O Espírito Santo e o seu papel no Conclave
Tudo normal se não houvesse uma anormalidade intelectualmente intolerável:
A Igreja católica quer fazer crêr ao mundo dos crentes, neste caso, os
católicos – os outros cristãos (ortodoxos e protestantes e suas seitas) têm lá
os seus papas que são eleitos muito mais discretamente – que não são
propriamente os cardeais que elegem o sucessor do falecido mas o Espírito Santo,
através deles, esta Terceira Pessoa da Divindade que já iluminara os Apóstolos
quando, depois da morte de Jesus, estavam reunidos no Cenáculo em Jerusalém,
discutindo o que iriam fazer a seguir, já não tendo o mestre a guiá-los.
Ora, tal “imposição de Fé” é “interessante”
por várias razões:
1
– Até ao séc. XIII, os papas da Igreja católica eram eleitos mais ou menos como
os políticos de hoje. Havia candidatos e o povo ou os nobres de Roma escolhiam
este ou aquele. Como esta situação gerava muitos problemas – mas foram precisos
mais de mil anos, para se constatar o facto!!! – a partir do séc. XIII, com o
papa Gregório X, organizou-se um colégio de cardeais que mais não eram do que
bispos eleitores, para o efeito.
2
– Portanto, o Espírito Santo inspirador da escolha do novo papa só a partir
daquela época começou a actuar e a influenciar essa escolha. Pode dizer-se –
com alguma ironia, claro! – que Deus levou mais de mil anos para se decidir
enviar o seu Espírito inspirador nestas importantes ocasiões. Embora se diga
que para Deus, mil anos é como o dia de ontem que já passou, aos olhos dos
humanos para quem Ele “trabalha”, é realmente muito e descredibiliza-Se
completamente no seio da Sua Igreja.
3
– Ora, o que realmente se passou neste Conclave de Maio de 2025 foi: os
cardeais não se conheceriam uns aos outros, na sua maioria. E, antes de serem
enclausurados na Capela Sistina para lá votarem secretamente no seu preferido,
andaram uns com os outros durante cerca de dez dias, exactamente para se
conhecerem, trocarem impressões sobre, obviamente, quem gostariam de ver como
papa, etc., etc., pois era para isso que eles ali estavam e tinham vindo de
todo o mundo.
4
– Chegados à Capela Sistina, cada um sabia, com elevado grau de probabilidade,
em quem votar e quem tinha mais possibilidades de reunir consenso. E não foi
preciso nenhum Espírito Santo, podendo nós afirmar – ironicamente, está claro –
que Deus pôde descansar e não se preocupar com enviar o seu Espírito para
dentro da Capela para inspirar a votação…
5
– Enfim, caros leitores e analistas críticos destas “histórias” dos pregadores
das religiões, neste caso a católica, a VERDADE é que não há Espírito Santo
nenhum, nem aquela bizarra invenção medieval da Santíssima Trindade: Pai, Filho
e Espírito Santo, sendo um só Deus Uno e Trino ao mesmo tempo, tendo cada uma
dessas pessoas a sua função específica. Um absurdo e uma invenção maquiavélica
que obrigou os teólogos exegetas às mais extravagantes explicações sobre a
unidade na Trindade.
Mas,
mais uma vez, “Habemus papam!”. E o
fumo branco – tradição que tem pouco mais de um século – saiu glorioso pela
chaminé montada temporariamente na Capela Sistina, fazendo ecoar pela Praça de
S. Pedro um grito de alegria saído do coração dos milhares de fiéis/crentes que
ali se acumularam durante dias à espera da Boa Nova!
E…
viva o Papa!
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