À procura da VERDADE nos
Evangelhos
Evangelho segundo S. LUCAS –
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– “No sexto mês de gravidez
de Isabel, Deus enviou o anjo Gabriel a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré
para falar com uma jovem chamada Maria, que estava noiva de José, descendente
do rei David. (…): «Eu te saúdo, ó cheia de graça! O Senhor está contigo! (…)
Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Vais ficar
grávida e terás um filho a quem vais pôr o nome de Jesus. Ele será grande e
será chamado Filho do Altíssimo. E o Senhor dar-Lhe-á o trono do seu pai David
e Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacob. E o seu reino não terá
fim.» Maria perguntou ao anjo: «Como vai acontecer isso, se sou virgem?» O anjo
respondeu: «O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá
com a sua sombra. Por isso, o Santo que vai nascer de ti será chamado Filho de
Deus. Também a tua parente Isabel, apesar da sua velhice, concebeu um filho.
Aquela que era considerada estéril já há seis meses que está grávida. Para
Deus, nada é impossível.»” (Lc 1,26-37)
– Este texto é fundamental na
origem do Cristianismo! Lucas é também o único evangelista a narrar tal “facto”
que certamente lhe contaram, com devota religiosidade, umas dezenas de anos
depois de ter acontecido e já fazendo parte da tradição catequética da
primitiva Igreja. O grande milagre acontece: uma virgem vai dar à luz, sem ter
conhecido homem. Mas dentro da economia do milagre, este era milagre que se
impunha da parte de Deus. Com todo o seu poder no Céu e na Terra, porque não
fazer nascer o seu filho muito amado de modo diferente do de qualquer humano?
Mas… que trono de David é aquele?
Que reino sobre os descendentes de Jacob, o mesmo é dizer sobre os israelitas?
E como não terá fim o seu reino… na Terra ou no Céu?
E porque volta a existir um
anjo, anjo que tem de argumentar com o que aconteceu a Isabel para convencer
Maria? Ou quis apenas dar-lhe a notícia?
Aliás, perante tal
convite-imposição divina, que poderia dizer Maria senão: «Eis a escrava do
senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra.»? (Lc 1,38) Imaginemos que
recusava… Que castigo ali lhe seria dado, a avaliar pelo castigo dado a
Zacarias apenas por ter questionado o que não entendia?…
Um anjo – o mesmo mensageiro
de Deus enviado a Zacarias, marido de Isabel, prima de Maria, Gabriel – na base
da construção do Cristianismo! Mas… os anjos não existem, santo Deus! São simpáticas
figuras puramente lendárias ou fantasiadas pelos humanos que criaram o Olimpo
dos deuses, ou o Céu, morada de Deus, e pelo Céu circulam diafanamente,
aladamente… Então?!
Depois, Maria ser fecundada
pelo Espírito Santo é… fantasia a mais, Senhor! Claro que os criadores do
Cristianismo dizem tratar-se de um mistério. Neste caso, de dois: o mistério da
Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito santo) e o mistério da Encarnação,
de cujo milagre vai nascer o Filho, feito homem, ou o Verbo Encarnado, como os
medievais lhe chamaram! Lucas, inspirado ou não, faz renascer aqui as lendas
antigas do nascimento de deuses, de virgens também fecundadas por outros
deuses. Como se tratava do nascimento do Filho de Deus, tinha que haver
“divino” no seu nascimento. O conceito de Santíssima Trindade talvez tenha sido
importado das religiões orientais.
No entanto, não deixa de se
passar algo caricato: o Espírito Santo que é Deus com o Pai e o Filho vai
fecundar Maria para dela nascer o mesmo Filho? Uma total confusão que nem o
mistério consegue salvar. Os inventores da Santíssima Trindade e do mistério da
Encarnação de certeza que não pensaram nisso. Ou, então, pensaram que lhes bastaria
dizer que era… Mistério!
Conclusão: Uma história
bonita para se contar a crianças. Mas, obviamente, não para dar credibilidade histórica
a Jesus, como Filho de Deus, em cuja aura se baseia o Cristianismo.
Enfim, de histórico,
retira-se simplesmente que Maria ficou grávida, antes de casar com o seu noivo
José, tendo dessa gravidez nascido Jesus.
No entanto, sendo facto tão
relevante na história do Cristianismo, é muito estranho que seja omisso nos
outros evangelhos. Muito estranho mesmo!
Quanto ao facto de Maria aparecer grávida, e de cuja gravidez nasceu um menino a quem puseram o nome de Jesus, resumimos a ideia de um racionalista: Maria estava noiva de José e terá sido engravidada por um militar romano, o ocupante ao tempo da Galiléia. Considerando-a vítima, José não a rejeitou (como seria normal, em caso de devaneio de Maria!). José acolheu o menino como filho. Depois, teria mais filhos e filhas de Maria, como consta dos evangelhos, Mc 6.3 e Mt 13.55-56, embora os católicos digam que estes não eram irmãos de Jesus mas primos. Aliás, Jesus não tinha o sangue de José mas… do "Espírito santo"!
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