À procura da
VERDADE no livro de DANIEL
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- Diz-se na Introdução. “O livro de Daniel é um escrito apocalíptico.
Surge no século
segundo a.C., quando a comunidade está a ser
perseguida e em crise. Nesta luta
sem esmorecimentos, há uma
profunda convicção de fé: o único poder é o de Deus
e só Ele é
o dono da História. (…) E para aqueles que morrem nesta luta,
sabendo escolher o caminho da justiça, descortina-se a esperança
maior: a ressurreição
(Dn 12,1-3)” (ibidem)
- Mais uma vez, o tema da ressurreição… Conta-se em
1Reis, 17.17-24,
a ressurreição do filho da viúva; em 2Reis, 4.32-37, a
ressurreição da
mulher Sunamita; e, em 2Reis, 13.20-21, a ressurreição do homem
que
caiu na sepultura de Eliseu. Analisámos tais narrativas, ao abordarmos
esses livros. Vamos, agora, analisar o que nos diz Daniel acerca deste
assunto
que será a força central da futura religião: o cristianismo,
levando Paulo a
dizer: “Se Ele não ressuscitou é vã a nossa Fé.”
Simples esperança ou…
realidade?
- “Aos quatro jovens Deus concedeu o conhecimento e
a compreensão
de toda a literatura e também sabedoria. A Daniel, especialmente,
deu
o dom de interpretar visões e sonhos.” (Dn 1,17)
o dom de interpretar visões e sonhos.” (Dn 1,17)
- E foi assim que Daniel não só conseguiu adivinhar
o sonho que
Nabucodonosor teve, como dar-lhe satisfatória e lisonjeira
interpretação: Nabucodonosor seria a cabeça de ouro da estátua e o
rei actual, Antíoco IV, o barro.
interpretação: Nabucodonosor seria a cabeça de ouro da estátua e o
rei actual, Antíoco IV, o barro.
A propósito, comenta-se: “É provável que este
aparente recuo aos
tempos do lendário soberano da Babilónia seja mensagem cifrada
dirigida aos judeus que experimentam a opressão de Antíoco IV,
no século II a.C.” (ibidem)
tempos do lendário soberano da Babilónia seja mensagem cifrada
dirigida aos judeus que experimentam a opressão de Antíoco IV,
no século II a.C.” (ibidem)
A invenção literária tanto do sonho como da sua
interpretação é
sem dúvida magistral para, cifradamente, chegar ao barro que
era o rei
Antíoco. Mas parece ter-se esquecido que foi Nabucodonosor que
provocou o exílio do povo judeu na Babilónia, exílio que se prolongou
por uns oitenta
anos…
- “Então o rei Nabucodonosor deitou-se com o rosto
por terra na
frente de Daniel, mandando oferecer-lhe sacrifícios e queimar-lhe
incenso.” (Dn 2,46)
incenso.” (Dn 2,46)
- Não exagerou o autor ao elevar Daniel ao estatuto
de divindade,
perante a qual o rei se prostra?!
perante a qual o rei se prostra?!
- “(…) Todos deveis prostrar-vos para adorar a
estátua de ouro erguida
pelo rei Nabucodonosor. Quem não se prostrar e não
adorar será
imediatamente lançado na fornalha ardente. (…) Alguns caldeus foram
denunciar os judeus (…) Então amarraram-nos com as suas túnicas
(…) e
atiraram-nos à fornalha ardente. Como (…) o fogo da fornalha
era extremamente
forte, aconteceu que as labaredas de fogo mataram
aqueles que nela lançaram
Sidrac, Misac e Abdénago. (…) O Anjo do
Senhor, porém, tinha descido à fornalha
(…) Os três cantavam hinos:
Bendito
és Tu que sondas os abismos, sentado sobre os querubins (…)
Anjos do senhor,
bendizei o Senhor (…) Dai graças ao Senhor porque
Ele é bom. Louvai e exaltai
o Senhor para sempre. (…)
Nabucodonosor
disse então: Bendito seja o
Deus de Sidrac, Misac e Abdénago, que
mandou o seu Anjo libertar os seus servos
que nele confiaram.” (Dn 3)
- Voltam a aparecer o Anjo de Javé e os querubins que suportam o trono
do Altíssimo, ambos,
anjos e querubins, obviamente, invenções de
fantasias celestiais, imitando, na perfeição, reis e príncipes da Terra nos
seus palácios, rodeados de servos e servas…
- “O meu Deus mandou o seu Anjo para fechar a boca
dos leões e eles
não me incomodaram (…)” (Dn 6,23)
- A história de Daniel na cova dos leões é
conhecida. Mas talvez seja
mais uma fantasia do escritor não tendo havido nem
Daniel, nem
os seus companheiros, nem fornalha, nem cova de leões. E, a ser
verdade, estaremos perante um milagre, mais um dos muitos que vêm
narrados na Bíblia, sobretudo no NT. É pena que não tenha havido mais
milagres desde esses tempos não muito distantes - 2 a 3 mil anos
apenas! - e que os crentes os tenham de aceitar como tal. Terão?! Logo
a seguir, em Dn 7, Daniel desvenda outro sonho do rei da Babilónia,
não sabemos se por habilidade se por… inspiração divina. Ou será
mais uma invenção do escritor com intuitos puramente literários,
usando o religioso como leitmotif...
apenas! - e que os crentes os tenham de aceitar como tal. Terão?! Logo
a seguir, em Dn 7, Daniel desvenda outro sonho do rei da Babilónia,
não sabemos se por habilidade se por… inspiração divina. Ou será
mais uma invenção do escritor com intuitos puramente literários,
usando o religioso como leitmotif...
A propósito de ressurreição, é “de morte” este pensamento:
ResponderEliminarPensar na morte é extremamente relaxante, repousante. É que morrer é como se, jazendo num qualquer leito, anestesiados para não ter dores, adormecendo sem retorno, formos levados por braços possantes, sem qualquer medo de cair, e atirados pela janela fora…, desfazendo-nos, nesse preciso momento, nos átomos e moléculas que nos compõem e que serão levados pelo vento para se agregarem noutro qualquer ser ou elemento, animado ou inanimado, no eterno retorno do mesmo ao mesmo através do diverso – esse diverso que um dia fomos! Simples, relaxante… real!
É assim – e só assim! – que, nesses outros seres, seremos eternos, não já, obviamente, com a identidade ou individualidade que agora temos, e sem que haja lugar a qualquer possível ressurreição...