sábado, 4 de agosto de 2018

Pensamento para férias: "Glorificando o corpo"


Glorificando o corpo
Glória a ti, meu corpo, porque és tu que me mantens agarrado à vida! É por ti que eu penso, que me emociono, que me liberto ou prendo às coisas boas ou más da mesma vida, sendo tu o suporte do que eu sou, um cérebro multifuncional a que os antigos, por ignorância da fisiologia do organismo dos seres vivos, chamavam de alma ou espírito, “anima” para os latinos, “psyqué” para os gregos.

Ora, isto a que chamo EU – as emoções, a inteligência e seus raciocínios elaborados, as múltiplas capacidades, desde a música à matemática, à coordenação motora, ao saber decidir, aos sentimentos de amor, de altruísmo, de solidariedade, mas também de ódio, de inveja ou de egoísmo – é um quase-mistério. É que tudo está no cérebro, a parte mais elaborada de um ser vivo, composto, no Homem, por milhares de milhões de neurónios e de sinapses que os conectam entre si, elaborando e propiciando todas aquelas funções.

Então, como te devo tratar bem, meu corpo! Como devo não te sujeitar a movimentos violentos, não te expor a perigos vários inúteis, a intempéries desnecessárias para a manutenção da mesma vida! Mas também, como devo gimnasticar-te, controlar-te nos teus instintos, manter-te em permanente equilíbrio, na alimentação, no acesso ao prazer, proporcionando-te o melhor ar puro para respirares, todo o descanso correspondente a qualquer esforço despendido! E ainda: como devo manter equilíbrio entre a matéria que tu és e o “espírito” que eu sou, não te sujeitando a stresses desnecessários nem a emoções traumatizantes que arruínam a vida!

Por tudo isso, como entender aqueles que, ao longo dos séculos, alimentaram a ideia de que o sofrimento era o caminho para a glória, para a felicidade, para a vida eterna? Ah, malfadadas religiões que tal impuseram aos seus fiéis, incutindo-lhes tais mentiras! É que a vida eterna é mentira e o sofrimento para alcançar a felicidade outra mentira não menos perversa, levando tantos e tantos à clausura e ao martírio, os mártires dando a vida por, afinal, um grande NADA!

O CORPO! É tudo o que nos resta. Quando ele desaparecer, na voragem do Tempo, Tempo que tudo leva a quem teve a sorte e o privilégio de nele ter tido, um dia, o começo…, desapareceremos para sempre. Para sempre… Por isso, glória a ti, meu CORPO, enquanto tivermos VIDA!

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