À procura da VERDADE
nos LIVROS
SAPIENCIAIS e POÉTICOS
O livro dos SALMOS 1/6
- “O livro dos Salmos, com cento e cinquenta orações, é o coração do
Antigo
Testamento. (…) Os salmos são as orações que manifestam a fé que os
pobres
e oprimidos têm no Deus aliado. Como este Deus não aprova a situação
dos
desfavorecidos, o povo tem a ousadia de reivindicar os seus direitos,
denunciar
a injustiça, resistir aos poderosos e até mesmo questionar o
próprio Deus.”
(Introdução aos SALM OS, ibidem)
- Mas, afinal, Deus é apenas ou existe apenas para os desfavorecidos, os
pobres, os fracos? Este Deus não é um Deus universal, tanto para pobres
como
para ricos? E não são os Homens que devem resolver os problemas
dos fracos, dos
pobres, dos desfavorecidos?
Na abordagem a este livro, para não nos alongaremos fastidiosamente,
reflectindo
sobre salmos repetitivos; focar-nos-emos apenas em alguns mais
significativos e
mais conhecidos.
- “Feliz o Homem que não vai ao conselho dos injustos (…)” Sl 1,1)
Repete-se
a eterna dicotomia: justo-injusto…
- “Os reis da Terra revoltam-se (…) contra Javé e o seu Messias (…)
Aquele que habita no céu ri-Se, Javé diverte-Se à custa deles. E depois
fala-lhes com ira (…) Ó reis, sede prudentes! (…) Servi a Javé com
temor,
prestai-Lhe homenagem tremendo, para que Ele não Se irrite e vós
pereçais no
caminho, pois a sua ira inflama-se depressa.” (Sl 2,2-12) O Deus
que aqui nos
aparece é o mesmo de sempre, cheio de sentimentos
próprios dos humanos e, como
se ira facilmente, é preciso temê-lo! “Isto”
não é Deus nenhum, pois não?!…
- “(…) Golpeias no queixo os meus inimigos e quebras os dentes dos
injustos. (…) É Javé quem me sustenta.” (Sl 3,6-8) Se Javé faz tudo
pelo Homem,
se o defende dos seus inimigos, se o sustenta, este que
precisará de fazer? Mais
tarde, Cristo também dirá: “(…) Não vos
preocupeis com a vida, com o que comer
(…)” (Mt 6,25). Tudo um
completo nonsens.
Valerá certamente muito mais o ditado popular: “Deus
ajuda a quem se ajuda!”
- “Javé, escuta as minhas palavras (…). Ouve atento o meu grito por
socorro
(…)” (Sl 5,2-3) - “Javé, não me castigues com a Tua ira, não me
corrijas
com o Teu furor. Piedade, Javé, que eu desfaleço (…) Sinto-me esgotado
de tanto gemer (…)” (Sl 6, 2-7) Oração de louvor e de pedido de protecção
a um
Deus castigador… Que real efeito terão as orações junto
de Deus? O tema da
oração é interessantíssimo. Sem nos alongarmos,
apenas pomos à consideração:
será Deus que atende as nossas orações
ou seremos nós que trabalhamos para que
o que pedimos nos aconteça
de verdade. Já difícil será entender o efeito da
oração quando rezamos
pelos outros. Pensar e dizer que Deus interfere no
processo através das
nossas orações, oferece-nos todas as reservas.
- “Levanta-Te, Javé, com a Tua ira! Ergue-Te contra o abuso dos meus
opressores! (…) Deus ameaça a cada dia. Se não se convertem, Ele afia a
espada
(…)” (Sl 7,7-13) “O que é o Homem para dele Te lembrares? (…)
Tu o fizeste
pouco menos do que um deus (…)” (Sl 8,5-6) Não parece que
assim seja. Vejamos a
crueldade com que ele mutila, mata, extermina o
seu irmão - a que chama inimigo
- por discordância ou cobiça! E a Bíblia
está carregada destes horrores e
abençoados por Javé, quando cometidos
pelo povo eleito ou pelo seu “braço”
vingador?
- “Javé, eu Te agradeço de todo o coração, proclamando as Tuas
maravilhas!
(…) A esperança dos pobres jamais se frustrará.” (Sl 9,8 e 19) As
promessas
de um céu, no bem-bom do face a face com Deus, sempre foram a
consolação do pobre, do doente, do deserdado da sorte. Aliás, a que outra
coisa
poderá ele agarrar-se? Pena que tudo não passe de efabulações da fantasia…
- “O injusto gloria-se da sua própria ambição (…). As suas empresas têm
sempre sucesso (…). Levanta-Te, Javé! Não Te esqueças dos pobres!”
(Sl 10,3 e
12) Faz lembrar as lamentações de Job; mas, como vimos, é um
Job que não tem
sucesso no seu questionar Deus.
No próximo texto, faremos um interregno nesta saga de análise bíblica, para escrevermos sobre uma estranha angústia existencial que, embora perturbadora, não nos deve tirar o sorriso de termos vindo à VIDA e participarmos desta aventura fantástica! Não percam!
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