Apenas mais umas pertinentes considerações sobre o rezar, dentro do espírito de honestidade intelectual que cultivamos:
1
- Quem se sentir confortável, rezando à Virgem e aos santos, não deixe de o fazer. O que é preciso é que se sinta bem consigo mesmo e a reza lhe traga paz
e repouso para a sua alma…
2
– Já escrevemos aqui sobre os milagres, tanto os dos Evangelhos, aos quais
voltaremos quando analisarmos criticamente o NT, como os realizados pelos
santos que estão nos altares e por outros pretendentes a igual lugar.
Obviamente, tudo falsidades: não há milagre algum em acontecimentos – sempre de
curas inusitadas! – ainda inexplicáveis à luz da medicina actual. Mas
desenganem-se de uma vez por todas: ponham um indivíduo sem pernas a pedir o
milagre de as recuperar e vejam o que acontece! E se as suas orações não são
suficientes, ponham o mundo inteiro cristão a pedir as pernas a Deus, por
intercessão de todos os anjos e santos. Se mesmo assim, as pernas não lhe são
restituídas, ali em carne e osso como as que tinha antes ou nunca tivera porque
nascera assim, então, minhas senhoras e meus senhores crentes e mentores
religiosos, as vossas orações não valem nada, são inúteis e os vossos milagres
totalmente falsos e forjados! E, por favor, não argumentem que aquele homem não
merece as pernas e que Deus nunca poderia atender tal pedido ou que tal pedido
seria um desafio pecaminoso a Deus, seria tentar o próprio Deus a manifestar o
seu poder. Sejamos todos, crentes e não crentes, intelectualmente honestos!
3
– Algumas orações são de bradar aos céus, pelo seu nonsense, nonsense a que os
crentes são “obrigados”, ao debitá-las, quer em casa quer nas igrejas.
Uma das mais caóticas é a que se reza no terço: “Ó meu Jesus, perdoai-nos e
livrai-nos do fogo do inferno e levai as almas todas para o céu, principalmente
as que mais precisarem.” Primeiro: perdoai-nos o quê? Os pecados? – Ai o poder
catárctico da confissão! Segundo: fogo do inferno, se não há inferno nem fogo e
mesmo os teólogos afirmam unanimemente que se tratam apenas de estados de alma
de gozo (céu) ou de sofrimento (inferno)? Então?!!! Terceiro, “levar as almas
para o céu”? Quais almas? As que ainda estão no inventado purgatório, invenção
medieval que tanto dinheiro rendeu aos cofres da Igreja? Quarto – cúmulo dos
cúmulos: “principalmente, as que mais precisarem”. Pois, se as que mais precisam
são certamente as que cometeram faltas mais graves – mas nunca pecados mortais,
porque essas vão direitinhas para o inferno! – como têm muitos que intercedem
por elas, libertar-se-ão mais depressa desse nonsense que é o purgatório; as
outras, as que menos precisam, ficarão a penar mais um bocadinho, porque
esquecidas nas orações dos fiéis… É fantástico o que estes eclesiásticos
incutem na mente das pessoas crentes ou com fortes tendências para a crendice!
4
– Quando se reza por outrem, obviamente não se obterá o primeiro objectivo da
oração que é o de aumentar a auto-estima e assim conseguir o que se deseja pelo
seu esforço e empenho, embora pedindo-o em oração. Quando muito, poderá haver alguma
telepatia energética que funcionará para seres muito próximos. No caso de, por exemplo, nas
Filipinas se rezar pelo papa, obviamente que não há nenhuma hipótese de
outorgar qualquer benefício ao papa. Apenas o que reza se sente reconfortado e
mais em paz consigo, já que é crente, o que não é nada pouco, pensando e
intercedendo pelo seu pastor longínquo…
Enfim,
nunca se esqueçam: perante este e outros dilemas, o IMPORTANTE, NA VIDA, É SER-SE
FELIZ e só é feliz quem está bem consigo e com os outros! Rezem, pois, se o
rezar vos dá felicidade!
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