segunda-feira, 24 de outubro de 2011

“Quem foi (é) Jesus Cristo?” - 3

Uma biografia de Jesus, claro que não é possível. Do que se disse no colóquio referido em 1, nada foi relevante. Aliás, tudo o que é polémico acerca do seu nascimento (narrativa de Lucas), aparecimento no Templo aos doze anos, desaparecimento até aos anos 30, foi evitado ou “atirado” para o mistério. Restou a sua vida pública cuja fonte são os evangelhos que, como veremos, ou como já é comummente aceite pelos teólogos, não podem ser considerados históricos ou totalmente históricos. Quando acabarmos de comentar o anunciado, começaremos a publicar aqui partes do meu livro ainda inédito: “Quem me chamou Jesus Cristo? O Menino Jesus existiu?”, onde a personagem que fala é o próprio Jesus. Costuma dizer-se de Jesus, com grande grau de verdade, que, como judeu, foi: 1 – um pregador religioso contra o status quo vigente no tempo 2 – um profeta escatológico, pregando, portanto, o fim dos tempos, na linha de João Baptista de quem terá sido discípulo, por ele baptizado, e se terá sentido o seguidor ou continuador após a morte deste por Herodes. 3 – um sábio curandeiro, fazendo muitos “milagres” (curas) e um mestre de moral 4 – um bom “social”, gostando de comer em comunidade e partilha, tanto com ricos como com pobres 5 – um homem de conflitos, pregando a fraternidade universal, onde os senhores não seriam mais que os seus escravos 6 – um homem que se convenceu não só dos fins dos tempos que pregou mas também se sentiu Messias, o Enviado de Deus para salvar o povo de Israel. No entanto, foi um homem ignorado pelos do seu tempo, não havendo a ele qualquer referência digna de crédito (há duas ou três frases comprovadamente pseudográficas, i.é., acrescentadas ao original talvez no séc. IV) nos dois maiores historiadores da época: Flávio Josefo e Fílon de Alexandria. Mas o grande problema não é a sua existência, facilmente aceite, mas exactamente a sua passagem a Jesus Cristo, Filho de Deus,Unigénito, Consubstancial ao Pai. Esta passagem acontece naqueles cerca de vinte anos que medeiam entre a sua morte e os escritos de Paulo, depois secundados pelos evangelhos. Ocupar-nos-emos desse tempo, no próximo texto.

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