À procura da
VERDADE no livro de NAUM 1/2
- Diz-se na Introdução: «A actividade profética de
Naum
desenrolou-se entre 633 e 612 a.C, as datas da tomada de Tebas
(capital do
Egipto) e da queda de Nínive (capital da Assíria),
respectivamente. A Assíria,
já responsável pelo desmantelamento
do reino do Norte e da sua capital,
Samaria, em 722 a.C.,
tentava agora consolidar o seu poderio, mediante
campanhas
sucessivas a Ocidente, cobrindo a Palestina e o Egipto de
destruições
e impostos. Ao sul da Mesopotâmia, porém,
erguia-se lentamente o novo império
babilónico que, aliado
aos Medos, poria termo à supremacia assíria.
Neste contexto sombrio que pesava sobre Judá, o
profeta Naum
trouxe aos oprimidos uma mensagem de consolação e reconforto
(…):
Deus é mais forte, é soberano da História. (…) As
atrocidades cometidas pelos
assírios em Tebas (…) alimentam
a profecia do que vai acontecer à moribunda
Nínive.
Deus, ciumento e vingador, cheio de furor para o
inimigo clássico
de Israel, é, ao mesmo tempo, bom e acolhedor para os
perseguidos. Esta maneira de ver eivada de nacionalismo, está
longe do
Evangelho e até mesmo do universalismo do II
Isaías. Afirma no entanto, uma
certeza vincada e profunda: Deus
acompanha os acontecimentos da História, nada
lhe é alheio. (…)»
(ibidem)
A citação é longa, mas necessária para os nossos
objectivos. E,
como é de prever, as perguntas são mais que muitas:
1. Que direito temos nós de colocar Deus como senhor
da História
que o Homem vai realizando?
2. Se um escrito, dito inspirado por Deus, dito
sagrado, está eivado
de nacionalismo… está longe do Evangelho e não é
universalista…,
que valor tem de VERDADE?
3. Porque é que é o Deus ciumento e vingador, cheio
de furor… a
atacar os inimigos “clássicos” de Israel e não são os israelitas?
4. Quem são os oprimidos? Todos os vencidos pela
Assíria ou
apenas Judá? Porque não os egípcios e palestinianos também
vítimas
da destruição assíria?
5. Seria difícil de prever o que iria acontecer a
Nínive, analisando
os acontecimentos históricos à luz do tempo, estando
omnipresente -
como ainda hoje, apenas dois mil e setecentos anos passados - o
espírito do “Olho por olho e dente por dente”?
Deus-Javé continua a “sair-se” muito mal desta
entrada na História
para castigar uns quantos, através das guerras que outros
promovem, quando o que os povos opressores querem é apenas
as riquezas e o
domínio dos oprimidos, sejam eles israelitas,
palestinianos ou egípcios. Assim
como, quando os opressores são
vencidos, nada mais é do que a vingança dos
oprimidos sem que
Deus tenha alguma coisa a ver com tal humana atitude.
Mas nós não temos nada contra os que pensam que é
Deus que age
através dos Homens, sendo assim “senhor da História. Nada!
Absolutamente nada! Só não aceitamos é que tal “suposição” seja o
fundamento da
nossa fé, da nossa crença, do nosso Deus que nunca
poderia ser um Javé-Deus que
se “alimenta” das e nas
irrequietudes de um povo, que se auto-proclamou “eleito
de Javé”.
Só isso! E isso é quase tudo!
E foi o povo ou foram apenas alguns “iluminados”
dirigentes dele,
que criaram a poderosa classe sacerdotal e profética, os
servidores do Templo, “domesticando” melhor assim o mesmo
povo duro de alma e
coração? Não temos nós agora sobre os nossos
ombros este jugo bíblico do qual
não podemos libertar-nos?
Não podemos ou… não queremos! É que, se nos
libertarmos dele,
ficamos sem quaisquer palavras de vida eterna, já que as
outras
filosofias ou religiões são ainda menos resposta às nossas angústias
de
um fim último que se perde no mistério-desejo de vivermos
para sempre...
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