À procura da
VERDADE no livro de MIQUEIAS – 2/4
- “Ai daqueles que deitados na cama planeiam a
injustiça e tramam o
mal! (…) Cobiçam (…) roubam (…), apoderam-se (…), oprimem
(…) É por isso que assim diz Javé: Eis que planeio contra esta gente
uma desgraça (…)” (Mq 2,1-3)
mal! (…) Cobiçam (…) roubam (…), apoderam-se (…), oprimem
(…) É por isso que assim diz Javé: Eis que planeio contra esta gente
uma desgraça (…)” (Mq 2,1-3)
- Diz-se em comentário: “Com a implantação da
realeza e das cortes,
a igualdade e fraternidade primitivas foram cedendo lugar
à oposição
(…) entre uma elite ciosa de lucros e a massa dos pequenos. O povo
(…) entre uma elite ciosa de lucros e a massa dos pequenos. O povo
trabalhador (…) era reduzido à escravidão, enquanto os senhores
exploravam os
pobres (…) Ora isso opunha-se aos compromissos da
aliança no seu ideal de
comunhão e fraternidade.” (ibidem)
- E
oferece-se-nos perguntar: Quando é que estes ideais, estes
compromissos de
igualdade e fraternidade foram “vida” em Israel? E a
oposição entre elites e
povo explorado não existiu - não existe! -
desde sempre, em Israel e no mundo?
E as ideias - talvez mais ideais
porque inalcançáveis! - de igualdade e de
fraternidade são de Deus ou…
dos Homens? A “Liberdade, igualdade e
fraternidade” da Revolução
Francesa, os Direitos Universais do Homem, não são
criações do
Homem? Claro que ninguém nos impede de dizer que são ou que
foram de inspiração divina. Mas - e já perguntámos noutro lugar -
que há de bom na Terra ou entre os Homens que não seja de inspiração
divina ou que não se atribua a Deus, quer Deus exista quer não?
Homem? Claro que ninguém nos impede de dizer que são ou que
foram de inspiração divina. Mas - e já perguntámos noutro lugar -
que há de bom na Terra ou entre os Homens que não seja de inspiração
divina ou que não se atribua a Deus, quer Deus exista quer não?
E mais uma vez, na visão do profeta, tal situação é
propícia - exige! - o
castigo de Javé! É isto que não se entende: Porquê
considerar um castigo
de Javé por esses “pecados” a invasão de Israel e de Judá
pelos
exércitos sírios? Não queriam os sírios a guerra somente para - como
acontece com todas as guerras! - apoderar-se de mais território, de mais
riqueza, alargando fronteiras e domínios? Trata-se, pois, apenas de mais
uma
interpretação teológica dos acontecimentos por um visionário, sem
que fosse
necessária qualquer revelação divina.
- “Eu reunir-te-ei todo, ó Jacob, recolherei os teus
restos, ó Israel”
(Mq 2,12)
- Aparece aqui - o que já noutros livros aconteceu -
um aditamento. E
diz-se em comentário: “ (…) aditamento típico do exílio ou do
pós-exílio
(…)” (ibidem)
Ficamos sem saber o que dizer deste e de outros
aditamentos. Também
foram revelados por Deus? A quem e… duzentos anos mais
tarde? Uma
tremenda confusão! Mas Miqueias continua:
- “Ouvi bem, chefes (…) governantes (…)! Inimigos do
bem, amantes
do mal, esfolais o povo e descarnais os seus ossos (…), devorais
(…)
arrancais (…), quebrais (…), despedaçais (…). Depois, invocareis Javé
mas
Ele não vos responderá. (…) Assim diz Javé aos profetas que
extraviam o meu
povo (…)” (Mq 3,1-5)
- Comenta-se: “Estamos num tempo em que os profetas
deixaram de ser
arautos de Deus e defensores da justiça e da verdade para
servirem os
interesses de quem lhes paga melhor.” (ibidem)
Esta afirmação leva-nos à permanente pergunta de
saber quem afinal é
profeta de Deus e quem o não é. E se pregar a justiça e a
verdade - que
verdade? - é, por definição, acto divino ou simplesmente humano,
simplesmente
a parte boa do Homem que não pode ser - não é, santo
Deus! - apenas maldade e
egoísmo mas também compaixão pelos mais
sofredores e solidariedade para com os
mais fracos.
Depois, não houve, não haverá sempre, antigamente
como hoje,
aproveitadores de Deus para com Ele fazerem negócio e ganharem
melhor a vida terrena que a eterna é da fé naquele Deus que apregoam
aos outros
mas em quem certamente não acreditam?
E que castigo não merecem aqueles que esfolam,
devoram, quebram,
despedaçam os ossos e a carne do povo?
A expressão “meu povo” é que não se entende - aliás
nunca se entendeu -
embora se aceite que sejam os oprimidos, os deserdados, os
que não
têm o poder das armas ou do dinheiro. Mas, porquê hão-de ser esses
o
“povo de Deus”, o “meu povo”? Aliás, esta dicotomia: maus, ricos,
governantes
tiranos, juízes corruptos, profetas e sacerdotes gananciosos
versus povo escravizado e oprimido, povo
pobre e inculto, tem-se
mantido ao longo da História, não sendo as nações de
hoje muito
diferentes das de então, apesar das apregoadas democracias que
proliferam pelo mundo…
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