À procura da VERDADE nos Evangelhos
Evangelho segundo
S. JOÃO – 2/?
–“Jesus
olhou bem para Simão e disse: «Tu és Simão, filho de João. Vais-te chamar Cefas
(que quer dizer Pedra).»” (Jo 1,42) Porque mudou Jesus o nome a Simão? Só para
lhe dar um novo significado?… O que é certo é que Simão não ficou Cefas mas ficou,
para toda a posteridade, a chamar-se Simão Pedro ou simplesmente Pedro ou… S.
Pedro. Esta intervenção de Jesus, na mudança de nome, parece, pois, não ter
surtido qualquer efeito.
–
O diálogo entre Filipe – o terceiro a ser chamado – Natanael e Jesus pode
revelar-nos algo de estranho… “Filipe encontrou o seu amigo Natanael: «É Jesus
de Nazaré, filho de José.» Disse-lhe Natanael: «De Nazaré pode lá vir alguma
coisa boa?» Filipe respondeu-lhe: «Vem e verás.» Jesus comentou: «Eis um
autêntico israelita, em quem não há fingimento.» Natanael perguntou: «Donde me
conheces?» Jesus respondeu: «Antes que Filipe te chamasse, Eu vi-te quando
estavas debaixo da figueira.» Então, Natanael exclamou: «Mestre, Tu és o Filho
de Deus! Tu és o rei de Israel!» Disse-lhe Jesus: «Acreditas só porque te
disse: ‘Vi-te debaixo da figueira.’? Pois, hás-de ver coisas maiores do que
esta.» E acrescentou: «Eu vos garanto: vereis o Céu aberto e os anjos de Deus
subindo e descendo sobre o Filho do Homem.” (Jo 1,43-51)
– É realmente estranho… Novamente, os (in)dispensáveis anjos… a aumentarem o mistério do Filho do Homem, para nós, mas certamente também para eles, apóstolos, que parece nada terem entendido… Afinal, quando é que eles viram os anjos e o Céu aberto, onde certamente se vislumbraria Deus, e aquela correria de subindo e descendo? Quando? Ou, de outro modo: porque faz Jesus uma afirmação para nos confundir e nos maravilhar, quando nós não queríamos maravilhar-nos mas… ter certezas desse Céu e desse Deus? É uma atitude difícil de perdoar… Depois, essa expressão, repetida em outras ocasiões, de Filho do Homem, não sabemos se a contrapomos a Filho de Deus se são sinónimos. Estamos perante mais uma confusão...
– Quanto aos anjos, em boa verdade, apesar de simpáticos, só nos vêm atrapalhar e confundir! Um Céu sem anjos, mas apenas com Deus não é muito mais credível e racional e muito mais de acordo com as nossas mentes sequiosas de Verdade? Para quê meteu Jesus os anjos a andarem de um para outro lado, em correrias entre o Céu e a Terra? Para fazerem a tal ponte entre o humano e o divino? Lá que um Céu com legiões de anjos e música e tronos e um trono principal com direita e esquerda, onde se senta Deus, tem mais appeal, mais glamour…, não se contesta; mas não satisfaz a nossa sede de Verdade. Não passa do imaginário e fantasmagórico, o que é realmente muito pouco para nós e, em vez de contentes, enlevados, embevecidos, perante tantos anjos cheios de luz e um Deus cheio de luz e uns tronos cheios de luz e um Céu de luz estonteante, ficamos em turvas trevas, totalmente frustrados na nossa incapacidade de aceitar tais realidades que não passam de… de imaginações à moda humana!
Uma louca fantasia... Inefável, etérea, cativante, mas... fantasia!
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