À procura da VERDADE
nos LIVROS
SAPIENCIAIS e POÉTICOS
O livro de JOB 6/6
- Javé continua: “Vê o hipopótamo que Eu criei como te criei a ti (…).
Quem poderá agarrá-lo pela frente (…)? És capaz de (…)?
Será que (…)? Poderás
(…)? Quem (…)? E muitas mais perguntas
sem… cabimento! Então, Job responde: “Eu
reconheço que tudo
podes (…). Por isso, eu retrato-me e arrependo-me, sobre o
pó e a
cinza.” (Job 42,2 e 6)
- Apetece-nos dizer: Ganhaste, ó Deus, ó Javé, ó Todo-poderoso! Mas
não
pareces contente por teres vencido o desgraçado do justo Job!…
O próprio autor
- ou outro no seu lugar - também não está contente
com este final. E põe na boca
de Deus, dirigindo-se a um dos amigos:
“Estou irritado contra ti e os os teus
dois companheiros, porque não
falastes correctamente de Mim como falou o meu
servo Job.” (Job 42,7)
- Há por aqui, uma certa confusão de ideias e de personagens.
O autor pôs
argumentos desajeitados na boca de Javé. Deus sai “apoucado”
deste debate! A
força das razões de Job perde-se naquele final do
retratar-se perante o poder
de Deus. Mas… como nas histórias e lendas,
o desenlace tem de ser feliz e… de
sorrisos!… Deus “redime-se” do
mal-entendido entre Ele e o seu servo Job: “Javé
abençoou Job ainda
mais do que antes. E possuía agora catorze mil ovelhas (…)
Teve sete
filhos e três filhas (…) Viveu ainda cento e cinquenta anos (…)”
(Job
42,12-16)
- É! Tudo está bem quando acaba bem! A prosperidade rapidamente
faz
esquecer dores e privações... Na prosperidade, quem se lembra de
Vós, meu
Deus?! Recorremos a Vós, nas aflições, invectivamos-Vos
na desgraça ou na
doença! E lamentamo-nos como Job: “ De que
me serviu e o que é que ganhei em
não pecar?” (Job 35,3)
- Realmente, se Deus existe, a nossa relação com Ele é apenas de
interesse.
Aliás, que outra poderia ser?
- E, se bem pensarmos, mesmo para os que dizem “Entreguei-me todo
a
Deus.” Mas a grande, a eterna, a demolidora pergunta permanece:
Que é o Homem
perante Deus? Partículas de um Todo que se nos afigura
sem limites, que somos
nós, perante um Deus que não pode estar
nos limites mas para além de tudo o
existente? Que Deus criámos à
nossa imagem e semelhança? Deus arrasa-nos com a
sua eternidade,
a sua omnisciência, a sua infinita grandeza, o seu mistério. E
nós, aqui, a
imaginá-lo semelhante a nós!!! Que insensatos! Que inconsequentes!
- Afinal, que nos fica da leitura de Job?
- Tal como ele, continuamos sem entender/aceitar a dor, o sofrimento do
Homem justo e bom; se vale a pena o não-pecar. Os argumentos dos
seus amigos e
do próprio Deus não convenceram Job, embora o
deixassem arrasado. A nós também
não convenceram. Arrasados? -
A falta da VERD ADE
acerca da vida eterna é que nos arrasa!…
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