PARA ALÉM DO FIM
Cinco momentos de
reflexão
V
Fundamento das nossas
dúvidas, as dúvidas que estão na base desta "Vida de Cristo" narrada
pelo próprio.
AS ORIGENS DO CRISTIANISMO (2/2)
Análise crítica
De tudo o que se referiu – números 1 a 8 – as dúvidas acerca
da factualidade apresentada são mais que muitas. Já provámos, em outros textos
e nos itens anteriores, que os evangelhos não nos merecem qualquer credibilidade histórica.
Repetimos a razão fundamental: terem sido escritos com o simples e único
intuito de firmar na Fé em Jesus Cristo, Filho de Deus, as comunidades que iam
nascendo aqui e acolá. Por isso, os evangelistas inventaram tudo o que lhes
parecia corroborar tal intuito, sobretudo milagres que fossem a prova de que
Jesus era Deus ou Filho de Deus encarnado no homem sobre o qual falavam.
Outros argumentos a favor da não credibilidade histórica dos
evangelhos merecem ser relembrados, mas serão de menor importância: 1 – terem sido
escritos 40 a 70 anos após os acontecimentos referidos; 2 – não ter chegado até
nós nenhum original mas apenas cópias dos sécs. III e IV, portanto sujeitos a
toda a espécie de corrupção; 3 – não haver nenhuma referência, nos
historiadores da época, sobretudo Flávio Josefo e Fílon de Alexandria, aos
factos que são narrados nos evangelhos como acontecidos; é que são “factos” tão
fora das leis normais que regem a actividade humana que, se tivessem sido
verdadeiros, teria sido completamente impossível que não tivessem dado brado
por todo império romano, chegando, obviamente, ao conhecimento daqueles
historiadores. Aliás, a própria História do mundo de então teria sido completamente
diferente: não haveria perseguições mas uma conversão universal… 4 – A imagem
que os evangelhos dão de Jesus é completamente antagónica aos objectivos que o
próprio Jesus se propunha: pregar a todas as gentes a Boa Nova do Reino de
Deus. Então ele não sabia que era vencendo a morte perante todo o Império
Romano, ressuscitando e mostrando-se a toda a gente, a começar pelos que o
tinham condenado, que convenceria e converteria todos os Homens do mundo
conhecido de então e, por arrastamento, todas as gerações vindouras e todas as
gentes ainda desconhecidas? (Noutra análise crítica, este será, porventura, o maior argumento
contra a veracidade da ressurreição de Jesus e contra o seu carácter de divino ou filho de
Deus.)
Mas basta de aduções. E repetimos o que já em outros textos
dissemos: o cristianismo nasceu como uma seita judaica que teve como mentor
Paulo, o qual, tendo conhecido Jesus através dos discípulos, o elegeu como
protótipo de um guru capaz de encabeçar uma nova religião de que ele seria o
grande pregador, ultrapassando largamente, pela sua inteligência e
conhecimentos – e até influência política – a pregação daqueles discípulos.
O resto da verdadeira história do cristianismo não passa de
uma história, história que, no entanto, se avolumou ao longo dos séculos, por
múltiplas razões, se desmembrou, guerreando-se as suas facções, sobretudo
católicos e protestantes (veja-se ainda a actual Irlanda do Norte!), e atingiu
a bonita soma de cerca de dois mil milhões que dizem acreditar no tal Jesus Cristo,
Filho de Deus, fazedor de milagres.
E foram os papas e os padres, pelos mais diversos interesses,
normalmente de poder sobre as consciências, mas também – ou sobretudo? – pela
sede de poder político e económico, que alimentaram toda a aquela história,
história arquitectada a partir de uma efabulação, uma falsidade, um engodo para
enganar o Homem, toda a humanidade que, por ignorância ou falta de espírito
crítico, se vai deixando embalar em crendices que fazem bem à alma e alimentam
o sonho de um Paraíso eterno após a morte!
Só resta dizer que, no séc. VII, apareceu o grande rival do
Cristianismo: o Maometismo. (O Judaísmo , a outra religião monoteísta, tinha-se
ficado pelo Estado de Israel ou espalhou-se pelo mundo, não ultrapassando
actualmente os 20 milhões, mas tendo dado à humanidade os maiores cérebros
conhecidos, quer para o bem quer para o mal…) Este não se impôs pela mensagem
de fraternidade universal, como, no geral, o Cristianismo, mas pela espada: “Ou
te convertes ou morrres”! Mas também o Maometismo, que conta com mais de mil milhões de seguidores, se dividiu em seitas que perduram
activas e ferozmente antagónicas, obviamente pela sede de domínio – poder
político e económico! – de uma sobre a outra. Falamos das duas principais
seitas: a dos sunitas e a dos xiitas cujos seguidores, todos os dias cometem
atentados uns contra os outros, sobretudo em terras onde, há dois mil anos,
imperava o incipiente cristianismo com a sua mensagem de paz e fraternidade: o
Iraque, a Síria, o Irão e alguns dos seus vizinhos. Claro que, embora imitem o
seu guru, Maomé, chefe guerreiro toda a vida, além de ter escrito o Corão com a
ajuda do dinheiro da sua mulher Cadidja, todos esquecem os cinco pilares do
Islão: 1 – Afirmar que só Alá é Deus e Maomé o seu profeta; 2 – Rezar cinco
vezes ao dia, prostrados por terra e virados para Meca (Que rezarão eles?
Planearão mais um ataque bombista, suicida ou não, invocando a protecção de
Alá, para que matem, em tal acto, o maior número de inocentes possível?!!!) 3 –
Dar esmola 4 - Observar o Ramadão (jejuar faz bem ao corpo e purifica o espírito!)
5 – Ir, se possível, ao menos uma vez, na vida, a Meca! (fazer o quê, santo
Deus, santo Alá?!!!)
Ah, perante tais realidades, a vontade que se tem é de
desabafar, perguntando:
“NÃO SERIA O MUNDO
MUITO MELHOR SEM A PRAGA DAS RELIGIÕES?”
E isto, sem
menosprezar o grande impacto que a religião, em geral, tem de benéfico sobre as
consciências, sobretudo em momentos de grandes frustrações ou perdas, momentos
em que só a Fé pode dar algum conforto, alguma serenidade, alguma força para a
aceitação do sofrimento. Nem se devem esquecer as muitas organizações que, com base
nas igrejas, se dedicam a ajudar os mais carenciados da sociedade. Louvor,
pois, a quem dedica parte da sua vida ou a sua vida inteira a tais actividades,
estas, sim, bem de acordo com a pregação da fraternidade universal de Jesus
Cristo!
Mas, dada a complexidade do ser humano, também poderíamos
perguntar se tais movimentos de solidariedade não apareceriam numa sociedade
sem qualquer religião. Não surgem, por toda a parte, movimentos de ajuda
humanitária quando em alguma parte do Globo, a catástrofe acontece, não se
ouvindo falar que estejam conectados com qualquer religião??
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