quarta-feira, 31 de outubro de 2018

A VIDA: milagre, drama ou comédia?



 Os objectivos da vida de um ser humano

A propósito do feriado religioso de 1 de Novembro, para evocar santos e mortos, falemos não da morte mas da… VIDA!

Nota importante: Se és pessimista ou com tendência para a depressão, não leias o que se segue. Limita-te a sorrir à Vida, este dom gratuito que recebeste e que nunca mais se repetirá para ti. Por isso, “carpe diem!”, vive cada momento da tua vida o mais intensamente que puderes, mesmo… dormindo! E isso te bastará…

Situemo-nos para uma boa análise:
A VIDA apareceu na Terra – tendo-se dado as condições necessárias para que tal “milagre” acontecesse – há cerca de 3.5 mil milhões de anos, com as primeiras bactérias a multiplicarem-se nas lagunas aquecidas pelo Sol, após um longo processo de transformação de matéria inorgânica (hidrogénio + metano + amónia + vapor de água) em aminoácidos ou moléculas orgânicas. O ser humano aparece, nesta saga evolutiva, a um dado momento do Tempo recente: apenas há cerca de 4 milhões de anos.
Mas se a VIDA apareceu na Terra, devido às condições óptimas de calor e humidade que a proporcionaram, ela deverá ter aparecido e deverá existir em muitos outros sistemas solares semelhantes ao nosso, neste Universo conhecido. (O muitíssimo que ainda há de desconhecido nele e, sobretudo, para além dele, é mistério, podendo-se supor infinito e eterno, confundindo-se com o próprio Deus, numa concepção metafísica.)
O que sabemos é que a saga da VIDA se passa num universo de matéria e energia, universo em que tudo está em movimento, tudo se transformando, nada se perdendo, havendo um aparente – ou real? – eterno retorno do mesmo ao mesmo através do diverso.
Todos os seres, vivos e não vivos, tal como as bactérias ou as estrelas, que se iniciam no Tempo, integram-se nesse movimento de eterno retorno ou, melhor, de eterna transformação.
É nesta realidade inquestionável, que se desenrola a saga da vida de um ser humano. E podemos perguntar que valor tem essa vida, vida que, momento a momento, se inicia ou desaparece em alguma parte do mundo. Terá algum objectivo, alguma finalidade, alguma missão específica? – Tudo leva a crer que não. Cada vida humana é apenas mais uma, tal como a de um qualquer outro animal, de uma qualquer planta, uma qualquer bactéria, uma qualquer estrela: pertencendo ao Tempo, num dado momento começa, noutro, forçosamente, tem de acabar, fazendo apenas parte dessa universal transformação em que matéria e energia estão em contínuo movimento, nada parecendo poder fugir ao eterno movimento transformacional, na cadência monótona e invariável da sucessão dos anos, dos dias, das horas, dos segundos...
Assim sendo, a vida de um ser humano não tem qualquer objectivo, qualquer missão, qualquer finalidade. Aparecemos na VIDA, por mero acaso, ou sorte, vindo do nada ou da Terra, ou – se forem crentes! – de Deus. Fazemos parte dessa fantástica saga que engloba matéria e energia sempre em movimento, usando e multiplicando átomos e moléculas, na replicação das nossas células. Depois, quando a energia do organismo não lhe permite fazer mais essa replicação – uns 80, 90 ou 100 anos depois do início – regressamos ao donde viemos: o Nada ou a Terra, berço do nosso aparecimento. Sem qualquer objectivo! Sem qualquer missão! Sem qualquer finalidade! Existimos simplesmente…
Aliás, constatamos que a grandíssima maioria dos humanos que já existiram, que existem ou que existirão, nada deixaram ou nada deixarão de útil à humanidade: viveram, vivem ou viverão apenas… Os que deixaram tais utilidades são recordados e louvados por isso. Durante um determinado tempo. Nada mais, pois também eles, corpo e alma, inexoravelmente se reintegraram no perpétuo movimento, do qual um dia emergiram, pela tal sorte ou acaso da saga da VIDA!

