À procura da VERDADE nos
Evangelhos
Evangelho segundo S. MATEUS
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– Outro milagre! Este de “utilidade tributária”!… “Vai ao
lago e lança uma linha de pesca. Tira o primeiro peixe que vier no anzol,
abre-lhe a boca e encontrarás lá uma moeda de prata que dá para pagar o meu
imposto e o teu.” (Mt 17,27)
– Fácil, não é? É preciso dinheiro? - Milagre! É preciso
alimentar multidões? - Milagre! É preciso curar? - Milagre! Haverá milagre
sempre que…
Não sabemos! Constatamos é que há tantos milagres naquela
actividade de Jesus que ficamos perplexos e sem saber da sua utilidade ou
necessidade ou – questão das questões! – da sua veracidade!
Mas se são contados por testemunha que tal viu!…
É! Mesmo com o espírito racionalista e crítico que nos
anima, temos relutância em negar-nos à evidência de factos que nos merecem
senão total, pelo menos uma grande probabilidade de serem históricos, logo,
verdadeiros. Mas…, duvidamos seriamente que o sejam!
– “Se não se converterem e não se fizerem como crianças,
garanto-lhes que não entrarão no Reino dos Céus.” (Mt 18,3)
– O que será fazer-nos como crianças? É a apologia da vida
simples e despreocupada abandonando-nos nos braços do Pai celestial que sabe
muito bem do que nós precisamos? Isto, na linha do lírio do campo e das aves da
floresta que não semeiam nem colhem e Deus dá-lhes a beleza e o alimento de que
precisam. Será?
– “E quem receber em meu nome uma criança como esta é a Mim
que recebe.” (Mt 18,5) – O que é receber em nome de Jesus? Realmente é bonito
falar de crianças, da sua ingenuidade e simpatia. Mas, em termos racionais, que
tem isto a ver com a eternidade no Céu?
–“Ai daqueles que levam os outros a pecar!” (Mt 18,7) E
novamente, repetindo Mt 5,29-30, aconselha a cortar a mão ou o pé ou a arrancar
o olho prevaricador… pois “é melhor entrar na vida eterna só com um olho do que
ser atirado com os dois ao fogo do inferno.” (Mt 18,8-9)
– As perguntas que atrás fizemos aparecem agora mais
veementes: “Então, sempre há vida eterna? Então, nessa vida, sempre teremos um
corpo? Então, há inferno com… fogo?”
E ainda: “Lá na eternidade, teremos olhos?” Um corpo só com
um olho, só com uma mão, só com um pé, para todo o sempre na eternidade… não
seria muito agradável de viver nem de ver… No entanto, seria bem melhor do que
um corpinho todo completo mas na eternidade do inferno… Lá isso… quem duvidará?
Depois, talvez Deus, compadecido, e para não ter de ver por
ali aleijados, destoando no céu, faria certamente um milagre de repor o olho
arrancado, o pé ou a mão cortados num gesto de seguimento à letra das palavras
divinas de Jesus Cristo!
Claro! É que basta que houvesse apenas um ser humano que
interpretasse à letra as palavras de Jesus para ter direito a tal benesse. Ou
então, teria o direito de barafustar por toda a eternidade com Deus, porque
tinha sido “enganado” pelo seu próprio Filho… E como tal repugna a qualquer
mente, por muito limitada que seja…
No entanto – aliás, já o dissemos ao analisarmos estas
palavras lá mais atrás – JC cometeu uma grande injustiça para com todos aqueles
que, acreditando cegamente em tais palavras, sem questionar, foram levados a
deixarem-se matar, a encarcerarem-se, a viverem uma vida de clausura ou de
total austeridade e sofrimento, pensando na recompensa eterna. É que – e também
repetindo-nos – lá por JC acreditar que a vida eterna existia e que deveríamos fazer
tudo nesta vida efémera para a merecermos, não quer dizer que ela exista mesmo,
tendo, aliás, o desplante de nunca ter apresentado, até ao momento, qualquer
argumento credível a favor da sua veracidade. Apenas afirmações sem provas!
Assim, qualquer um o poderia ter feito – ou pode fazer! – e sem o considerarmos
Filho de Deus omnisciente e realmente existente no seu Céu que, obviamente,
também carece de provas de que exista.
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