À procura da VERDADE nos Evangelhos
Evangelho segundo S. LUCAS – 7/?
“Apareceu então certa mulher,
conhecida na cidade como pecadora. Ela, sabendo que Jesus estava à mesa na casa
do fariseu, levou um frasco de alabastro com perfume. A mulher colocou-se por
detrás, chorando aos pés de Jesus. Com as lágrimas banhava-Lhe os pés e
enxugava-os com os seus cabelos; cobria-os de beijos e ungia-os com perfume.
Vendo isso, o fariseu que havia convidado Jesus, pensou: «Se este homem fosse
mesmo um profeta, saberia que a mulher que Lhe está a tocar é pecadora.» (…)
Jesus disse-lhe: «Quando entrei em tua casa, não Me ofereceste água para lavar
os pés; ela porém, banhou-Me os pés com lágrimas e enxugou-os com os cabelos.
Não me deste o beijo de saudação; ela porém, desde que entrei, não deixou de Me
beijar os pés. Não derramaste óleo na minha cabeça; ela porém ungiu-Me os pés com
perfume. (…) A quem muito amou, muito foi perdoado.» (…) Então, Jesus disse à
mulher: «Os teus pecados estão perdoados. Vai em paz! A tua fé te salvou.» (Lc
7,37-50)
– Escreve bem este Lucas! A
cena, assim descrita, é comovente, toca a alma… Não sabemos que sentimento
levou aquela mulher, rotulada de pecadora, a prostrar-se aos pés de Jesus,
chorando, enxugando, beijando, ungindo… Que pretenderia ela realmente? Que lhe
fossem perdoados os pecados e, em seguida, deixar aquela “vida”? Como veria ela
Jesus? Como um belo homem para ser amado ou como um profeta, um enviado de Deus
com poder de perdoar pecados?
Presume-se que fosse
prostituta. Logo… pecadora aos olhos do “mundo”! Então, onde teria ela a
condenação? No tempo, enquanto a troco de boa soma, embora, assumia
comportamentos de risco, de violência, de doenças, de indesejáveis gravidezes,
atormentando-lhe assim corpo e alma com permanentes receios ou… nessa misteriosa
eternidade apregoada por esse misterioso Jesus? É que a prostituta, a sociedade
aceita e… condena, usa e… condena, chama chaga social mas fecha os olhos e não
sabe ou não quer encontrar razões da sua existência e do facto de ser profissão
tão velha como a humanidade… De facto, pode afirmar-se que desempenha uma
função social e, por isso, tolerável aos olhos de todos embora ninguém queira
aceitar, por pruridos de uma falsa pureza da sociedade…
No entanto, ali, não seria de
esperar outra coisa de Jesus senão defendê-la. Embora talvez não de maneira tão convincente,
tão insistente, tão… “apaixonada”!
Resta-nos perguntar onde
estará agora essa mulher que, embora anónima, também será lembrada enquanto
houver homens que leiam estes testemunhos acerca de Jesus Cristo. Teria voltado
à “vida”, estando agora no inferno, ou, tendo-se dedicado à caridade e a outros
amores mais puros, está, desde há dois mil anos, na bem-aventurança do Céu?
Quiséramos tanto saber, não é?!…
Lembraremos, no entanto, que
o inferno não existe e que o Céu – infelizmente, tão infelizmente, meu Deus! –
também não. Por isso, é fácil a resposta…
Enfim, a cena não deixa de
ser, por um lado, uma manifestação de amor, de coragem, de arrependimento, por
parte de uma mulher que estaria carente de afectos, já que só receberia
enxovalhos de quem dela usava e abusava, fosse ou não a troco de algumas moedas
sofridas e envenenadas, sem um sorriso, um carinho, uma palavra de simpatia…;
por outro, revela-nos um Jesus no seu melhor, defendendo um dos elos mais
fracos da sociedade.
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