quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 83/?

À procura da VERDADE 
nos LIVROS SAPIENCIAIS e POÉTICOS
  
O livro de JOB 6/6

- Javé continua: “Vê o hipopótamo que Eu criei como te criei a ti (…). 
Quem poderá agarrá-lo pela frente (…)? És capaz de (…)? 
Será que (…)? Poderás (…)? Quem (…)? E muitas mais perguntas 
sem… cabimento! Então, Job responde: “Eu reconheço que tudo 
podes (…). Por isso, eu retrato-me e arrependo-me, sobre o pó e a 
cinza.” (Job 42,2 e 6)
- Apetece-nos dizer: Ganhaste, ó Deus, ó Javé, ó Todo-poderoso! Mas 
não pareces contente por teres vencido o desgraçado do justo Job!… 
O próprio autor - ou outro no seu lugar - também não está contente 
com este final. E põe na boca de Deus, dirigindo-se a um dos amigos: 
“Estou irritado contra ti e os os teus dois companheiros, porque não 
falastes correctamente de Mim como falou o meu servo Job.” (Job 42,7)
- Há por aqui, uma certa confusão de ideias e de personagens. 
O autor pôs argumentos desajeitados na boca de Javé. Deus sai “apoucado” 
deste debate! A força das razões de Job perde-se naquele final do 
retratar-se perante o poder de Deus. Mas… como nas histórias e lendas, 
o desenlace tem de ser feliz e… de sorrisos!… Deus “redime-se” do 
mal-entendido entre Ele e o seu servo Job: “Javé abençoou Job ainda 
mais do que antes. E possuía agora catorze mil ovelhas (…) Teve sete 
filhos e três filhas (…) Viveu ainda cento e cinquenta anos (…)” 
(Job 42,12-16)
- É! Tudo está bem quando acaba bem! A prosperidade rapidamente 
faz esquecer dores e privações... Na prosperidade, quem se lembra de 
Vós, meu Deus?! Recorremos a Vós, nas aflições, invectivamos-Vos 
na desgraça ou na doença! E lamentamo-nos como Job: “ De que 
me serviu e o que é que ganhei em não pecar?” (Job 35,3)
- Realmente, se Deus existe, a nossa relação com Ele é apenas de interesse. 
Aliás, que outra poderia ser?
- E, se bem pensarmos, mesmo para os que dizem “Entreguei-me todo 
a Deus.” Mas a grande, a eterna, a demolidora pergunta permanece: 
Que é o Homem perante Deus? Partículas de um Todo que se nos afigura 
sem limites, que somos nós, perante um Deus que não pode estar 
nos limites mas para além de tudo o existente? Que Deus criámos à 
nossa imagem e semelhança? Deus arrasa-nos com a sua eternidade, 
a sua omnisciência, a sua infinita grandeza, o seu mistério. E nós, aqui, a 
imaginá-lo semelhante a nós!!! Que insensatos! Que inconsequentes!
- Afinal, que nos fica da leitura de Job?
- Tal como ele, continuamos sem entender/aceitar a dor, o sofrimento do 
Homem justo e bom; se vale a pena o não-pecar. Os argumentos dos 
seus amigos e do próprio Deus não convenceram Job, embora o 
deixassem arrasado. A nós também não convenceram. Arrasados? - 
A falta da VERDADE acerca da vida eterna é que nos arrasa!…


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