quarta-feira, 16 de setembro de 2015

A Virgem negra de Czestochowa


 A história, melhor, a lenda da origem da Virgem Negra  de Czestochowa 
é simples. Ei-la na Wikipedia:



«Conforme tradição muito antiga, o quadro de N. Sra. do Monte 
Claro é cópia fiel da pintura feita pelo evangelista São Lucas. 
Seguidas vezes, São Lucas visitava a Virgem Maria, colhendo 
dela pormenores da infância de Jesus. Foi numa dessas 
ocasiões que ele, na própria tábua da mesa de cedro que Nossa 
Senhora usava para seu trabalho e oração, pintou sua imagem.
Diz a lenda que, ao iniciar a pintura do rosto da Virgem Maria, 
deteve-se pensativo, preocupado em exprimir da melhor forma 
possível toda a beleza da Mãe de Deus. Profundamente recolhido, 
cochilou e adormeceu por alguns instantes e, acordando, 
surpreendeu-se ao encontrar o quadro pronto, no qual o rosto de 
Maria, de celestial beleza, estava pintado.»

A cor negra parece advir do fumo de muitas velas ardidas em seus altares, 
durante 13 séculos, até aparecer na Polónia, palácio real de Ladislau, em 
finais do século XIV, atribuindo-se-lhe milagres, romances, mistérios, 
construindo-se o seu santuário, perto de Varsóvia, em Czestochowa.

Visitei-a. Lá estava. Escura e nada bonita, nada da beleza celestial 
anunciada, com duas riscas (dizem uns que são as lágrimas da virgem 
sofredora, outros, riscas feitas por espadas assassinas…) rasgando-lhe 
a face esquerda.

Caricato: agora, todos os dias a Virgem “aparece”! Encenação quase 
perfeita, criando suspense: uma capela grande; um altar; 14H30; seis 
sacerdotes vestidos de branco ajoelham; rufam os tambores; sobre o 
altar, o quadro da pintura da Virgem negra, ricamente adornado, 
coberto por uma tela; sobe a tela muito devagarinho; tocam trombetas; 
as pessoas ajoelham; as pessoas choram; as pessoas imploram graças… 
Silêncio! Tempo total: uma boa meia-hora. Depois, sai-se. Sem ruído, 
que o momento é de recolhimento e de oração. Oração a uma pintura, 
suposta réplica da suposta pintura de João… 


                               Capela com a virgem negra, depois de "aparecida"

Quem terá inventado mais este “milagre” para fazer crescer o mistério desta 
lenda que agora é venerada como real?

Na Polónia, o ex-papa Santo João Paulo II, (feito santo pelo mesmo 
processo dos outros: curas supostamente milagrosas mais ou menos 
fundamentadas, mas, obviamente, forçadas…), pontua em todo o lado: 
igrejas, praças e jardins. Claro que, como bom e devoto polaco, (95% 
dos polacos dizem-se católicos e 50% desses dizem-se praticantes), 
visitou o santuário da Virgem negra. Aliás, parece que não houve 
santuário mariano no mundo que ele não tivesse visitado. Os benefícios 
desses seus périplos para o tesouro do Vaticano – e o seu banco corrupto… - 
foram e são, de certeza, vultuosos. Nunca se saberá quanto, pois, nos 
negócios como na Igreja, o segredo é a alma!

Uma cópia de uma pintura! Uma lenda! Uma lenda baseada numa tradição 
antiga! Nada de Histórico, pois, nada de factual, nada podendo ser provado 
como tendo acontecido. Este fenómeno faz lembrar o que se passa por esses 
santuários do mundo, nomeadamente o de São Tiago de Compostela cuja 
lenda virou de tal modo "realidade" que as peregrinações são muitas e 
exuberantes, desde séculos medievais com peregrinos provenientes de toda a 
Europa, trilhando os célebres caminhos de São Tiago ou…Santiago!


Afinal, quem inventou todas estas lendas? Quem as alimenta e faz negócio 
delas? Ou, se quiserem, para que serve a religião? Melhor: a quem 
serve a religião?

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