sexta-feira, 16 de maio de 2025

O Conclave-Show ou a eleição de um Papa

 O Espírito Santo e o seu papel no Conclave

     Morre um papa, pois, como diz o povo, “À morte ninguém escapa, nem o rei nem o papa!”. E todo o mundo espera pelo fumo branco saído da Capela Sistina onde estão reunidos os cardeais elegíveis para que um deles seja eleito pelos seus pares, o sucessor do falecido.

    Tudo normal se não houvesse uma anormalidade intelectualmente intolerável: A Igreja católica quer fazer crêr ao mundo dos crentes, neste caso, os católicos – os outros cristãos (ortodoxos e protestantes e suas seitas) têm lá os seus papas que são eleitos muito mais discretamente – que não são propriamente os cardeais que elegem o sucessor do falecido mas o Espírito Santo, através deles, esta Terceira Pessoa da Divindade que já iluminara os Apóstolos quando, depois da morte de Jesus, estavam reunidos no Cenáculo em Jerusalém, discutindo o que iriam fazer a seguir, já não tendo o mestre a guiá-los.

    Ora, tal “imposição de Fé” é “interessante” por várias razões:

1 – Até ao séc. XIII, os papas da Igreja católica eram eleitos mais ou menos como os políticos de hoje. Havia candidatos e o povo ou os nobres de Roma escolhiam este ou aquele. Como esta situação gerava muitos problemas – mas foram precisos mais de mil anos, para se constatar o facto!!! – a partir do séc. XIII, com o papa Gregório X, organizou-se um colégio de cardeais que mais não eram do que bispos eleitores, para o efeito.

2 – Portanto, o Espírito Santo inspirador da escolha do novo papa só a partir daquela época começou a actuar e a influenciar essa escolha. Pode dizer-se – com alguma ironia, claro! – que Deus levou mais de mil anos para se decidir enviar o seu Espírito inspirador nestas importantes ocasiões. Embora se diga que para Deus, mil anos é como o dia de ontem que já passou, aos olhos dos humanos para quem Ele “trabalha”, é realmente muito e descredibiliza-Se completamente no seio da Sua Igreja.

3 – Ora, o que realmente se passou neste Conclave de Maio de 2025 foi: os cardeais não se conheceriam uns aos outros, na sua maioria. E, antes de serem enclausurados na Capela Sistina para lá votarem secretamente no seu preferido, andaram uns com os outros durante cerca de dez dias, exactamente para se conhecerem, trocarem impressões sobre, obviamente, quem gostariam de ver como papa, etc., etc., pois era para isso que eles ali estavam e tinham vindo de todo o mundo.

4 – Chegados à Capela Sistina, cada um sabia, com elevado grau de probabilidade, em quem votar e quem tinha mais possibilidades de reunir consenso. E não foi preciso nenhum Espírito Santo, podendo nós afirmar – ironicamente, está claro – que Deus pôde descansar e não se preocupar com enviar o seu Espírito para dentro da Capela para inspirar a votação…

5 – Enfim, caros leitores e analistas críticos destas “histórias” dos pregadores das religiões, neste caso a católica, a VERDADE é que não há Espírito Santo nenhum, nem aquela bizarra invenção medieval da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo, sendo um só Deus Uno e Trino ao mesmo tempo, tendo cada uma dessas pessoas a sua função específica. Um absurdo e uma invenção maquiavélica que obrigou os teólogos exegetas às mais extravagantes explicações sobre a unidade na Trindade.

    Mas, mais uma vez, Habemus papam!”. E o fumo branco – tradição que tem pouco mais de um século – saiu glorioso pela chaminé montada temporariamente na Capela Sistina, fazendo ecoar pela Praça de S. Pedro um grito de alegria saído do coração dos milhares de fiéis/crentes que ali se acumularam durante dias à espera da Boa Nova!

    E… viva o Papa!

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