à luz da razão e não à luz de uma Fé aprendida nos bancos da catequese, Fé essa incontestável por toda a Bíblia ser "Palavra de Deus"? É lá consigo! Chama "lucubrações académicas" a factos que exigem uma resposta? A propósito de anjos, sabe que também são criações da imaginação de certos "inspirados" que um dia prescrutaram os céus e seus enigmas? Eu não escrevo para "incautos" mas para os que, comigo, quiserem reflectir na busca incessante da Verdade da Vida! Afinal, estamos todos no mesmo barco e, se houver eternidade e um Céu com Deus nele ou um Inferno com os seus diabos, tanto os haverá para o amigo que neles acredita como para mim que tenho fortes dúvidas sobre a sua existência... Também não faço retórica e muito menos "vendo banha da cobra" (termo feio...) mas procuro dignificar a essência da pessoa humana que é a sua RAZÃO.

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  4. Eu que sou apenas um simples operário emigrante na Holanda desde 1964 e já velhote(87anos)mas que sou ateu desde que li os Sermões da Montanha de Tomaz da Fonseca,um livro que era proibido em Portugal e que me foi emprestado por um
    ex-prisioneiro da Pide,deixo aqui o meu aplauso para Francisco Domingues pela sua nobre missão de esclarecer
    os leitores àcerca das patranhas da biblico-judaico-cristã
    Religião.E ao mesmo tempo digo que é incorrecta a forma como Cisfranco contesta,ofendendo em vez de usar argumento
    racional.

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