Terminemos estas reflexões filosófico-existenciais, apelando ao SORRISO e à ALEGRIA de termos vindo à VIDA, de podermos pensar tudo isto e de estarmos ainda vivos! Lembremo-nos que nunca mais teremos tal oportunidade!... E se não sorrirmos agora, quando vamos SORRIR?! E Cantar? E dançar?
Viva, pois, a VIDA enquanto dela formos figurantes activos!
Nota final:
Contra tal dura – ou fantástica?! – realidade, as religiões têm tentado colmatar a natural frustração do ser vivo pensante que é o Homem. E com sucesso: vendem fantasias de levar à emoção e às lágrimas e à crença nelas. Que bom, que lindo não seria um Céu eterno de felicidade, após esta vida que tantas vezes é madrasta, já por nossa culpa, já pelas circunstâncias de pessoas e acontecimentos que nos rodeiam ou rodearam!
E, pese embora sejam fantasias – fantasias que geraram as mais belas obras de arte alguma vez produzidas pelo Homem, da pintura à música, à escultura, à arquitectura… – nada, mas mesmo nada nos impede de acreditar nelas e integrá-las como parte fundamental do nosso imaginário quotidiano. São reconfortantes e ajudam ao sempre desejável SORRISO!

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 193/?



À procura da VERDADE em HABACUC 2/2

- “Ai de quem diz a um pedaço de madeira: “Acorda!” E à
pedra muda: “Desperta!” Pode o ídolo ensinar? (…) De que 
serve um ídolo para que um artista se dê ao trabalho de o 
esculpir?” (Hab 2,18)
- Os ídolos! Sempre o temor da adoração dos ídolos em vez 
da adoração de Javé! Certamente o artista que os esculpia 
na rocha ou na madeira tirava daí o seu ganha-pão, e só 
adorava o ídolo quem muito bem quisesse ou… a quem o 
rei ordenasse!
E ao longo dos tempos? Quantos tiveram, quantos têm a 
profissão de santeiros? E que artistas que eles são! Fizeram, 
fazem imagens perfeitas de virgens, santos e santas, mas 
também de anjinhos e de diabos, que isto do divino abrange 
a todos… E há imagens esculpidas em todos os materiais, 
mais nobres uns que outros, de Cristos, virgens e santos. 
Depois, ainda temos os numerosíssimos pintores: quantos não 
deixaram em suas telas toda a espécie de santos, pintando-os 
com o mesmo à-vontade e maestria que pintaram reis e tiranos, 
pois a arte não olha muito a essas diferenças de “somenos 
importância”. Não é a expressão do belo que lhes interessa? 
Seja na posição devota, seja na de carrasco com o machado 
cortando a cabeça do mesmo santo, mãos esguichando sangue?
Já noutro lugar perguntamos: Quem sabe distinguir com certeza 
o que é venerar uma imagem e o que é adorá-la? Não parece 
mais adoração do que veneração toda essa fé nos santos e na 
Virgem que percorre o mundo cristão?
Bem pregam os sacerdotes que só se adora o Deus invisível, 
mas ninguém consegue acreditar totalmente em tal realidade. 
É que é muito mais cómodo, muito mais prático adorar o seu 
santinho, o santo da sua devoção, ali no seu altar, com aquela 
carinha tão bem esculpida e melhor pintada, e a ele fazer todas 
as preces pois é ele, e não o Deus escondido, que lhe tem feito 
tantos milagres, tem acudido em momentos de aflição de vaca 
que tem dificuldade em parir ou de filho que se foi para a guerra 
e enfim voltou são e salvo, quando outros não tiveram a mesma 
sorte, vindo apenas em cadáveres ou, estropiados, condenados 
para toda a vida, como se acidente tivessem sofrido além na 
curva da estrada…
E imagens, até as há do Espírito Santo e do Deus-Pai! – entidades 
obviamente invisíveis porque puros espíritos. Mas como não é 
fácil para um humano acreditar naquilo que não vê, nem cheira, 
nem ouve, nem apalpa, nem sente…
- “Ainda que a figueira não brote e não haja fruto na videira, ainda 
que a oliveira negue o seu fruto e o campo não produza colheita, 
ainda que (…), eu alegrar-me-ei em Javé e exultarei em Deus, 
meu salvador. O Senhor Javé é a minha força. Ele dá-me pés de 
gazela e faz-me caminhar pelas alturas.” (Hab3,17-19)
- Realce-se a beleza literária do excerto. No entanto, quando as 
intempéries provocadas pelas forças da Natureza nos levam o 
fruto do nosso esforço, nada mais nos resta senão pôr nas mãos de 
Deus a próxima colheita. Mas não se deixa de perguntar, revoltado: 
“Porquê a mim, meu Deus?”
(Fim de mais um último pequeno livro!)

