PARA ALÉM DO FIM
Cinco momentos de
reflexão
Fundamento das nossas
dúvidas, as dúvidas que estão na base desta "Vida de Cristo" narrada
pelo próprio.
Advertência
final
Importa tornar
claro que toda a pesquisa efectuada ao longo deste ensaio, colmatada com um
toque romanesco quando escasseiam os dados considerados históricos, já que há
apenas documentos – evangelhos, actos e cartas – cuja historicidade é
facilmente posta em causa, quer pelos seus conteúdos fantasiosos (vejam-se, por
exemplo, os inúmeros milagres impossíveis), quer pela sua finalidade: cimentar
na Fé as comunidades cristãs nascentes, nada pretende de acintoso contra a
religião católica; insere-se na busca incessante da Verdade da Vida, essa
necessidade profunda, intrínseca a qualquer ser humano, de saber qual o seu
desfecho após a curta existência a que teve o privilégio de aceder, um
dramático problema existencial para o qual se procura uma resposta.
Pela Filosofia, o
Homem apercebeu-se da sua realidade: um ser que aparece no tempo, num dado
tempo, vive um certo tempo – curto, curtíssimo em relação ao Tempo universal em
que se movimentam todas as coisas nos seus ciclos de vida, sejam oitenta,
noventa ou cem anos, mil que fossem! – e, depois, inexoravelmente morre. Então,
aparecem as religiões a dar-lhe n respostas para o Além da morte,
“inventando” a Teologia! E vêm, primeiro, deuses em catadupa, deuses
antropomórficos e geomórficos, deuses que permanecem no imaginário do Homem
durante muitos milénios, condicionando-lhe a vida. Depois – e simultaneamente
com aqueles – um Deus único com os judeus de há três a quatro mil anos,
retomado ou “retocado” por Jesus dito o Cristo, há dois mil, voltando a ter
créditos de Livro com Maomé, há apenas cerca de mil e quatrocentos anos.
Mas, afinal,
nenhuma religião responde ao problema existencial do Homem: o Para-além da vida
– esta vida! – a única que ele pode ter como certa. Começam os seus mentores –
que se arvoraram e arvoram em guardiães da Verdade – por clamar de inspiração
divina os super-conhecidos livros que apelidam de sagrados: a Thora judaica, a
Bíblia cristã, o Corão muçulmano, devendo-se também referir os Vedas para os
hindus. Argumentos? – Nenhum que tenha qualquer credibilidade à luz da razão,
razão que é o grande distintivo do ser humano, face a todos os outros seres.
Então, sabendo que não têm argumentos credíveis, apelam para a Fé e para o
Mistério e, a quem pretenda ou exija tais argumentos, não se satisfazendo com
Fé e Mistérios, apelidam de ateus ou agnósticos, indivíduos de má-fé,
arrogantes face ao divino – divino que eles não conseguem provar como
existente! – e de outros epítetos que levam as gentes menos informadas a descrerem
de qualquer tentativa dos que querem “agitar as águas” que, no que toca às
Religiões em geral, bem tresandam de estagnadas...
Ora, tudo seria
mais simples se os arvorados em guardiães das Religiões descessem dos seus
pedestais, onde se auto-guindaram, e viessem discutir a Religião na praça
pública, isto é, nos Media de todo o mundo, para lhes dar credibilidade,
pondo em discussão a “indiscutível” sacralidade dos “seus” Livros. Mas não! E a
razão é óbvia, embora sempre desmentida e mais uma vez apelidada de acintosa e
de má-fé: não tendo argumentos, seriam cilindrados por um sem-número de
perguntas com que seriam confrontados e lá se lhes acabava o seu modus
vivendi, para uns, de sobriedade e de franca missão de solidariedade
social, para outros – muitíssimos! – de vida regalada e não poucas vezes
faustosa. A começar e a acabar no papa da Igreja católica, com o seu
luxuosíssimo Vaticano. Tudo para louvor de Deus Nosso Senhor...
A realidade nua e
crua, no entanto, mantém-se para todo o ser humano: só sabe que existe; o
“depois” fica-se no mistério de todos os que já partiram – um sem-número, desde
que se considera a existência do Homem, nos seus cerca de quatro a sete milhões
de anos – e nunca mais voltaram dando notícias de Paraísos ou Infernos existentes
e um Deus ou um Diabo neles... Perderam-se pura e simplesmente no... Nada!
Melhor: integraram-se, átomos e moléculas, na matéria universal donde um dia
vieram, tendo apenas sido, durante os tais oitenta ou cem anos, matéria
transformada em vida, uma vida que, tal como qualquer ser vivo, tal como as
estrelas, tinha o seu destino marcado: desaparecer para sempre...
Embora o tema seja
inesgotável, bastam estas palavras para fazer meditar todos os que quiserem ser
eles próprios a dissecarem a realidade que lhes assiste, não cedendo a ninguém
tal inalienável direito.
“A busca da Verdade da Vida deveria ser a preocupação suprema
de todo o Homem, como ser racional que é”. (Autor desconhecido)
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