sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 248/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 44/?

– Reportemo-nos ainda ao “… cortar a mão ou o pé ou a arrancar o olho prevaricador… pois “é melhor entrar na vida eterna só com um olho do que ser atirado com os dois ao fogo do inferno.” (Mt 18,8-9) Se, como interpretam alguns “iluminados”, se trata não do corpo, mas do ver (olho), do agir (mão), do caminhar (pé)… porque fala Jesus por figuras de retórica? Para que os “simples” O entendam? Que “simples” entenderia que o olho representa a acção de ver, a mão, a acção de agir, o pé, a acção de andar?
Mais: que homem vai arrancar um olho - ou os dois! - para não ver as beldades que o enchem de gulodice ao passarem bamboleando-se, logo ali pecando - em pensamento, claro! - por não resistir a tanto chamamento dos sentidos e de… vida?
Ou mulher que por bonitão tenha sentido semelhantes desejos?
Ou, para não cair na tentação, antes que tal aconteça, não arranca os olhos, não corta os pés e as mãos e não se mete num deserto onde não haja tentações que lhe roubem o grande bem precioso que é a vida eterna que, por ser eterna, põe fora de qualquer comparação a vida terrena tão efémera?
Tão efémera que nem vale a pena vivê-la, pois se, por qualquer má vivência que o Destino faz atravessar no nosso caminho, perdemos a eterna, de que nos valeu por uma eternidade termos vivido a tal vida terrena com olhos, pés e mãos?
Certamente, foi raciocínio muito semelhante a este que levou - leva? - muitos para o convento, para o deserto, para fora do “mundo corrupto e cheio de podridão”…
Não há dúvida: se a vida eterna é a única que vale, esta que desapareça o mais depressa possível antes que algum desvario nos lance para todo o sempre nas profundezas do inferno…
Estamos quase a delirar, santo Deus! Mas não foram as palavras de Jesus Cristo que nos levaram a este delírio? E foram assim tão desprovidos de razão e de lógica os nossos sucessivos raciocínios?
É! Ficamos sem saber a que vida dar prioridade: se à terrena que sabemos certa, se à eterna que é apenas da Fé nas palavras de Jesus Cristo!
E poderíamos perguntar, em tom realmente de desafio para quem pudesse responder ou tivesse a ousadia de responder com toda a segurança da razão e da Fé: “A que mundo nos levariam as palavras de Jesus Cristo? – Um mundo sem ambições, um mundo sem progresso, um mundo todo virado para dentro de cada um, procurando cada um doar-se ao próximo com o objectivo, não o de desinteressadamente o ajudar mas porque assim garantia a sua salvação eterna.
– Mais uma vez, o raciocínio parece lógico. E também parece que realmente a mensagem de Jesus veio para aquele tempo, para aquele povo, para apregoar uma fraternidade universal na Terra, com a atracção do prémio num Céu de Deus-Pai por toda a eternidade e fugindo a um inferno que não tem - nunca teve! - graça nenhuma seja para quem for!
Realmente não sabemos se, seguindo as palavras de Cristo, teríamos chegado a este evoluir da ciência que hoje presenciamos, ao conhecimento do Universo que, limitado embora, está já a milhares de milhões de anos-luz por dentro do desconhecido… Pensar que Jesus nem sabia que a Terra era redonda, nem que as estrelas também morrem, nem que o céu afinal não é lá em cima mas é em lado nenhum ou em toda a parte… leva-nos a conclusões tão… tão… pouco divinas!
É que, por incrível que pareça, foi o “pecado”, o ódio, a guerra, a luta do Homem pelo Homem e pelos seus humanismos tantas vezes contra a religião que fez evoluir o mundo! E não as palavras de promessa de vida eterna de Jesus Cristo, arrancando olhos, pés e mãos, se nos levassem ao pecado e ao inferno…
Não há dúvida: religião e progresso parecem andar de costas viradas! Isto apesar da Igreja, ou das igrejas em geral, terem sido, durante toda uma Idade Média obscurantista, a única salvaguarda de elementos preciosos da civilização, e terem sido as guardiãs da cultura e do saber, possuindo e conservando as melhores bibliotecas, as melhores escolas, as melhores instituições de assistência social… E a religião ter feito produzir, com seus medos e seus delírios celestes, as mais magníficas obras de arte que se conhecem: pintura, escultura, música, literatura…
Bem! Basta de loucas perguntas, loucas considerações! Continuemos em busca da Verdade!

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