sábado, 20 de outubro de 2018

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 192/?


À procura da VERDADE em HABACUC 1/2

- Introdução: “(…) O profeta interpela o próprio Deus acerca 
da violência e da opressão que invadem o país. (…) Dirige a 
Deus um veemente apelo (…) contra o opressor que exagerou 
na missão de instrumento escolhido por Deus. (…) Mas insiste 
na certeza de que um dia a justiça se há-de tornar realidade 
palpável, porque o Deus dos justos é o Deus vivo na História. 
(…) Teve o arrojo de apelar a Deus contra o próprio Deus 
cuja intervenção na História parecia incompreensível. Será 
preciso punir um mal com um mal maior? Não andará Deus 
apoiar o triunfo de uma força injusta?” (ibidem)
Realmente Hababuc deve ter sido confrontado, como nós, 
com as ditas intervenções de Deus na História, na interpretação 
que os profetas faziam das guerras em que Israel ora saía 
vencedor ora derrotado e oprimido, a ponto de as achar 
desastradas e incompreensíveis, porque exageradas.
Nós perguntamos mais uma vez: Porque havemos de acreditar 
nas interpretações que os ditos profetas faziam da história de 
Israel? Mais: Que invenção foi essa (e os nossos exegetas 
continuam na mesma senda…) de considerar Deus a dirigir a 
mesma história? Tudo nos parece muito mais um golpe 
político-religioso do que qualquer tipo de inspiração divina, 
não passando as supostas profecias de pura intuição face ao 
desenrolar dos acontecimentos.
- “Até quando, Javé, vou pedir socorro sem que me escutes? 
Até quando clamarei a Ti: “Violência!”, sem que me tragas a 
salvação? Porque me fazes ver o crime e contemplar a injustiça? 
(…) Porque olhas para os traidores e Te calas quando um ímpio 
devora alguém mais justo do que ele? (…) Então Javé 
respondeu-me: (…) Quem não é recto vai morrer, enquanto o 
justo viverá pela sua fidelidade. (…) Ai daquele que acumula o 
que não é seu (…) Ai de quem junta dinheiro injusto em sua 
casa (…) Ai de quem constrói com sangue uma cidade (…) 
(Hab 1,2)
- Perguntamos: Porquê acreditar que o ímpio ou perverso vai 
morrer e o justo vai viver? Não é isso que se constata: tanto 
morre um como o outro, tendo ambos o mesmo destino: o pó de 
onde vieram…
E as maldições serão para cumprir onde? – Na Terra, parece 
que não, pois raros são os que conseguem enriquecer com o seu 
trabalho honrado. No céu… sabe-se lá! Nunca ninguém veio de 
lá cá dizer se há ou não céu e como é esse estar 
contemplando Deus face a face por toda a eternidade!…

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Onde a verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 191/?




