terça-feira, 22 de outubro de 2019

Da natureza da alma humana - importante manifesto



Afinal, o que é a ALMA?

Dum ponto de vista científico, a alma humana não existe. É uma falácia a dicotomia clássica: alma e corpo como constituintes do Homem, ou as duas faces de uma só moeda. Ora, o Homem é o corpo e o seu Self (Eu). O Self é definido pelo ADN herdado – corpo e “alma” – dos seus progenitores: gamas masculino e feminino, normalmente não em partes iguais, mas prevalecendo ora um ora outro.
O todo-poderoso ADN, “imposto” a cada um no acto da sua concepção, determina a configuração/anatomia do corpo, corpo onde se desenvolve um cérebro no qual se localizam todas as prerrogativas ou atributos daquilo a que os clássicos chamaram de alma: carácter, capacidades sensoriais, emocionais e intelectuais, estando nestas, os diversos tipos de inteligência, da musical à matemática, à rítmica, à poética, etc., bem como as capacidades de raciocínios abstratos, de deduções lógico-matemáticas, de articulação e metaforismo da linguagem.
Embora o chimpanzé compartilhe com o Homem 99% da mesma cadeia de ADN, ele não possui aquelas capacidades, não indo além do Self animal tendencialmente irracional (não capaz de raciocínios abstratos ou elaborados nem de articulação da linguagem) que lhe foi dado no ADN pelos seus progenitores e que ele – tal como o Homem – irá transmitir aos seus descendentes. (No entanto, não será de excluir que, na evolução que nunca parou, desde que a Terra é Terra e, nela, a vida, dentro de uns milhões de anos, ele não “dê o salto” e se passe para o lado humano…)
Na verdade, a dita “alma” não é mais do que a manifestação da actividade cerebral exercida através e pelos mais de cem mil milhões de neurónios e suas sinapses (ligações ou conexões). Uma maravilha, um MILAGRE, um mistério que até nem será muito difícil de revelar/entender: os neurónios e suas sinapses, usando a energia que lhes é fornecida pelo sangue, são capazes de criar, fabricar, executar, ter e conter todas aquelas manifestações do Self.
Tal fantástica maravilha de “tecnologia” poderá levar-nos a perguntar se, para a conceber, não será necessário admitir um Deus-Criador, uma Super-Inteligência eterna, não deixando a explicação ao sabor da evolução nem do acaso.
Uma coisa, no entanto, é certa: o cérebro nasce com o corpo, desenvolve-se com o corpo, alimenta-se com o corpo, fazendo parte integrante dele – no limite, não podendo viver um sem o outro, numa concepção de vida que se queira totalmente humana – e quando este morre, o cérebro morre também, acabando-se ali o MILAGRE. Para lá da morte, nada restará nem de um nem de outro! Nem Self nem recordações dele! É o ciclo da vida de um ser que pertence ao Tempo.
Daí a impossível eternidade para a suposta mas inexistente “alma” dita espiritual. É que não há espírito nenhum: tudo matéria e energia! Admitir uma eternidade para um ser que começou – e forçosamente tem de acabar – no Tempo, seria admitir uma espécie de semi-recta, com princípio e sem fim. Um nonsense, claro!
A Ciência tem-se debruçado, nestes últimos cinquenta anos, sobre o estudo do cérebro, já conhecendo bem a sua actividade, os seus lóbulos e que capacidade é sediada em cada um deles. E isto através da análise de acidentes em que, perdendo o Homem um desses lóbulos, perde aquela capacidade, seja a emoção, o raciocínio, a articulação da linguagem ou outra qualquer capacidade dita espiritual. Tal facto reforça a sua natureza de “substituto” da clássica alma.
A actividade cerebral é, no Homem, a expressão máxima da energia em acção, podendo-se equiparar, de algum modo, à energia eléctrica, conjunto de partículas luminosas que se propagam ondulantemente, mas sem se verem…
Linda, bela a realidade de se ser Homem! Então, alegremo-nos! Somos MILAGRE!
Infelizmente, um “milagre” a prazo, já que frutos do Tempo e no Tempo, onde um dia começámos e, cedo ou tarde, acabaremos, átomos e moléculas integrando-se no NADA/TUDO donde viemos. Logo, para cada um de nós, “milagre” único e irrepetível!
Eis a grande razão de viver a VIDA no seu máximo, nunca esquecendo de bem tratar este invólucro/ suporte da “ALMA” que é o nosso querido CORPO!
Claro que podemos continuar a usar a palavra alma como substituta do Eu. Mas teremos de fazer vénia à Ciência que coloca a realidade humana (e animal) no seu devido lugar…


2 comentários:

  1. Então, o que fazer com os que, sem provas da sua existência, nos dizem – como Jesus Cristo e seus seguidores/pregadores/crentes – que, depois da morte, após uma ressurreição (que ninguém sabe como é/será; se do corpo, se da alma, se de ambos), é a vida eterna, vida eterna num Paraíso de delícias para os que foram bons na Terra e no Tempo, num inferno de tormentos para os que não se portaram lá muito bem, também nesse mesmo Tempo?...

    Os que são imbuídos de espírito científico só podem dizer: “Apenas palavras bonitas, tudo fantasias, desejos, sonhos engendrados por cérebros de alguns humanos que foram/são ou se julgaram/julgam privilegiados e iluminados por um Além inexistente, também fruto da sua fértil imaginação!”

    Mas vivam os pobres de espírito, os que não questionam, os crentes, pois é deles o “Reino dos Céus”. E se a crença em fantasias ajuda a viver bem a VIDA – este “milagre”, para cada um, único e irrepetível – que seja bem-vinda! E diríamos, imitando JC: “Para quê ser científico se a crença nessa fantasia da vida eterna no Céu me ajuda a viver ao máximo o milagre da Vida a que tive a sorte de aceder, vida que nem sempre é feita de sorrisos mas de lágrimas?”

    E nem vale a pena questionar o que haverá, para o ser humano, para além da morte… Se TUDO se NADA! Uma certeza, porém: o que houver será igual para todos: crentes e não crentes!


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  2. O que é a morte?

    - Morrer é como se, tranquilamente deitados, olhos fechados em rosto sereno, fôssemos transportados por braços possantes, totalmente tranquilos, sem medos, sem receios, e nos atirassem janela fora de qualquer alto prédio, transformando-nos, naquele preciso momento, em átomos e moléculas que, cedo ou tarde, aqui, ali ou acolá se iriam integrar na tal matéria donde viemos.

    Para todos? – Não! Atirado daquela alta janela, o crente acredita que se transformará em corpo glorioso para se tornar espírito com a alma, indo juntinhos, num só, para a eternidade num Céu de delícias com Deus e os anjos, ou num Inferno de sofrimento com o Sr. Diabo e seus acólitos.

    Ah, como a fantasia nos ajuda a encarar, sorrindo, a problemática existencial do nosso fim último! Enfim: perante o mistério, VIVA O SORRISO!

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