À procura da VERDADE no livro de
JUDITE – 2/2
- Então, Judite entra na muralha: “Esta é a cabeça de Holofernes (…)
O
Senhor matou-o pelas mãos de uma mulher.” (Jt 13,15) E, para
evitar juízos não
muito próprios ao seu estado de graça, acrescenta:
“… mas ele não me fez pecar.
A minha honra está intacta.” (Jt 13,16)
- E é esta mulher - MULHER! - que continua a comandar o povo:
- E é esta mulher - MULHER! - que continua a comandar o povo:
“Pegai
nesta cabeça e dependurai-a (…), cada um de vós pegue em
armas (…), vós e todos
os que vivem no território israelita,
persegui-los-eis para os abaterdes na
fuga (…)” (Jt 14,1-4)
- Mais uma vez, a morte sem contemplações. Os baixos instintos e
vingança
e cobiça a manifestarem-se em plenitude: “Ao voltar da
matança, os israelitas
apossaram-se do resto (…) O saque foi enorme.”
(Jt 15,7)
- E, tal como em todos os tempos, tal como hoje, Judite é aclamada:
“Tu
és a glória de Jerusalém! Tu és a honra de Israel! Tu és o orgulho
da nossa
gente! (…) Que o Senhor todo- poderoso te abençoe para todo
o sempre.” (Jt
15,9-10)
- Pudera! Quem não aclamaria aquela que os livrara da morte certa às
mãos
dos assírios?! Mas a tristeza invade-nos a nós que procuramos o
divino e não o
humano nestas escritas, ao ver pictoricamente cenas
de horror, de crime, de
ódio, raiva e vingança… e tudo abençoado por Javé!
Em nome de Javé! Depois de
se ter orado a Javé!…
- No seu cântico de louvor/agradecimento, Judite reconta, como é hábito
bíblico nestes louvores, como tudo aconteceu, concluindo que Deus ajuda
os
fracos que confiam nele. Mas será Deus que ajuda ou serão os fracos
que, por
serem fracos, têm de contrapor à força do braço e das armas
a força dos ardis e
das manhas que também vencem batalhas? Não
vencem guerrilheiros, exércitos? Não
venceu David, Golias? É Deus o
vencedor ou são as tácticas e as artimanhas?
- Sempre a mesma pergunta, o mesmo dilema. Parece que precisamos de
pôr
em Deus a nossa inspiração e a nossa força! Parece que somos incapazes
de
assumir, sozinhos, as glórias do sucesso ou as frustrações do fracasso!
Porquê
esta necessidade de um Deus sempre presente? “Ganhámos, graças
a Deus! Até
amanhã, se Deus quiser!” E benzem-se os jogadores ao entrarem
em campo, os
soldados ao irem para a guerra. Benzem-se pedindo, benzem-se
agradecendo! Somos
mesmo dependentes do divino!…
- Não será esta a melhor prova de que Deus tem mesmo de
existir?! -
apetece-nos perguntar.
- O livro de Judite! Um belo livro sobre uma bela mulher! Realmente
inspirado,
o livro! Realmente inspirada, a mulher! Divino, também?…
- Aí é que todas as nossas dúvidas se avolumam, restando-nos um pálido
sorriso de… descrença total! Que pena!
- Tanta pena!!!
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