À procura da VERDADE no
DEUTERONÓMIO - 2
de Israel, desde a saída do Egipto até chegar às portas da Terra Prometida,
onde corre o leite e o mel… E normas e mais normas, repetidas umas,
outras não!
(Dt 12,26). Tantas, tantas, tantas que mais parecem um
compêndio de actuação
social, elaborado ao longo dos anos, baseado
em experimentações, códigos e
vivências, adequando-se a lei à situação
criada, neste ou naquele tempo, neste
ou naquele lugar, nesta ou naquela
circunstância.
- Aliás, “O livro do Deuteronómio é, sobretudo, um modelo de acção (…)
social. A sua parte central (Dt 12-26) nasceu em meados do séc. VIII
a.C., numa
época de grande desenvolvimento económico, que acabou
por acelerar a injustiça
e a desigualdade social. (…). Diante disto, os
levitas (…) desenvolveram uma
catequese (…). Essa catequese
cristalizou-se nas leis do Deuteronómio.”
(Introdução ao Deuteronómio, ibidem)
- Então, em que ficamos? É de inspiração divina ou… humana tal livro?
São
divinas ou humanas tais normas? Têm a credibilidade de Deus ou…
a fragilidade
da capacidade do Homem?
- Importa? O que realmente importa é ali o real, a sociedade que
caminhava
para o conflito, para a guerra intestina e que era necessário evitar
a todo o
custo. E assim, lá vem novamente o temor… divino: “Se não obedeceres
a
Javé, teu Deus, não pondo em prática todos os seus mandamentos e
estatutos que
hoje te ordeno, virão sobre ti e atingir-te-ão todas estas
maldições: (…)” (Dt
28,15), seguindo-se, pelo menos, vinte e oito maldições
(Dt 28,16-43), rematando-se,
para que não houvesse dúvidas: “Todas estas
maldições cairão sobre ti, te
perseguirão e te atingirão, até seres exterminado,
porque não obedeceste a
Javé, teu Deus, não observando os seus
mandamentos e estatutos que Ele te
ordenou.” (Dt 28,45) Dissuasor e
persuasivo, não há dúvida!
- Mas há mais! Há ainda mais vaticínios arrepiantes para quem não “servir
Javé”: “Javé erguerá contra ti uma nação distante. (…) Essa nação cercar-te-á
em todas as tuas cidades. (…) Então, na angústia do cerco, irás comer o fruto
do teu ventre: a carne dos filhos e filhas que Javé teu Deus te tiver dado.”
(Dt 28,49-53)
- E, como pareceu ao autor que a ideia de comer os próprios filhos não
estava expressa de maneira suficientemente aterradora, continua, embora
com “pezinhos
de lã…”: “O mais delicado e refinado homem de Israel
olhará com maldade para o
seu irmão, para a mulher que ele estreitava ao
seu peito e para os filhos que
ainda tiver, pois terá de repartir com algum
deles a carne dos filhos que está
para comer, pois nada mais te restará
na angústia do cerco com que o inimigo te
vai apertar em todas as tuas
cidades. A mais delicada e refinada das mulheres
entre vós, tão delicada e
refinada que nunca pôs a planta dos pés no chão,
olhará com maldade para o
homem que ela estreitava ao seu seio e também para o
seu filho e a sua filha
e para a placenta que lhe sai por entre as pernas, e
para o filho que acaba de
dar à luz porque, faltando tudo, ela os comerá às
escondidas (…)
(Dt 28,54-57)
Inspiração divina ou… comprazimento num macabro
canibalismo?!
- Inspiração divina, impossível! Puro sadismo, ultra-irracionalismo!
Sadismo
e ultra-irracionalismo que imperaram na mente doentia deste autor que,
só
por isto, não merece, não pode ser considerado “sagrado”, levando, pelo
por isto, não merece, não pode ser considerado “sagrado”, levando, pelo
contrário, à condenação de toda uma Bíblia. Ou… umas vezes pode
condenar-se,
por diabolicamente extravagante, outras, aceita-se por laivos
de divino?!
de divino?!
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