quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 188/?




À procura da VERDADE no livro de MIQUEIAS – 3/4

- E Miqueias repete-se: “Os vossos chefes (…), suborno; os vossos 
sacerdotes (…), lucro; os vossos profetas (…), dinheiro. E ainda 
ousam apoiar-se em Javé (…). Por isso, (…) Jerusalém tornar-se-á 
um montão de ruínas (…)” (Mq 3,11-12)
- Comenta-se também: “A coligação das nações contra Jerusalém 
evoca talvez a movimentação gerada pelo exército assírio em 701 (…)” 
(ibidem)
Mais um facto histórico interpretado à moda da Bíblia, tudo fazendo 
depender de Javé: vitória-prémio ou derrota-castigo. Tremendas 
continuam as acusações de Miqueias às classes dominantes, quer 
religiosas quer políticas. Há dois mil e setecentos anos… tal como
 hoje!
- “Mas tu, Belém de Éfrata, tão pequena entre as principais cidades 
de Judá! É de ti que sairá para Mim, Aquele que há-de ser o chefe de 
Israel! (…) Ele nos livrará da Assíria, se ela invadir o nosso 
território e atravessar as nossas fronteiras.” (Mq 5,1 e 5)
- É o texto mais conhecido de Miqueias, pois no Evangelho de Mateus 
entende-se esta profecia como o anúncio do lugar onde o Messias - Jesus 
Cristo - iria nascer (Mt 2,5-6). Mas perguntamos: Profecia ou… 
coincidência? E não queriam todos que aparecesse alguém que livrasse 
Israel da ameaça síria? Não é isso mesmo que se diz em 5,5? Quando, 
no NT, Jesus Cristo falar de Reino, não O entenderão os apóstolos 
como reino terreno, o reino de Israel, libertado do jugo romano? Não 
seguiram os apóstolos Jesus, pensando que teriam um bom lugar 
nesse reino, ficando confusos quando Jesus afirmava que o seu 
Reino não era deste mundo e certamente totalmente decepcionados 
quando O vêem ser condenado à morte? Então, podemos concluir 
que Mateus só referiu Miqueias para justificar a sua tese: Jesus era 
o Salvador, mas sem qualquer base de credibilidade.
- “Destruirei as cidades fortificadas (…), arrancar-te-ei das mãos 
todos os objectos mágicos (…), eliminarei (…), derrubarei (…), 
destruirei (…). Com ira e furor Me vingarei das nações que não Me 
obedeceram.” (Mq 5,10-14)
- Eis o sempre Javé vingador, destruidor, cheio de ira e furor… Que 
Javé é este tão apoucado, tão humanóide para ser o Deus do 
Universo? – voltamos a perguntar, repetindo-nos enfadonhamente…
- “Escutai, montanhas, as acusações de Javé; (…) é contra Israel que Ele 
apresenta a sua queixa: Meu povo, o que é que Eu fiz contra ti? Em que 
te maltratei? Responde-Me!” (Mq 6,2-3)
- Outro trecho - bonito trecho! - bem conhecido, bem doloroso, mas… 
bem humano, de Miqueias. E mais uma vez, teremos de perguntar: 
Que Javé é este tão forte e tão manso, tão irado e tão compassivo, a 
ponto de se queixar, de quase implorar a adoração e o reconhecimento 
do “seu povo”?
E que povo é este que não O reconheceu, não O aceitou nem naquele 
tempo, nem no tempo de Jesus, nem hoje tão pouco? É Israel? Enfim, 
que Javé é este que se “deixou hipotecar” a tal povo? – Não! Não 
pode ser o Deus do Universo, o Deus de todos os tempos, de todos os 
seres vivos e não vivos, visíveis e invisíveis que está para além de 
todos os espaços e de todos os tempos, por ter de ser infinito e eterno!
Sempre que se humaniza Deus - e na Bíblia é uma constante, sendo, 
aliás, o seu maior erro, o seu maior pecado! - deixamos 
simplesmente de O ter, porque Ele é inumanizável!


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