À procura da VERDADE no livro de NAUM 2/2


- “Javé é um Deus ciumento e vingador! Javé é vingador e sabe 
enfurecer-Se. Javé vinga-se dos seus adversários e é rancoroso 
com os seus inimigos. (…) Quem resistirá à sua cólera e 
enfrentará o furor da sua ira? (Na 1,2-6)
- Dos ciúmes, iras e furores de Javé já tudo dissemos. Enfim, 
considerar adversários de Javé os adversários do povo de 
Israel é uma totalmente indecorosa apropriação, resultando 
numa total descredibilização de Javé-Deus. O “nosso” exegeta 
corrobora tal indecorosa apropriação: “Naum vê Deus como 
destruidor de Nínive, capital da Assíria, a grande potência 
opressora da época. (…) Javé, Senhor do Universo, também é 
Senhor da História; como tal, dirige os acontecimentos.” 
(ibidem)
- “Javé restaura a vinha de Jacob e também a vinha de Israel.” 
(Na 2,3)
- Note-se o comentário: “Javé vai restaurar o reino do Sul 
(Judá) e o do Norte (Israel); este fora destruído pela Assíria 
em 722 a.C. O profeta imagina talvez a reunificação de todo 
o povo, tendo como capital Jerusalém. (…)” (ibidem)
E nós perguntamos: É Javé que vai restaurar? Deus anda por
ali assim a restaurar cidades ou reinos destruídos por outros 
reinos, e reinos considerados como mão castigadora do 
mesmo Javé?…
Depois, como podemos dizer “o profeta imagina talvez…”? 
Então, não é ele inspirado por Deus? Não é a sua palavra 
revelada? Mais: este Javé andando ao serviço de um povo, 
parece-se com os ídolos que os povos ditos pagãos 
adoravam - e também não poucas vezes os israelitas - que 
por isso eram tão duramente castigados pelo mesmo Javé!
- “Ai da cidade sanguinária e traidora, cheia de rapina, 
insaciável de despojos!
Estalo de chicotes, ruído de rodas girando, cavalos a 
galope, carros que pulam, cavalos que se empinam, espadas 
a luzir, lanças que faíscam! Multidões de feridos, montão 
de cadáveres, corpos sem conta, tropeça-se nos cadáveres.
Isto por causa das muitas seduções dessa prostituta, formosa 
e hábil feiticeira que enganava as nações (…) Vou levantar 
a barra da tua saia até à altura do rosto; vou mostrar às 
nações a tua nudez (…) Porventura és melhor que Tebas? 
(…) O teu exército não é de homens mas de mulheres (…)” 
(Na 3,1-13)
- O estilo é belo, pictórico, sóbrio, acutilante! A crueza, 
muita. A sensualidade sugestiva com o levantar das saias 
da prostituta até ao rosto,… gostosa! O “olho por olho” 
manifesta-se com o lembrar de Tebas e a derradeira frase 
não agradará certamente a feministas!…
Também aqui se comenta: “O Deus do Universo e da 
História destrói a cidade que era símbolo de perenidade, 
estabilidade e firmeza. Javé realiza a inversão desse modo 
de conceber a História (…): Nínive (…) terá a mesma sorte 
que Tebas (…) que ela havia saqueado no ano 667 e 
demolido em 663 a.C.” (ibidem)
Apenas perguntamos: Não sendo o povo egípcio “povo 
eleito de Javé” porque recebeu castigo tamanho? A lógica 
do castigo e do oprimido-opressor só se aplica ao “povo 
de Deus”? E, mais uma vez, como aceitar um Javé que 
castiga quem Ele usou como seu braço para castigar o 
pecado do povo eleito?
Esta Bíblia é um nonsense total!…

sábado, 6 de outubro de 2018

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 190/?


