segunda-feira, 18 de abril de 2011

O Deus das religiões conhecidas não pode existir (5/6)

Que Deus-Pai, o de Jesus Cristo!
Jesus, pondo de parte o carácter sanguinolento e violento de Javé do AT – assunto que ignora completamente, segundo transpira dos evangelhos que, como sabemos, pouca credibilidade histórica nos merecem, visto terem sido escritos não como documento histórico, mas como manifesto-base da religião nascente – faz do seu Deus o seu “Pai que estais no Céu”, misericordioso e pronto a perdoar os pecados dos Homens arrependidos, sentado majestaticamente lá em cima no Céu, servido de anjos e arcanjos, louvado por santos que, mesmo não sabendo cantar – invenção romântica minha! – entoavam hossanas sem cessar..., Pai esperando todo o ser humano que tendo tido vida santa na Terra iria para o pé dele, após a morte, por toda a eternidade sem fim, amen!... Isto, após um enigmático Juízo Final onde diria aos bons: “Vinde para a minha direita!” E aos maus: “Ide para as profundezas dos Infernos fazer companhia aos demónios para todo o sempre”!
Mas é um Pai, no mínimo, estranho! E, aqui, entroncamos num assunto da máxima importância para o cristianismo: Deus ter um Filho e submetê-lo ao vexame da tortura seguida da morte de cruz, tudo contra a sua vontade, sendo ele, segundo a enigmática teologia da Igreja, um só com o Pai: “Pai, se é possível afasta de mim este cálice, mas faça-se a tua vontade e não a minha”, fazendo-o um Cristo sofredor, como cordeiro imolado, para que se cumprissem as Escrituras. Um Deus-Pai que tal fez não só caiu no ridículo como se tornou, obviamente, impossível! Então, não tinha, na sua infinita sabedoria melhor para oferecer a seu único Filho do que uma morte e morte de cruz, contra a sua vontade? E se era uno com o Pai, havia entre eles duas vontades antagónicas? As Escrituras (escritas, como sabemos, sem qualquer intervenção de Deus e nas quais se podem encontrar argumentos para quase tudo...) eram assim tão potentes que Lhe impunham tal decisão? Onde, afinal, esteve a Misericórdia deste Pai de J.C.? Só no meio de um povo afectado pelo síndroma da ocupação romana, sequioso de um Messias que o viesse libertar, poderia conceber-se tal aberração: é que, como a libertação política real era impossível, restava a libertação espiritual com a criação de um Rei com um Reino que “não era deste mundo”... E é pena! Pois quem não quisera poder acreditar no misericordioso Pai de J.C., com o seu Céu, os seus anjos, a sua eternidade? Quem?
O Cristo crucificado mereceria todo um texto! Mas basta dizer o quão deprimente é esse crucifixo, símbolo das religiões cristãs, que pontifica em todas as igrejas e ao peito de todos os monges e reverendos, o do papa, obviamente, de oiro, o dos pobres, de madeira ou ferro! Pobre Cristo! Como deturparam a tua real mensagem de amor ao próximo e de fraternidade universal! Como te fizeram triste e inútil e estático sem nada poderes fazer em tantos nichos e altares, além de anunciares o teu sofrimento!... Como terias sido muito mais humano se não te tivessem feito Cristo e Cristo sofredor!...
Da tua suposta ressurreição falaremos no próximo texto. Então, até lá e Boa Páscoa!

2 comentários:

  1. Antes de debruçar-me sobre o tema desta série de textos, gostaria de pedir-lhe a gentileza de informar-me se ainda falta alguma página mais, pois este refere a página 5 de 6. Obrigada.

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  2. Tive de interromper a leitura dos seus textos, Francisco, para preparar - e tirar disso partido - o meu almoço.
    Retomando o fio à meada ...
    ..."O Cristo crucificado mereceria todo um texto! Mas basta dizer o quão deprimente é esse crucifixo, símbolo das religiões cristãs, que pontifica em todas as igrejas e ao peito de todos os monges e reverendos, o do papa, obviamente, de oiro, o dos pobres, de madeira ou ferro!"
    Na minha página, www.marialetra.com (ou mesmo no blogspot), em "Caminhos de Cristal", editei o meu 1.º texto, intitulado "I.Anima Mea - Reflexões sobre a minha Infância", onde refiro, exatamente, a cruz de Cristo que estava dependurada na sala de aula que frequentava, na escola primária onde estudei, em Coimbra.
    Não uso em mim qualquer cruz e tenho um magnífico quadro pintado sobre o tema que mantenho guardado exatamente porque não sei onde estará a razão pela qual devemos ter essa horrenda cena a martelar a nossa sensibilidade. Estarei errada na opinião de muitos, mas cada um controla a sua sensibilidade como mais lhe convém e eu não sou mazoquista. Já me bastam factos reais que, todos os dias, a ferem e muito!

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