sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 206/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 2/?

– Mateus narra o nascimento de Jesus, secamente, “… em Belém… numa casa…” (Mt 2,1 e 11), sem gruta, nem frio, nem animaizinhos aquecendo o recém-nascido, figuras e lendas que encantam os nossos presépios e encantaram os nossos olhos de criança, mas, obviamente, “romantismos” inventados, mais tarde, por Lucas… E foram esses “romantismos” que levaram poetas e músicos a criar canções de embalar, repletas de melodias, glórias, aleluias, hossanas! Não há dúvida: em canções natalícias rivalizamos, na Terra, com os anjos que, em coros celestiais, continuam a cantar os louvores e as maravilhas divinas… Se é que há anjos, se é que têm vozes, se é que há maravilhas feitas por Deus, se é que há um… Céu!
– Aqui, talvez para tentar convencer a forte e influente classe sacerdotal, Mateus volta a apelar para as Escrituras: “E tu Belém, (…) de ti sairá um Chefe …” (Mt 2,6) Depois, descreve como os sábios vêm adorá-Lo e voltam por outro caminho, enganando Herodes. Segue-se a narrativa da fuga para o Egipto.
– Num e noutro caso, o sonho desempenha papel primordial como instrumento de Deus para dirigir o Homem. Há pouco, foram os sábios (Mt 2,12); no princípio e agora, é José. (Mt 1,20; 2-13,19 e 22). Ora, os sonhos, tal como a intervenção de anjos, não merecem qualquer credibilidade histórica.
Pondo de parte a história pouco relevante, por ingénua, dos sábios que vêm ao presépio e depois enganam Herodes, falemos de um maior problema, a nível de credibilidade: a suposta matança dos inocentes, bebés até dois anos, cujo anúncio em sonhos a José teria originado a fuga para o Egipto. (Mt 2,16) Não só porque, em si, seria estúpida e sem motivo real, mas também porque de tal facto não reza o historiador da época que merece bastante credibilidade, Flávio Josefo, historiador que relata várias atrocidades cometidas por Herodes, mesmo contra os próprios familiares. Portanto, deduz-se que tenha sido mais uma invenção de Mateus, imitando também relatos antigos de perseguição aos meninos-deuses. Acrescente-se que Mateus é o único evangelista a referir tal “facto”…
– A pregação de João Baptista vem na mais “pura” linha de muitos dos profetas do AT. Aparecem assim algumas palavras-chave: “O Reino dos Céus … Confessavam os seus erros e ele baptizava-os… Castigo de Deus que se aproxima… O machado está pronto para cortar…” (Mt 3)
E aquele “raça de víboras” com que ele mimoseava os fariseus e saduceus? – Era, com toda a certeza, merecido! E também eficaz, pois eles, certamente com medo do Deus terrível que se aproximava, lá iam baptizar-se e… arrepender-se! (Mt 3)
– No primeiro encontro-desencontro de Jesus com Deus, o maravilhoso acontece: “Abriram-se os Céus e Jesus viu o Espírito de Deus a descer sobre Ele, como uma pomba. E uma voz do Céu dizia: «Este é o meu Filho muito querido. Tenho nele a maior satisfação.»” (Mt 3,16-17)
Que valor histórico tem tal maravilhoso? Quem ouviu a “voz do Céu”? E porque desceu o Espírito de Deus em forma de pomba e não noutra forma qualquer? E quem viu esta “pomba” para se poder afirmar que existiu? E se Jesus Cristo era Deus, porque precisava que o Espírito de Deus descesse sobre Ele?
Constata-se ainda que Deus fala como qualquer pai terreno o faria. Mas… não começamos já a humanizar Deus, tal como se fez na Bíblia do AT? Vamos também aqui ter um Deus limitado no tempo e no espaço, quando, a existir, Deus tem de ser o Deus de todos os tempos e de todos os espaços porque fora do tempo - eterno - e fora do espaço - infinito?
“Este é o meu Filho muito querido”! Perguntaremos, mais tarde, a Deus-Pai: “Então, porque O vais deixar ou “obrigar” a morrer numa cruz?…”
Enfim, porque foi Jesus baptizado? (Mt 3,13) Também precisava de purificação ou foi apenas para integrar e confirmar a pregação de João Baptista? É que, sendo filho de Deus, nascido de uma virgem por acção do Espírito Santo, o baptismo não faz qualquer sentido… (Como, aliás, não faz sentido para qualquer Homem, já que a purificação do pecado original implicaria que tal pecado tivesse existido, facto impossível, pois os seus supostos autores – Adão e Eva – simplesmente também não existiram…)

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