À procura da VERDADE no livro de NAUM 1/2

- Diz-se na Introdução: «A actividade profética de Naum 
desenrolou-se entre 633 e 612 a.C, as datas da tomada de Tebas 
(capital do Egipto) e da queda de Nínive (capital da Assíria), 
respectivamente. A Assíria, já responsável pelo desmantelamento 
do reino do Norte e da sua capital, Samaria, em 722 a.C., 
tentava agora consolidar o seu poderio, mediante campanhas 
sucessivas a Ocidente, cobrindo a Palestina e o Egipto de 
destruições e impostos. Ao sul da Mesopotâmia, porém, 
erguia-se lentamente o novo império babilónico que, aliado 
aos Medos, poria termo à supremacia assíria.
Neste contexto sombrio que pesava sobre Judá, o profeta Naum 
trouxe aos oprimidos uma mensagem de consolação e reconforto 
(…): Deus é mais forte, é soberano da História. (…) As 
atrocidades cometidas pelos assírios em Tebas (…) alimentam 
a profecia do que vai acontecer à moribunda Nínive.
Deus, ciumento e vingador, cheio de furor para o inimigo clássico 
de Israel, é, ao mesmo tempo, bom e acolhedor para os 
perseguidos. Esta maneira de ver eivada de nacionalismo, está 
longe do Evangelho e até mesmo do universalismo do II 
Isaías. Afirma no entanto, uma certeza vincada e profunda: Deus 
acompanha os acontecimentos da História, nada lhe é alheio. (…)» 
(ibidem)
A citação é longa, mas necessária para os nossos objectivos. E, 
como é de prever, as perguntas são mais que muitas:
1. Que direito temos nós de colocar Deus como senhor da História 
que o Homem vai realizando?
2. Se um escrito, dito inspirado por Deus, dito sagrado, está eivado 
de nacionalismo… está longe do Evangelho e não é universalista…, 
que valor tem de VERDADE?
3. Porque é que é o Deus ciumento e vingador, cheio de furor… a 
atacar os inimigos “clássicos” de Israel e não são os israelitas?
4. Quem são os oprimidos? Todos os vencidos pela Assíria ou 
apenas Judá? Porque não os egípcios e palestinianos também 
vítimas da destruição assíria?
5. Seria difícil de prever o que iria acontecer a Nínive, analisando 
os acontecimentos históricos à luz do tempo, estando omnipresente - 
como ainda hoje, apenas dois mil e setecentos anos passados - o 
espírito do “Olho por olho e dente por dente”?
Deus-Javé continua a “sair-se” muito mal desta entrada na História 
para castigar uns quantos, através das guerras que outros 
promovem, quando o que os povos opressores querem é apenas 
as riquezas e o domínio dos oprimidos, sejam eles israelitas, 
palestinianos ou egípcios. Assim como, quando os opressores são 
vencidos, nada mais é do que a vingança dos oprimidos sem que 
Deus tenha alguma coisa a ver com tal humana atitude.
Mas nós não temos nada contra os que pensam que é Deus que age 
através dos Homens, sendo assim “senhor da História. Nada! 
Absolutamente nada! Só não aceitamos é que tal “suposição” seja o 
fundamento da nossa fé, da nossa crença, do nosso Deus que nunca 
poderia ser um Javé-Deus que se “alimenta” das e nas 
irrequietudes de um povo, que se auto-proclamou “eleito de Javé”. 
Só isso! E isso é quase tudo!
E foi o povo ou foram apenas alguns “iluminados” dirigentes dele, 
que criaram a poderosa classe sacerdotal e profética, os 
servidores do Templo, “domesticando” melhor assim o mesmo 
povo duro de alma e coração? Não temos nós agora sobre os nossos 
ombros este jugo bíblico do qual não podemos libertar-nos?
Não podemos ou… não queremos! É que, se nos libertarmos dele, 
ficamos sem quaisquer palavras de vida eterna, já que as outras 
filosofias ou religiões são ainda menos resposta às nossas angústias 
de um fim último que se perde no mistério-desejo de vivermos 
para sempre...