O corpo de Deus, o meu corpo
Se
nada nas religiões faz sentido ou tem sentido, além da emoção de se “ter respostas”
para o sofrimento supremo, o Grande Desconhecido e o Além pós-morte, na religião
católica, vamos celebrar um non-sense total: o “Corpo de Deus”. É que, Deus, pela própria definição de Ser Espírito,
Infinito e Eterno, não tem corpo. Quando muito deveria dizer-se – aliás é isso
que se pretende celebrar – Corpo de Cristo, com base na crença de que Cristo supostamente
se actualiza, alma e corpo, na hóstia consagrada em cada missa. Em boa verdade,
se Cristo é o Filho de Deus e é Deus com o Pai e o Espírito Santo (no mistério
da suposta trindade divina…), dizer Corpo de Cristo será o mesmo que dizer
Corpo de Deus. E, assim, temos um Deus humanizado, com um corpo que não se sabe
bem o que é mas que se pretende que seja o do seu suposto filho que se
humanizou.
No
entanto, sejamos claros: 1 – Não merece qualquer credibilidade a afirmação de que
Deus seja uno e trino em pessoas. A trindade foi uma invenção dos primeiros
padres da Igreja, pegando em algumas afirmações de Jesus e que vêm nos
evangelhos, havendo já conhecimento de outras trindades divinas, entre as quais
a hindu: Brama, Vixnu e Shiva, esta de características bastante diferentes. 2 –
É absurdo considerar que Deus tem/teve um Filho, pela sua própria essência de
Ser Único, Infinito e Eterno. 3 – É não menos absurdo pensar que Deus, a um
dado momento da História da humanidade, se tenha lembrado de querer salvá-la de
um suposto pecado original, pecado que, a não ser remido, a condenaria à morte
eterna. 4 – Ainda mais absurdo é Deus ter feito encarnar esse seu Filho e
condená-lo depois ao suplício mais atroz do seu tempo, considerando-o acto de
sofrimento necessário para a redenção do Homem. 5 – Também é absurdo que Deus só
se tenha lembrado de salvar a humanidade, há cerca de dois mil anos, quando o
Homem existe há uns quatro milhões… 6 – E absurdo dos absurdos é atribuir
sentimentos a este Deus que necessita de actos de redenção, sendo o seu suposto
filho chamado de Redentor, cognome que conservará enquanto houver cristandade.
Tudo
isto – que, em parte, se repete no Credo católico que se reza nas missas – é sequência
dos ensinamentos da Bíblia – Antigo e Novo Testamento – ensinamentos que, como
temos vindo a provar ao longo destes anos, aqui no blog, não
merecem qualquer credibilidade. É que não houve nem Adão nem Eva, nem Paraíso
nem serpente, nem Maçã proibida, nem pecado original nenhum, sendo tudo
fantasiado pelos judeus escritores ou colectores de histórias orais da cultura
da sua época. Pois o que sabemos, com bastante certeza científica, é que o primata
Homem veio por evolução duma estirpe dos da sua espécie. Mais nada!
Ora,
sendo pura fantasia o que a Bíblia narra e baseando-se as religiões cristãs na
mesma Bíblia, teremos de concluir, com a honestidade intelectual que é nosso
timbre, que toda a construção religiosa não passa também ela de fantasia. Infelizmente,
fantasia imposta aos crentes como a Verdade Absoluta.
E
aí temos a Festa do Corpo de Deus!
E
o meu corpo? – Esse, sim, esse é real! E é por ele que eu vivo, é ele que me
permite pensar, amar, emocionar-me. É ele que me dá tudo o que tenho, numa
inseparável dicotomia com a alma ou o espírito que não é mais do que o cérebro,
onde todas as prerrogativas da alma ou do espírito se localizam: vontade,
inteligência, raciocínio, consciência, capacidades cognitivas e de linguagem,
sentimentos de amor ou ódio, de inveja ou egoísmo.
Assim
sendo, no dia do Corpo de Deus, esqueçamo-nos desse corpo inexistente e cuidemos
do nosso, pois, cuidando dele, cuidamos da Vida a que tivemos o privilégio de
aceder, nesta saga misteriosa que contempla o Universo onde nos integramos,
donde viemos e para onde voltaremos, após o termo dos nossos dias, no eterno
retorno do mesmo ao mesmo através do diverso. Lindo, não é?!
Então,
viva o SORRISO!
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