À procura da
VERDADE em EZEQUIEL
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- Diz-se na Introdução: “O profeta Ezequiel exerceu
a sua actividade
entre os anos 593 a 571 a.C. Sacerdote exilado na Babilónia,
com uma
parte do seu povo, anuncia aí as sentenças de Deus. (…) Ezequiel,
no
entanto, sabe que o sistema passado está a agonizar de maneira
irrecuperável:
Jerusalém será destruída. (…) Com a sua linguagem
simbólica, Ezequiel indica os
passos para a construção de um mundo
novo: (…) Converter-se a Javé, assumindo o
seu projecto; e, a partir
daí, construir uma sociedade justa e fraterna,
voltada para a liberdade
e a vida.” (ibidem)
- Que belas palavras, não são? Mas…o que é isso de
se converter a
Javé? Qual é o projecto de Javé? - também já noutro lugar
perguntámos. Uma sociedade justa e fraterna tem de ser “dirigida”
pela “batuta”
de Javé? E que liberdade? Que vida? Depois,
sabendo Ezequiel, como certamente
outros intelectuais do tempo,
que o sistema político judaico estava agonizando
e que crescia o
poderio da Babilónia, não seria difícil de prever - profetizar
- a queda
e destruição de Jerusalém…
- “No dia (…), de repente, abriram-se os céus e eu
tive visões divinas.
(…) A palavra foi dirigida ao sacerdote Ezequiel (…) Javé
colocou
a mão sobre ele. (…) Eu vi o seguinte: (…) algo parecido com
uma pedra
de safira, em forma de trono; e nele, lá no alto, algo
parecido com um ser
humano. (…) Era a aparência visível da glória
de Javé. Quando O vi, caí
imediatamente com o rosto no chão e
ouvi a voz de Alguém que falava comigo.” (Ez1,1-4
e 28)
- Comenta-se: “Na base da vocação profética, em
Israel, há sempre
um contacto com o divino, uma nova e significativa
experiência de
Deus. (…) A glória de Javé é o próprio Deus enquanto Se revela
no
seu poder e santidade, no brilho ofuscante em cujo centro se
vislumbra uma
silhueta humana.” (ibidem)
- É espantoso como a fé do “nosso” comentador parece
obnubilar-lhe
o pensamento! Afinal, Ezequiel usa uma linguagem simbólica
ou
real? Ou - como também já perguntámos - umas vezes é ou
considera-se simbólica
e outras é ou considera-se real? Afinal,
Ezequiel viu realmente Deus com forma
humana ou pensou
que viu tal forma, certamente influenciado pelo Génesis, onde
Deus
criou o Homem à sua imagem e semelhança?
Depois, porque é que Ezequiel atribui às suas visões
o carácter de
divino? Se eu disser que estas nossas escritas são de inspiração
divina,
quem não duvidará? Melhor: quem acreditará? Não teremos pelo
menos
tantas razões para acreditar que são divinas como para
acreditar que não são? E
abriram-se realmente os céus ou… é
simbólico? Javé pôs a mão em cima do profeta
ou… é simbólico? E
o trono? E a pedra de safira - que teria de ser bem grande
para fazer
de trono? E que céus? Que alto? Não há aqui, povoando a
imaginação
de Ezequiel, a leitura do Pentateuco? E viu realmente
Deus ou não? E ouviu
realmente ou não? Com que voz? E as
formas eram bem distintas ou… envoltas em
bruma, pois já
Moisés não pudera ver a Deus face a face, mas só de costas e
morreria se de outro modo acontecesse? Lembram-se? Não há
aqui uma encenação de
Ezequiel para tornar mais credível as suas
“profecias” junto do povo que com
ele estava já no exílio?
Finalmente, como se arrisca o “nosso” comentador a
falar em
“contacto com o divino”? Que contacto? Em visões tal qual um
sonho que
bem poderia ser divino ou diabólico como um
pesadelo? Ou… ali, no real? A
descredibilidade deste Ezequiel
acentua-se, logo de início, com tais
interpretações-comentários!…
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