À procura da Verdade nas Cartas de Paulo
–
Parece que Paulo não conseguiu enquadrar-se totalmente entre a Lei mosaica – pois
era defendida acerrimamente pelos judeus e suas autoridades, judeus que mataram
Jesus Cristo (1Tm 2,15) e perseguem Paulo por anunciar Cristo ressuscitado – e
o Evangelho que aqui “casa” com a Lei…
….A
Lei também foi problema para Jesus Cristo. Lembremos a polémica com os sacerdotes
por causa do sábado e também o capítulo 5 de Mateus: “Não vim abolir a Lei e os
Profetas mas dar-lhe pleno cumprimento” (5,17) E logo a seguir, em flagrante
contradição, opõe o adultério real ao adultério em pensamento (5,27-28), o
divórcio permitido à condição de adultério (5,31-32), o juramento em nome de
Deus a juramento nenhum (5,33-37), o “olho por olho, dente por dente” ao
oferecer a face esquerda a quem tiver batido na direita (5,38-40), o amar ao
próximo e odiar o inimigo ao… amor aos inimigos (5,43-48)…
Também aqui considera Paulo os homossexuais
ao nível dos pecadores e ímpios. Se cá viesse hoje teria uma desagradável
surpresa. Mas, ao longo da História, esta sua intervenção contribuiu para que
muitos destes fossem condenados à fogueira, quando, afinal, não são pecadores
mas apenas fruto de uma anormalidade da Natureza, ao distribuir mal os
androgénios, tendo-lhes cabido em sorte o suportarem tal anormalidade e durante toda a vida…
– Onde
Paulo não foi realmente “feliz” foi com… as mulheres! Quando fala delas, não
consegue deixar de ser tremendamente machista… “Durante a instrução, a mulher
deve ficar em silêncio, com toda a submissão. Eu não permito que a mulher
ensine ou domine o homem. Portanto, que ela permaneça em silêncio. Porque
primeiro foi formado Adão, depois Eva. E não foi Adão que foi seduzido, mas a
mulher que, seduzida, pecou.” (1Tm 2,11-14)
– Que
pensariam as mulheres de então, desta arrogância machista? Que poderão pensar
as mulheres de hoje? Não lhe dão importância? Dizem que tal atitude foi fruto
da época em que Paulo viveu? Mas… isto de uma religião, revelada por Deus…
andar ao sabor das correntes da História não lhe retira credibilidade? Ou – e
já nos repetindo – damos importância àquilo que ainda não passou de moda,
historicamente, e não damos àquilo que já passou à História?