Preâmbulo 2
– O Messias! O Salvador! O Libertador do pecado!… Mas…
Salvador de quê? Do Homem? Que Homem? O da proto-história, ou o dos tempos de
Cristo, prolongando-se no de hoje? E Libertador do pecado? Que pecado? Acaso houve realmente
pecado? O que é isso de “pecado original”?
Aliás, quando nas Escrituras do Antigo Testamento, se fala em
Messias, o Salvador, era apenas no seu significado de Salvador terreno do
povo eleito, Israel, das garras - mais uma vez! - dos seus inimigos, ou do
cativeiro da Babilónia: “Mas tu, Belém (…), é de ti que sairá para Mim Aquele que
há-de ser o chefe de Israel! (…) De pé, Ele governará com a própria força de
Javé. (…) Ele estenderá o seu poder até às extremidades da Terra. Ele próprio
será a paz. (…) Ele nos livrará da Assíria se ela invadir o nosso território e
atravessar as nossas fronteiras.” (Mq 5,1-5)
Mais: foi neste sentido que o interpretaram os Apóstolos e o
povo, quando a mãe de Tiago e João pediu a Jesus um bom lugar no seu Reino. (Mt
20,20; Mc 10,35) Até houve entre os Apóstolos aquela discussão de qual seria o
primeiro no Reino dos Céus, tendo nós dúvidas de que não tomassem tal Reino por
reino deste mundo... (Mt 18,1), ficando eles decepcionados ou confusos, quando
ouviram Jesus afirmar, perante Pilatos: “O meu Reino não é deste mundo…”.
Note-se que, na Introdução ao Evangelho de Mateus, se diz: “Jesus
é o Messias que realiza todas as promessas do Antigo Testamento. Essa
realização ultrapassa as expectativas puramente terrenas e materiais dos
contemporâneos de Jesus, que esperavam apenas um rei nacionalista que os
libertaria da dominação romana. Frustrados nas suas expectativas, rejeitam-No e
entregam-No à morte.” E ainda na Introdução a Marcos: “Nessa época, tinha-se a
ideia de que o Messias faria com que Israel retomasse o antigo esplendor dos
tempos de David e Salomão.” (1)
Ora, o Reino!… Se não é deste mundo, de que mundo é então? - já
noutros lugares perguntámos. E tantas perguntas temos sobre esse Reino, tantas!…
Onde é esse Reino? No céu? Que céu? Como lá chegar? Quando? Quem de lá veio
para no-lo afirmar que realmente existe, sem rodeios de parábolas ou mistérios
como o próprio Jesus tudo deixou? Quem?
A vontade é de perguntar ainda ao próprio Deus:
"Porque não envias tantos mensageiros quantos sejam
necessários até que todos os Homens acreditem e… se salvem, atingindo os teus
objectivos de salvação dos mesmos Homens, mas não tendo de morrer tão ignominiosamente e tão
sofredoramente na cruz, como morreu o dito teu filho Jesus?"
E, ainda, a propósito: "Que Pai - sendo Pai! - deixa - pior: quer,
exige! - que um filho morra assim numa cruz? Houve algum objectivo para que
tal tivesse acontecido? Ou, por ser teu filho, não sofreu realmente mas foi
tudo aparências? Tudo fingimento?" Ao que isto nos levaria, Santo Deus-Pai!
E, falando abertamente: "Assim, só podemos fazer conjecturas. O teu filho parece ter deixado tudo muito confuso, apelando
sempre para o mistério, quando merecíamos que nos falasse mais claramente. E se, da primeira vez, não
entendemos, bem merecíamos - bem merecia o Teu esforço de Salvação - que enviasses cá de novo o teu Filho ou outro mensageiro para que, enfim, todos acreditássemos e nos
salvássemos, alcançando o prometido Céu, para contigo e com os anjos -
que também não entendemos! - passar toda uma bem-aventurada eternidade! É que nós procuramos ser virtuosos. Nós sofremos o bastante aqui na Terra para merecermos tal Céu. Então, vá, não percas mais tempo: envia cá de novo um mensageiro credível e convincente!"
Bem, a verdade é que continuamos acorrentados na total incerteza
do Além e no desejo atroz de o querer desvendar! Vamos ver se Jesus Cristo que
foi, desde que o Homem é Homem, o único que parece ter tido algumas palavras de vida
eterna, nos dá mais que meias-respostas, mais que uma Verdade obnubilada em
mistérios, mais que parábolas que, em vez de nos esclarecerem, só nos deixam
mais confundidos!…
(1) - NOTA:
As introduções, citações e notas referidas ao longo do livro, são as da versão
da Bíblia, da Sociedade Bíblica Católica Internacional, PAULUS 1993 e/ou do
Novo Testamento e Salmos, da Sociedade Bíblica de Portugal, 1994
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