As difíceis relações entre Ciência e Fé
No entanto, há inúmeras
referências nos evangelhos, atribuídas a Jesus, sobre os Céus, o Alto, o Lá em
cima, o Paraíso, etc., por oposição ao Cá em baixo – a Terra – e aos Ad infera (subterrâneos) – o Inferno,
terminologia ainda hoje usada e nunca explicada.
Em tais referências, Jesus
não manifesta possuir quaisquer conhecimentos sobre as realidades que a
Astronomia já lhe desvendara, nas civilizações do seu tempo, e nos desvendou, posteriormente, acerca do Universo e do lugar que a Terra nele
ocupa.
De um ponto de vista
meramente religioso-crítico, é pelo menos estranha tal lacuna em Jesus, Jesus que
se teve (e os seus seguidores continuam a ter!) por Filho de Deus, por isso,
omnisciente e conhecedor de tais realidades que bem poderia ter revelado e
explicado, não levando os seus ouvintes (e actuais crentes) a acreditar que
toda a saga divina – Paraíso, Deus no seu trono, anjos e santos… – se passasse/passa
lá em cima, para lá das nuvens…, para onde iriam/vão os mortos depois de
ressuscitados. Lindo, mas… completamente irreal e fantasmagórico: o "Lá em cima" é apenas Espaço e…nada mais!
Pelo muito que já conhecemos
deste Universo visível, e ao qual pertencemos, pouco ou nada sabendo da sua
parte invisível, porque negra, presumindo-se que represente 95% de toda a
matéria energizada que o compõe, poderemos concluir com algum grau de certeza:
1 – Este Universo, tido como originado
no Big Bang, dadas as suas colossais dimensões que lobrigamos mas não
conseguimos delimitar, mesmo com as unidades de medida de distâncias, em
anos-luz e parsecs, terá tido início numa espécie de bola de matéria energizada
compacta de milhares de milhões de biliões de kms de diâmetro. Só assim se
compreendem as colossais dimensões já percepcionadas.
2 – Essa bola estaria num
qualquer ponto do Espaço, Espaço que tudo leva a crer que seja infinito, i.é,
sem princípio nem fim.
3 – O Big Bang só se entende
numa relação dinâmica de Big Bang / Big Crunch, processada de milhares de
milhões de biliões a milhares de milhões de biliões de anos. Neste momento,
percepcionamos que este Universo visível terá cerca de 15 mil milhões de anos
de existência. Estando a matéria energizada que o compõe em afastamento
contínuo, estrelas de estrelas, galáxias de galáxias, haverá inevitavelmente um
momento em que a expansão atinge o seu ponto de retorno, regredindo-se então até
ao Big Crunch, originando-se, quando atingido, um novo Big Bang, numa dinâmica
eternamente repetida, nada de energia e matéria se perdendo mas tudo se
transformando…
4 – Todo o Universo conhecido
parece ser regido por uma força invisível, quase diríamos “divina”, mas real
porque bem sentida: a GRAVIDADE. É uma força de duplo sentido –
atracção/repulsa – que faz com que os astros se mantenham em equilíbrio,
circulem à volta uns (os mais pequenos) dos outros (os maiores), tudo parecendo
movimentar-se em perfeita harmonia. Lembremos que é a gravidade que nos faz
trazer os pés bem assentes na terra… Os físicos identificam outros tipos de forças mas aquela será porventura a mais importante.
5 – Muitos outros Universos
haverá no Espaço Infinito. Quantos? – Se não sabemos se os há, quanto mais saber
quantos. Só deduzimos que haver infinitos Universos é conceito que não cabe nas
nossas intelectuais percepções. Mesmo que se considere infinito o Espaço em que
se movem e se perpetuam, a matéria que os compõem é forçosamente mensurável,
logo, limitada, logo, finita.
6 – Haverá, sem qualquer
dúvida, neste e nos outros hipotéticos Universos, inúmeros planetas semelhantes
ao Planeta Terra, onde existirá VIDA e até seres inteligentes, talvez muito
mais inteligentes que nós! Mas, dadas as distâncias entre estrelas e galáxias,
duvidamos fortemente que algum dia sejam contactáveis. Mesmo por ondas rádio ou
electromagnéticas. Muito menos acessíveis fisicamente: nós, feitos de matéria
pesada, nunca poderemos deslocar-nos à velocidade da Luz, velocidade aliás insuficiente para atingir pontos distantes no Universo! Assim, a Terra, como
apareceu com o Sistema Solar, há cerca de 5 mil milhões de anos, assim
desaparecerá quando esse Sistema deixar de existir, presume-se que daqui a
outros 5 mil milhões. E com ela, toda a vida desaparecerá
para sempre. E será como se nunca tivesse existido, integrando-se o que restar
da Terra num ciclo completamente novo. Aliás, a Terra nada representa para o Universo,
limitando-se a ser um pontinho azul perdido na ponta da espiral de uma dos
milhares de milhões de galáxias que nele pululam, a Galáxia Via Láctea.
Enfim, e como apontamento
filosófico-existencial, cada um de nós nada representa nem para a Terra nem
para o Universo. Não tivéssemos existido e tudo se passaria de igual modo. Ou
quase! Pior: tudo continuará a existir e a evoluir de igual modo, depois que
nos formos. E… vamo-nos inexoravelmente e… para sempre!
RESTA-NOS, NO ENTANTO, O
SORRISO, UM GRANDE SORRISO POR SERMOS CAPAZES DE PENSAR TUDO ISTO E
DELEITAR-NOS COM TÃO ESTRANHA BELEZA, COM TÃO INSONDÁVEIS MISTÉRIOS!
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