À procura da VERDADE nos
Evangelhos
Evangelho segundo S. MARCOS – 2/2
– A oferta da viúva pobre ao Templo é exemplar: “Os outros
deram do que lhes sobejava; ela, porém, da sua pobreza, deu tudo o que tinha
para viver.” (Mc 12,44)
– Só poderíamos perguntar a Jesus porque não disse à pobre
viúva: “Não dês tudo porque, em primeiro lugar, está a tua vida e, depois, o
Templo, pois como podes servir a Deus, morrendo… de fome?” No entanto, compreende-se:
assim, radicalizando, a mensagem tem mais impacto.
– “«Quem acreditar e for baptizado será salvo. Quem não
acreditar será condenado. Os que acreditarem serão conhecidos por estes sinais:
expulsarão demónios em meu nome e falarão novas línguas; se pegarem em
serpentes ou beberem algum veneno, não sofrerão nenhum mal. E quando colocarem
as mãos sobre os doentes, estes ficarão curados.» Depois de ter falado aos
discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus.”
(Mc 16,16-19)
– Marcos não foi um dos doze. Certamente, poucas ou nenhumas
vezes, foi testemunha ocular dos factos narrados no seu evangelho. Daí,
certamente, ter-se socorrido de relatos que corriam entre os cristãos. Neste
final, como em vários outros episódios, há ligeiras diferenças entre Marcos e
Mateus, mais significativas umas que outras. Aqui, é a condenação do que não
for baptizado ou não acreditar… Teríamos de perguntar o que é realmente
acreditar e o que é realmente o baptismo…E o que é ser condenado e condenado a
quê. À perdição eterna? E teríamos também de perguntar porque já não há hoje
quem expulse os demónios, nem beba veneno sem sofrer mal, nem imponha as mãos e
cure os doentes… É que naquele tempo, como já referimos para Mateus, o poder de
fazer milagres parece que emanava de Jesus Cristo, antes dele, com ele e logo depois
dele. Ou… não! Simplesmente porque não houve milagre algum. Tudo invenção dos
cronistas/evangelistas/narradores de ditos/boatos e não de factos.
Nas Escrituras do A.T., foram os milagres de Moisés e de
todos os profetas, sobretudo Eliseu que parece ter realizado tantos ou quase
tantos milagres como Jesus Cristo. No Novo Testamento, é a avalanche de
milagres realizados por Jesus. Agora, segundo Marcos, também pelos discípulos e
por outros (que outros?) a quem foi dado tal poder… Impossível de tudo isto ser
verdadeiro, não é?
Objectivamente, não há qualquer diferença entre o milagre da
água que brotou da rocha, o maná que alimentou durante quarenta anos os
israelitas no deserto e a multiplicação dos pães e dos peixes ou a
transformação da água em vinho…
Desde que se aceite a intervenção de Deus na matéria, nada
do que seja extraordinário ou sobrenatural nos poderá perturbar ou surpreender…
No entanto, estamos sempre no campo da Fé num divino de que não há qualquer
prova de que exista e tenha intervindo na Terra, naquela época ou noutra
qualquer.
Mas Marcos continua a afirmar: “Os discípulos foram então
pregar a Boa Nova por toda a parte. E o Senhor ajudava-os e confirmava os seus
ensinamentos por meio de milagres.” (Mc 16,20) Ninguém, de boa fé, poderá ter
este testemunho como verdadeiro.
E ainda: que milagres fizeram os discípulos? Ou: o que era
“milagre” para aquela gente, tanto para os que deles dão testemunhos como para
os que os supostamente realizavam? – Sem respostas, concluiríamos – como aliás,
concluímos em Mateus – que, afinal, não houve milagre nenhum quer realizado por
Jesus, quer realizado por qualquer apóstolo ou discípulo. Milagre, no sentido
de reversão da ordem natural das coisas e da matéria. Curas extraordinárias,
claro! Sempre, ao longo da História, houve notícia de curandeiros que fizeram
“milagres”… E, ainda hoje, há curas que a medicina não consegue explicar. Vamos
falar de milagre? – Obviamente que não! Seria um acto de precipitação
intelectual.
Fomos parcos nos comentários a Marcos. É que ele é sinóptico com Mateus que o copiou, sendo mais antigo. Não fazia sentido repetir-nos. Por isso, apenas estes 2 textos.
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