À procura da VERDADE nos
Evangelhos
Evangelho segundo S. MATEUS
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– Mateus narra o nascimento de Jesus, secamente, “… em
Belém… numa casa…” (Mt 2,1 e 11), sem gruta, nem frio, nem animaizinhos
aquecendo o recém-nascido, figuras e lendas que encantam os nossos presépios e
encantaram os nossos olhos de criança, mas, obviamente, “romantismos” inventados,
mais tarde, por Lucas… E foram esses “romantismos” que levaram poetas e músicos
a criar canções de embalar, repletas de melodias, glórias, aleluias, hossanas! Não
há dúvida: em canções natalícias rivalizamos, na Terra, com os anjos que, em
coros celestiais, continuam a cantar os louvores e as maravilhas divinas… Se é
que há anjos, se é que têm vozes, se é que há maravilhas feitas por Deus, se é
que há um… Céu!
– Aqui, talvez para tentar convencer a forte e influente
classe sacerdotal, Mateus volta a apelar para as Escrituras: “E tu Belém, (…) de
ti sairá um Chefe …” (Mt 2,6) Depois, descreve como os sábios vêm adorá-Lo e
voltam por outro caminho, enganando Herodes. Segue-se a narrativa da fuga para
o Egipto.
– Num e noutro caso, o sonho desempenha papel primordial
como instrumento de Deus para dirigir o Homem. Há pouco, foram os sábios (Mt
2,12); no princípio e agora, é José. (Mt 1,20; 2-13,19 e 22). Ora, os sonhos,
tal como a intervenção de anjos, não merecem qualquer credibilidade histórica.
Pondo de parte a história pouco relevante, por ingénua, dos
sábios que vêm ao presépio e depois enganam Herodes, falemos de um maior problema,
a nível de credibilidade: a suposta matança dos inocentes, bebés até dois anos,
cujo anúncio em sonhos a José teria originado a fuga para o Egipto. (Mt 2,16) Não
só porque, em si, seria estúpida e sem motivo real, mas também porque de tal
facto não reza o historiador da época que merece bastante credibilidade, Flávio
Josefo, historiador que relata várias atrocidades cometidas por Herodes, mesmo
contra os próprios familiares. Portanto, deduz-se que tenha sido mais uma
invenção de Mateus, imitando também relatos antigos de perseguição aos
meninos-deuses. Acrescente-se que Mateus é o único evangelista a referir tal
“facto”…
– A pregação de João Baptista vem na mais “pura” linha de
muitos dos profetas do AT. Aparecem assim algumas palavras-chave: “O Reino dos
Céus … Confessavam os seus erros e ele baptizava-os… Castigo de Deus que se
aproxima… O machado está pronto para cortar…” (Mt 3)
E aquele “raça de víboras” com que ele mimoseava os fariseus
e saduceus? – Era, com toda a certeza, merecido! E também eficaz, pois eles,
certamente com medo do Deus terrível que se aproximava, lá iam baptizar-se e…
arrepender-se! (Mt 3)
– No primeiro encontro-desencontro de Jesus com Deus, o
maravilhoso acontece: “Abriram-se os Céus e Jesus viu o Espírito de Deus a
descer sobre Ele, como uma pomba. E uma voz do Céu dizia: «Este é o meu Filho
muito querido. Tenho nele a maior satisfação.»” (Mt 3,16-17)
Que valor histórico tem tal maravilhoso? Quem ouviu a “voz
do Céu”? E porque desceu o Espírito de Deus em forma de pomba e não noutra
forma qualquer? E quem viu esta “pomba” para se poder afirmar que existiu? E se
Jesus Cristo era Deus, porque precisava que o Espírito de Deus descesse sobre
Ele?
Constata-se ainda que Deus fala como qualquer pai terreno o
faria. Mas… não começamos já a humanizar Deus, tal como se fez na Bíblia do AT?
Vamos também aqui ter um Deus limitado no tempo e no espaço, quando, a existir,
Deus tem de ser o Deus de todos os tempos e de todos os espaços porque fora do
tempo - eterno - e fora do espaço - infinito?
“Este é o meu Filho muito querido”! Perguntaremos, mais
tarde, a Deus-Pai: “Então, porque O vais deixar ou “obrigar” a morrer numa
cruz?…”
Enfim, porque foi Jesus baptizado? (Mt 3,13) Também
precisava de purificação ou foi apenas para integrar e confirmar a pregação de
João Baptista? É que, sendo filho de Deus, nascido de uma virgem por acção do
Espírito Santo, o baptismo não faz qualquer sentido… (Como, aliás, não faz
sentido para qualquer Homem, já que a purificação do pecado original implicaria
que tal pecado tivesse existido, facto impossível, pois os seus supostos autores – Adão
e Eva – simplesmente também não existiram…)
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