terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 159/?

À procura da VERDADE no livro de BARUC

02/02

- “Se tivesses andado nos caminhos de Deus, terias sempre vivido em 
paz.” (Br 3,13)
- Tudo depende do que se consideram os caminhos de Deus
- “Mas quem descobriu a morada da sabedoria (…)? Ninguém conhece 
o seu caminho nem descobre as suas veredas.” (Br 3,15 e 31)
- Aqui, comenta-se: “Bem conhecida de Deus, a Sabedoria colabora na 
criação e foi confiada a Israel (…)” (ibidem). Mais uma vez a 
exclusividade de Israel a possuir a Sabedoria, seja qual for o seu 
significado, tem o sabor da arrogância, o que leva à descredibilidade 
total num Javé que tal fizesse!
- “Jerusalém, tem coragem! (…) Malditos os que te fizeram mal ou 
ficaram contentes com a tua derrota! Malditas as cidades onde os teus 
filhos foram escravos! E maldita também aquela que deteve os teus 
filhos. Pois da mesma forma que se alegrou com a tua derrota e festejou 
a tua queda, assim também ela chorará pela sua própria destruição!” 
(Br 4,30-33)
- É o espírito de vingança! Compreensível mas bem pouco divino…
- “ Durante esse tempo, vereis na Babilónia deuses de prata, de ouro e 
de madeira (…) De vez em quando, os sacerdotes roubam o ouro e a 
prata dos seus deuses para seu próprio proveito ou para dar a prostitutas 
de bordéis (...) Um deus fica com o ceptro na mão, mas não é capaz de 
destruir quem o ofende (…) Os sacerdotes fecham os templos com 
portas, trancas e ferrolhos para que os seus deuses não sejam roubados 
pelos ladrões. Acendem-lhes (…) lâmpadas, embora esses deuses não 
sejam capazes de ver nenhuma delas. (…) Sem pés, são levados aos 
ombros, mostrando aos homens a sua falta de valor. (…) Para proveito 
próprio, os sacerdotes vendem o que foi sacrificado a esses deuses; a
outra parte, as mulheres salgam-na, sem darem nada aos pobres e 
necessitados. Até a mulher menstruada ou que acaba de dar à luz toca 
nesses sacrifícios. (…) Como poderiam ser deuses? As mulheres é que 
oferecem sacrifícios a esses deuses de prata, de ouro e de madeira. 
(…) Esses deuses foram fabricados por escultores e ourives e não 
podem ser mais nada do que aquilo que os seus autores queriam que 
fossem. (…) Pelas roupas de púrpura ou linho que vão apodrecendo 
em cima deles, já podeis saber que não são deuses.” (Br 6)
- Alongámo-nos, apesar de se repetirem aqui invectivas já feitas 
contra os ídolos ao longo de toda a Bíblia, sendo aliás o culto dos 
ídolos o maior pecado dos israelitas face a Javé. Mas… as palavras 
são novas e há outras mensagens. Oferece-se-nos perguntar, embora 
repetindo-nos: «Que diferença há, na prática, entre tais imagens de 
ídolos e as imagens dos santos dos nossos altares às quais se presta 
devoto culto e que são levadas em ombros nas nossas procissões de 
hoje? Não são também de ouro, prata ou madeira? Não são feitas 
por escultores ou ourives ou… santeiros? Não são vestidas com 
púrpuras ou linho e até têm - ó abundância da sociedade de 
consumo! - vários vestidos ou mantos para se engalanarem 
conforme as festas? Roxo e violeta em tempos de Paixão, 
branco, doirado e azul quando chega a Ressurreição? Não se lhes 
acendem lâmpadas ou velas que elas não vêem? Onde então a 
diferença? Que cristão poderá indicar-no-la ou definir os seus 
sentimentos para com uma imagem venerada e o culto a Deus? 
Que diferenças na sua oração?…» 
Depois, o profeta manifesta um anti-feminismo primário, 
evidentemente à moda da época e também… bíblica, o que não 
deixa de ser triste e reprovável, lamentando-se que tenha acontecido 
em textos ditos “sagrados” ou “de inspiração” divina! Assim, 
perguntamos: «Estava manchada a mulher na sua menstruação, 
situação tão normal e natural, cumprindo-se nela apenas o que a 
Natureza estabeleceu para o seu corpo? Estava manchada aquela 
que acabava de dar à luz, quando é o acto mais 
essencial que existe e do qual tudo depende: corpo e alma e 
pensamento?» Que curteza de ideias, santo Deus, este teu inspirado! 
De certeza que não foste Tu que o inspiraste, mas tradições aberrantes 
vindas não se sabe de onde!… Aliás, é evidente o desprezo com que 
o profeta diz que “As mulheres é que oferecem sacrifícios a esses 
deuses de prata, ouro e madeira”. Que intolerável machismo!
E que pensar daqueles sacerdotes - dos templos pagãos, é claro! - 
que roubavam para alimentarem os seus prazeres nos bordéis? A 
insinuação é “forte”! E raro é o autor bíblico que não traga à “praça 
pública”, por um ou outro motivo, apelos à imaginária sexual, 
parecendo estar o sexo omnipotentemente presente, na vida do 
Homem. E… não estará?!
- “As mulheres põem uma corda à cintura e sentam-se à beira do 
caminho, queimando farelo como incenso. Quando uma delas é 
levada por algum homem que passa, a fim de dormir com ele, 
começa a desprezar a companheira, que não teve a mesma honra, 
nem lhe foi desatada a corda.” (Br 6,42-43)
- A cena é… visual. Talvez o profeta tenha mesmo “provado” daquele 
incenso… Mas se é natural que fique contente uma prostituta da beira 
da estrada, por ser escolhida para a “função”, não se percebe porque 
haverá de desprezar a outra que fica com a “corda por desatar”.
Porque não desejar-lhe boa sorte com outro que passe e se deleite com 
ela? Enfim, constatações de… profeta, não divina, mas humanamente 
inspirado e que não nos trouxe nada de divino… 

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