À procura da
VERDADE no livro de MIQUEIAS – 4/4
- “Como me apresentarei a Javé? Como é que me vou
ajoelhar diante
do Deus das alturas? Irei à sua presença com holocaustos e bezerros
de um ano? Será que milhares de carneiros ou a oferta de rios de
azeite agradarão a Javé? Ou devo sacrificar o meu filho mais velho
para pagar os meus erros, sacrificar o fruto das minhas entranhas
para cobrir o meu pecado? - Ó homem, já te foi explicado o que é
bom e o que Javé exige de ti: praticar a justiça, amar a misericórdia,
caminhar humildemente com o teu Deus.” (Mq 6,6-8)
do Deus das alturas? Irei à sua presença com holocaustos e bezerros
de um ano? Será que milhares de carneiros ou a oferta de rios de
azeite agradarão a Javé? Ou devo sacrificar o meu filho mais velho
para pagar os meus erros, sacrificar o fruto das minhas entranhas
para cobrir o meu pecado? - Ó homem, já te foi explicado o que é
bom e o que Javé exige de ti: praticar a justiça, amar a misericórdia,
caminhar humildemente com o teu Deus.” (Mq 6,6-8)
- É interessante que se faça aqui, em setecentos
antes de Cristo,
a implícita condenação dos holocaustos e dádivas em azeite e até
o querer sacrificar o próprio filho, quando a lei de Moisés
apresenta todo um rol de sacrifícios a cumprir e oferendas a dar
ao Templo - ai o célebre e fatídico dízimo imposto e apregoado
pelos sacerdotes gananciosos! - como se pode ler - como lemos - no
livro do Êxodo 25-40 e em Ezequiel 40-48.
a implícita condenação dos holocaustos e dádivas em azeite e até
o querer sacrificar o próprio filho, quando a lei de Moisés
apresenta todo um rol de sacrifícios a cumprir e oferendas a dar
ao Templo - ai o célebre e fatídico dízimo imposto e apregoado
pelos sacerdotes gananciosos! - como se pode ler - como lemos - no
livro do Êxodo 25-40 e em Ezequiel 40-48.
Aliás, comenta-se, a propósito de Ex 25-31: “Estes
capítulos, mais
35-40, obra da escola “sacerdotal”, próxima de Ez 40-48, foram
redigidos durante ou depois do exílio na Babilónia, época em que o
culto se tornou elemento determinante para o povo judeu conservar
as suas tradições e sobreviver sob o império persa. (…) Apresentadas
aqui como determinações formais de Javé comunicadas a Moisés,
sugerem o carácter divino das instituições religiosas e são apelo ao
respeito e à adoração do único Deus libertador.” (ibidem)
35-40, obra da escola “sacerdotal”, próxima de Ez 40-48, foram
redigidos durante ou depois do exílio na Babilónia, época em que o
culto se tornou elemento determinante para o povo judeu conservar
as suas tradições e sobreviver sob o império persa. (…) Apresentadas
aqui como determinações formais de Javé comunicadas a Moisés,
sugerem o carácter divino das instituições religiosas e são apelo ao
respeito e à adoração do único Deus libertador.” (ibidem)
- A tentação de se dizerem “coisas” bonitas
envolvendo Deus é grande!
Mas perguntamos, certamente já nos repetindo: São
determinações de
Javé ou dos sacerdotes que precisavam de todas aquelas
oferendas para
alimentarem a sua fome de riqueza e a sua ganância, como o fazem
hoje
elementos de certas igrejas conhecidas do mundo? Não há dúvida:
pondo-as
na boca de Javé, dão-lhe carácter divino e dão-lhe,
inteligentemente, a força
necessária para que todo o incauto e ignorante
povo se sinta obrigado, em
consciência e no temor de Javé, a dar
sem protestar, contestar ou discutir… E,
em tais disfarces “divinos”,
eram mestres os mentores da Escola sacerdotal,
tornando o apregoado
Deus único não “libertador” mas escravizante do povo. Por
isso - e mais
uma vez - não pode de modo algum ser DEUS!
Mais importante ainda: Parece que praticar a
justiça, amar a
misericórdia são o que Deus exige de cada Homem para ganhar a
vida
eterna, vivendo bem a terrena. Mas - e também mais uma vez - é
necessário
apelar para um Deus para se apregoarem a justiça e a
misericórdia como
elementos-chave da boa convivência humana?
E alguém perceberá o que é isso de “caminhar
humildemente com o
teu Deus”?
- “Escuta o que Javé grita (…): tesouros ganhos
injustamente (…)
medidas falsificadas (…), balanças viciadas (…), exploração
(…),
mentiras (…) Por isso, entregar-te-ei à destruição (…)”
(Mq 6,10-16)
- Miqueias repete-se. Por nosso lado, chega de
comentários.
- “Não há sequer um justo no nosso país, não ficou
nenhum Homem
recto; andam todos à espreita, cada um persegue o seu irmão para o
matar! (…) O príncipe exige, o juiz deixa-se comprar, o grande mostra
a sua
ambição. (…) E vós, não acrediteis no amigo, não confieis no
companheiro;
conserva a boca fechada mesmo ao lado daquela que
dorme a teu lado. Pois o
filho insulta o próprio pai, a filha revolta-se
contra a mãe, a nora contra a
sogra; e os inimigos são os da própria
casa.” (Mq 7,2-7)
- Miqueias delicia-se na certamente hiperbólica
situação. Aquilo seria
uma sociedade muito pouco… sociedade, muito pouco comunidade,
muito pouco humana. Nem amor familiar nem amizade confiante.
Uma sociedade
totalmente fracassada… E isto, num “povo eleito”,
num “povo escolhido” por Javé,
tornar-se-ia-se mais que dramático!
- “Não te alegres por minha causa, ó minha inimiga,
pois eu caí mas
hei-de tornar a levantar-me; moro nas trevas mas Javé é a minha
luz.
Devo suportar a cólera de Javé, porque pequei contra Ele (…)”
(Mq 7,8-9)
- Comenta-se: “Esta parte parece ter sido
acrescentada ao livro de
Miqueias depois do exílio.” (ibidem) Portanto, cerca
de duzentos anos
mais tarde. Valerá a pena voltar a perguntar que validade em
termos
de revelação divina tem este aditamento?
Enfim, deste simpático Miqueias do séc. VIII a.C.,
fica-nos a imagem
de um homem corajoso, capaz de denunciar as injustiças que
sentia
talvez na própria carne e com as quais não quis contemporizar
como
muitos dos seus colegas de profissão. Mais nada!...
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