À procura da
VERDADE no livro de MIQUEIAS – 3/4
- E Miqueias repete-se: “Os vossos chefes (…),
suborno; os vossos
sacerdotes (…), lucro; os vossos profetas (…), dinheiro. E
ainda
ousam apoiar-se em Javé (…). Por isso, (…) Jerusalém tornar-se-á
um
montão de ruínas (…)” (Mq 3,11-12)
- Comenta-se também: “A coligação das nações contra
Jerusalém
evoca talvez a movimentação gerada pelo exército assírio em 701 (…)”
(ibidem)
Mais um facto histórico interpretado à moda da
Bíblia, tudo fazendo
depender de Javé: vitória-prémio ou derrota-castigo.
Tremendas
continuam as acusações de Miqueias às classes dominantes, quer
religiosas quer políticas. Há dois mil e setecentos anos… tal como
hoje!
- “Mas tu, Belém de Éfrata, tão pequena entre as
principais cidades
de Judá! É de ti que sairá para Mim, Aquele que há-de ser o
chefe de
Israel! (…) Ele nos livrará da Assíria, se ela invadir o nosso
território e atravessar as nossas fronteiras.” (Mq 5,1 e 5)
- É o texto mais conhecido de Miqueias, pois no
Evangelho de Mateus
entende-se esta profecia como o anúncio do lugar onde o
Messias - Jesus
Cristo - iria nascer (Mt 2,5-6). Mas perguntamos: Profecia ou…
coincidência? E não queriam todos que aparecesse alguém que livrasse
Israel da
ameaça síria? Não é isso mesmo que se diz em 5,5? Quando,
no NT, Jesus Cristo
falar de Reino, não O entenderão os apóstolos
como reino terreno, o reino de
Israel, libertado do jugo romano? Não
seguiram os apóstolos Jesus, pensando que
teriam um bom lugar
nesse reino, ficando confusos quando Jesus afirmava que o
seu
Reino não era deste mundo e certamente totalmente decepcionados
quando O
vêem ser condenado à morte? Então, podemos concluir
que Mateus só referiu
Miqueias para justificar a sua tese: Jesus era
o Salvador, mas sem qualquer
base de credibilidade.
- “Destruirei as cidades fortificadas (…),
arrancar-te-ei das mãos
todos os objectos mágicos (…), eliminarei (…),
derrubarei (…),
destruirei (…). Com ira e furor Me vingarei das nações que não
Me
obedeceram.” (Mq 5,10-14)
- Eis o sempre Javé vingador, destruidor, cheio de
ira e furor… Que
Javé é este tão apoucado, tão humanóide para ser o Deus do
Universo? – voltamos a perguntar, repetindo-nos enfadonhamente…
- “Escutai, montanhas, as acusações de Javé; (…) é
contra Israel que Ele
apresenta a sua queixa: Meu povo, o que é que Eu fiz
contra ti? Em que
te maltratei? Responde-Me!” (Mq 6,2-3)
- Outro trecho - bonito trecho! - bem conhecido, bem
doloroso, mas…
bem humano, de Miqueias. E mais uma vez, teremos de perguntar:
Que Javé é este tão forte e tão manso, tão irado e tão compassivo, a
ponto de
se queixar, de quase implorar a adoração e o reconhecimento
do “seu povo”?
E que povo é este que não O reconheceu, não O
aceitou nem naquele
tempo, nem no tempo de Jesus, nem hoje tão pouco? É Israel?
Enfim,
que Javé é este que se “deixou hipotecar” a tal povo? – Não! Não
pode
ser o Deus do Universo, o Deus de todos os tempos, de todos os
seres vivos e
não vivos, visíveis e invisíveis que está para além de
todos os espaços e de
todos os tempos, por ter de ser infinito e eterno!
Sempre que se humaniza Deus - e na Bíblia é uma
constante, sendo,
aliás, o seu maior erro, o seu maior pecado! - deixamos
simplesmente
de O ter, porque Ele é inumanizável!
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