À procura da VERDADE nos
Evangelhos
Evangelho segundo S. LUCAS –
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– Os milagres continuam a
acontecer! É Isabel que fica iluminada, é a criança que salta, é a profecia de
que tudo vai acontecer como fora prometido a Maria…
Completa-se aqui a primeira
parte do “Avé Maria” que encheu de graça as nossas bocas de criança e de
inspiração músicos como Schubert ou Gounod…
No entanto, não podemos
deixar de frisar que Lucas continua na senda da narrativa do que lhe contaram e
não do que consideraria ou não histórico. Por isso, a veracidade do narrado
como acontecido é simplesmente nula. Bonito, embora!
– O Cântico de Maria - o Magnificat - “A minha alma proclama a grandeza
do Senhor…” (Lc 1,40) é realmente belo, imitando os mais belos cânticos das
antigas Escrituras. Mas… quem lho terá ouvido? Quem o terá retido para dele dar
fiel reprodução? Ou… quem o terá escrito e colocado na boca de Maria?
E logo nasce João Baptista,
sendo-lhe dado o nome de João como Gabriel havia dito a Zacarias que, a partir
daquele momento, voltou a falar…:“O pai Zacarias, cheio do Espírito Santo,
profetizou dizendo: «Bendito seja o Senhor, Deus de Israel (…) E tu, menino,
serás chamado profeta do Altíssimo, porque irás à frente do Senhor para Lhe
preparar os caminhos. (…)»” (Lc 1,67 e 76)
– Também perguntaríamos:
“Quem reteve tais palavras para delas dar fiel testemunho a Lucas que no-las
transmitiu?”
E se houve milagre no castigo
da mudez de Zacarias, também o houve no seu voltar a falar… Muitos milagres
havia naquele tempo, santo Deus!…
– Segue-se o nascimento de
Jesus como já Mateus contara no seu Evangelho.
Mas Lucas dá lugar ao
maravilhoso que, se por um lado embeleza a sua narrativa, por outro retira-lhe
credibilidade histórica… “Naquela região, havia pastores (…) Um anjo do Senhor
apareceu aos pastores (…): «Não tenhais medo! Eu anuncio-vos a Boa Nova que
será motivo de grande alegria para todo o povo: hoje na cidade de David,
nasceu-vos um Salvador, que é o Messias, o Senhor. Poderão reconhecê-Lo assim:
encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoira.» De repente,
juntou-se ao anjo uma grande multidão de anjos, cantando louvores a Deus,
dizendo: «Glória a Deus no mais alto dos Céus e paz na Terra aos homens por Ele
amados.» Mal os anjos partiram para o Céu, os pastores (…) foram à pressa e
encontraram Maria e José e o recém-nascido deitado numa manjedoira.” (Lc
2,7-16)
– Realmente, o maravilhoso
encanta! Os anjos – essas figuras irreais aladas – falando e cantando… também! É
o Natal!
E são tantas as canções que,
ao longo da História, se compuseram a propósito desta narrativa! E não há quem
não se deixe encantar por toda a imensa poesia idílico-pastoril criada à volta
de uma vida que nasce assim, romanticamente pobre, sendo supostamente divina!
Mas o real histórico de que
Cristo tenha nascido numa manjedoira na cidade de David fica envolto em dúvidas,
dúvidas que nos roubam o gostinho dos presépios milenares…
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