sábado, 2 de novembro de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 242/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 38/?

– Mas as perguntas voltam em catadupa: “O que é realmente seguir Jesus Cristo? O que é renunciar a si mesmo? O que é tomar a nossa cruz e seguir a Jesus? O que é salvar a vida? O que é perder a vida por causa de Jesus?”
E como é que a perdemos se a quisermos salvar e a ganhamos se a perdermos por amor de Cristo?
– O trocadilho é bonito. Até parece cheio de significado. Mas ficamos sem saber se seguir a Cristo é entregar-se aos irmãos e à comunidade; se tomar a cruz é simplesmente aceitar resignadamente o sofrimento e as intempéries da vida - e às vezes são tantas!…; se o ganhar o mundo inteiro é o deixar-nos levar pelas preocupações das riquezas, do bem-estar, dos prazeres desta vida, querendo “servir a dois senhores: a Deus e ao dinheiro” (Mt 6,24; 10,24; Lc 16,13)… tendo que seguir o tremendo conselho: “Se o teu olho ou a tua mão te levam ao pecado, arranca-os e deita-os fora, pois é melhor entrar no Céu sem um olho ou sem uma mão do que ser lançado no inferno com o corpo inteiro.”… (Mt 5,29; 18,8)
Ou… seguir a Cristo será apenas o cumprir os mandamentos da Lei mosaica – lei que repete o antigo Código de Hamurabi – que é bem evidente que se devem cumprir para sermos dignos da nossa condição de Homens que querem ou precisam de viver em sociedade e para quem a liberdade de uns acaba onde começa a liberdade dos outros, tendo todos os mesmos direitos?
Enfim, porque é que - grande e incontornável pergunta! - as palavras de Jesus Cristo nos deixam sempre com tantas interrogações a que ninguém sabe responder? Porquê? Que objectivos? Não parece contradizer-Se a Si e à sua própria mensagem? Não vinha Ele para nos salvar? Veio afinal para nos confundir? Deu-nos com uma mão - a sua mensagem de amor ao próximo, os seus milagres, o seu poder interventor junto das forças da Natureza, curando tudo quanto era doença, e junto dos espíritos malignos, expulsando tudo quanto era demónio, começando por repeli-lo quando Ele próprio foi tentado no deserto (Mt 4,1)… - e tirou-nos com a outra toda a esperança no Céu, ao deixar-nos nesta montanha de dúvidas que diria inultrapassáveis?
Dúvidas do Céu, do Pai, do Paraíso, da eternidade que apregoa nas palavras e até nas obras mas a Ele parecem confinar-se, nada sobrando para nós…
É tudo muito complicado, não é? Que pensarão todos aqueles que tiveram a “boa vontade” de nos ler até aqui e acompanhar-nos em todas estas nossas ansiosas buscas da VERDADE?
Finalmente, e quase repetindo-nos, outra angustiante pergunta: “Resistirá” a divindade de Jesus Cristo, em que realmente quiséramos acreditar, a tantas perguntas sem resposta?…
– Mas voltemos à frase fantástica: “Que adianta ao Homem ganhar o mundo inteiro se vem a perder a sua alma?”. Entende-se a vida eterna, está claro, a vida da alma, que do corpo parece não interessar falar… E realmente nada interessa, absolutamente nada ganhar uma vida terrena, bens terrenos, tão passageiros e efémeros, eles e a vida, que aliás deixamos para os outros que nem sabemos bem quem são ou serão, como já se queixava Coélet no Eclesiastes… (Ecl 2,18-19) O que interessa é a vida eterna, não há dúvida! Aliás, Cristo repete a ideia de “Não acumuleis riquezas na Terra, perecíveis, esforçai-vos por acumular riquezas no Céu.” (Mt 6,20)
Valerá a pena repetir que é dessa vida que andamos à procura, melhor, da certeza de que ela existe realmente? E que Jesus ainda não nos deu nenhuma certeza convincente de que tal vida exista? Só palavras?!…
Depois, com franqueza, mutilar o corpo, arrancando mãos e olhos – ou, no limite, suicidando-nos – para não perdermos a vida eterna até teria sentido se essa vida fosse uma evidência. Mas como tudo – TUDO! – leva a crer que é uma miragem, uma total fantasia, seríamos realmente muito pouco inteligentes se tal fizéssemos ou se de qualquer modo maltratássemos este nosso querido corpo que nos traz vivos…

1 comentário:

  1. Causam moça em qualquer espírito crítico aquelas palavras dramáticas de JC. É que foram tais palavras que levaram muitos - agora ditos santos e mártires - ao sacrifício desta vida, ou deixando-se matar ou ciliciando-se ou enclausurando-se, abstendo-se de tantos agradáveis prazeres que a vida comporta.
    Acredita-se que JC estivesse totalmente convencido de que a vida eterna e o seu Céu junto de Deus-Pai existiam mesmo. Problema é que, pelo facto dele acreditar nisso não significa que o objecto da sua crença fosse/seja real. Então - e perdoem-me os crentes - JC cometeu um gravíssimo erro e uma gravíssima injustiça para com todos aqueles que, acreditando nele, sofreram tantos martírios no corpo e na alma, afinal, por causa nenhuma: eternidade e Céu simplesmente não existem e, com a morte, acaba tudo pois tudo - alma e corpo - pertencendo ao Tempo, se teve um início tem forçosamente de ter um fim equivalente: veio do NADA e regressa ao NADA! Mas viva o SORRISO enquanto há vida!...

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