Da vida e da morte
Tivemos o enorme
privilégio – sem que tivéssemos feito qualquer coisa para o merecer! – de ter
vindo participar nesta maravilhosa quão misteriosa saga/festa que é a VIDA.
Mas, ao nascer, tudo sendo incertezas, tínhamos uma
certeza absoluta: pertencendo ao Tempo e tendo aparecido num dado momento do
Tempo, em um outro mais à frente – cedo ou tarde! – iríamos forçosamente
desaparecer.
Ora, perante tal
certeza, certeza de que tivemos plena consciência ao chegar à idade da razão, não
há crença que nos valha! Esse é o caminho – caminho que todos os dias facilmente
constatamos – de qualquer ser que teve o mesmo privilégio que nós, seja a
libélula que dura um dia, seja a oliveira que chega a viver milénios.
Daí que só tenhamos
uma alternativa: tirar da VIDA o melhor partido que pudermos ou soubermos, nos comedidos
prazeres do corpo, nos muitos prazeres da alma.
Não repito nenhuma
receita para a felicidade. Mas ela passa, de certeza, pela família e amigos,
pelos felizes encontros, pelos projectos a que nos propusemos ou, dia a dia,
nos propomos e a plena realização deles com o nosso esforço e trabalho.
E depois? – Depois, seremos
apenas memória e viveremos enquanto alguém se lembrar de nós! O nosso futuro
real é a integração no donde viemos, a Terra, átomos e moléculas fazendo parte
dos inúmeros seres vivos, ou apenas de elementos que existirão enquanto a Terra
for Terra, nestes mais 4.5 mil milhões de anos que tem de vida.
Aliás, morrer é como
se, tendo adormecido num último sono, alguém possante, sem qualquer receio de
cairmos, nos pegasse em seus braços e nos atirasse pela janela, desfazendo-nos
nós, naquele preciso momento, nos átomos e moléculas que irão integrar os tais
outros seres vivos ou elementos. É que fazemos parte da matéria universal energizada,
matéria sempre se movendo quer à velocidade da Luz, quer ao ritmo quase
imperceptível mas inexorável da transformação das montanhas em planícies, ou das mudanças que ditam o nosso próprio envelhecimento...
Perante tão crua quão
bela realidade, realidade da qual nos apercebemos porque tivemos o privilégio
de ter vindo à vida numa forma de ser inteligente, resta-nos o
SORRISO. O SORRISO SEMPRE, mesmo perante um qualquer fim…
E, se é humano verter lágrimas
de alegria no nascimento de alguém e de tristeza na partida, ficando-nos apenas a memória…, além do sorriso, temos de chegar às gargalhadas, pois a mesma Vida
continua e os que partem não quereriam,
certamente, que os ainda viventes por mais algum tempo, ficassem para aí tristes
a pensar na morte. Vida é alegria que se perpetua nos genes deixados em filhos
e netos que têm a sua vida para viver e viver em plenitude. Vamos, pois, ao
canto e à dança, vamos ao RISO franco e fraterno, vamos à grande alegria de
ainda estarmos vivos!
Viva a VIDA!
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