À procura da VERDADE no livro de
JUDITE - 1/2
- “A obra foi escrita na Palestina, provavelmente nos meados do séc. II
a.C.”
(Introdução ao livro de Judite, ibidem). Ora, Nabucodonosor viveu entre
632 e 562 a.C. Se “O livro de Judite” foi escrito no séc. II a.C., conta uma
história com cerca de 400 anos. Verosímil? – Talvez!
- A narrativa começa com mais guerras, cheias de atrocidades e de
extermínio total da terra por onde o invasor Nabucodonosor passava. Os
judeus
preparam-se para a defesa. Como? - Ocuparam lugares
estratégicos, por um lado;
por outro, “clamaram a uma só voz e com ardor
para que o Deus de Israel não
entregasse os seus filhos ao saque nem
as suas mulheres ao exílio, nem à
destruição as cidades que tinham
herdado, nem o Templo à profanação e zombaria
humilhantes das nações.”
(Jt 4,12)
- E Javé vai ouvir os seus clamores. Não com milagres, como os de
outrora,
de separar as águas dos rios ou mares ou os de enviar os seus anjos a
exterminar o inimigo pela calada da noite! Não! Desta vez, é… uma
mulher! E que
mulher! “(…) muito bonita e atraente (...), sábia (…),
inteligente e de bom
coração.” (Jt 8,7 e 29) E fala aos chefes do povo,
com grande autoridade e…
audácia: “O que hoje dissestes ao povo foi
um erro. (…) Vós, que nunca
entendestes nada, estais a pôr à prova o Senhor
Todo-Poderoso.” (Jt 8,11-13)
- A sua oração ao Senhor apela à lógica da sua actuação, solicita
inspiração
na execução do seu ardil. Mas… teria de haver um senão: pela
violação de
uma rapariga israelita, são mortos ou vilipendiados os chefes, os
seus
servos, as suas mulheres e filhas e partilhados os seus despojos “em
proveito
dos filhos que (Tu, Javé) amavas.” (Jt 9,2-4). Uma enorme desproporção entre o crime praticado e a represália desencadeada. Coisas de Javé ou dos Homens?
- O texto revela a arte da escrita. Estava inspirado o autor sagrado. Por
Deus…
ou pela beleza das formas de Judite! Descrição pictórica: estamos a
vê-la, descendo as escadas, nos seus belos trajes de “luces”, cabelos
enfeitados, sentindo o seu perfume, de caro, abundante e… inebriante que
era, a
sair das muralhas da cidade, a conversar com os guardas inimigos, a
entrar -
corajosa e destemida! - na tenda do temível Holofernes e este,
boquiaberto de
espanto a pensar para consigo: “Que dádiva dos deuses,
Santo Deus! Como poderei
resistir-lhe?! Como poderei não a fazer
frutificar no meu leito?!” Mas… é
prudente. Que guerra é guerra! Então,
vai calmamente ao encontro da “diva”. As
palavras de Judite, lisonjeiras,
astutas, matreiras,… encorajam o desejo, a
lubricidade que amortece
o temor de perder uma guerra considerada por
Holofernes como vitória
fácil e certa e sem perder um só homem. Então, que
importa o que lhe
peça a linda Judite? “De um extremo ao outro da Terra, não
existe mulher
tão bonita e que saiba falar tão bem. (…) Tu és bela e eloquente.
Se fizeres
o que me disseste, o teu Deus será o meu Deus, viverás no palácio do
rei
Nabucodonosor e serás famosa no mundo inteiro.” (Jt 11,21-23).
A bela e sensual Judite
-Três dias ainda Holofernes esperou. Mas, ao quarto dia, não aguentou
A bela e sensual Judite
-Três dias ainda Holofernes esperou. Mas, ao quarto dia, não aguentou
mais. Propôs uma festa, um banquete onde Judite seria a convidada de
honra.
Depois, ficaria com ela, a sós, na sua tenda-hotel… “Então, Judite (…)
enfeitou-se com as suas roupas e jóias. (…) Ao vê-la, Holofernes ficou
arrebatado e a paixão agitou-o com o desejo violento de se unir a ela.”
(Jt
12,15-16) (…) “Holofernes, entusiasmado com ela, bebeu muitíssimo
vinho.” (Jt
12,20)
- E, com o muito vinho… se perdeu! E… em vez dos doces prazeres
do leito,
teve a sua própria espada cortando-lhe o pescoço pelas mãos de
Adeus, férias! Viva o trabalho! Recomeçamos, pois, a nossa saga de análise crítica da Bíblia, uma análise de crítica sui generis, já que não obedece a padrões consagrados, utilizando termos técnicos, mas pretende ser clara para se tornar acessível a todos, os mais e os menos cultos. Gostaria de mais comentários. Sobretudo, se não gostarem, digam. Prefiro o diálogo ao monólogo, o contraditório ao discurso possuindo supostamente a verdade.
ResponderEliminarBoas entradas em mais um ano de actividade física e... mental!