PARA ALÉM DO FIM
Cinco momentos de
reflexão
V
Fundamento das nossas
dúvidas, as dúvidas que estão na base desta "Vida de Cristo" narrada
pelo próprio.
AS ORIGENS DO CRISTIANISMO (1/2)
As origens do cristianismo, tal como nos chegaram, após dois
mil anos de História, e tal como nos
continuam a ser pregadas pelas igrejas cristãs, mormente a católica, toda a
gente as conhece, cristãos e não cristãos, tendo por base os evangelhos e, em geral, o Novo Testamento. Simples e em resumo:
1 – Pelo ano 750 ab
urbe condita (da fundação de Roma), apareceu um Jesus, nascido numa
província de Israel, a Galileia, filho de Maria e de José, o carpinteiro, da
linhagem de David (que havia sido rei dos judeus pelo ano 900 a.C.)
2 – Aos 30 anos, começou a pregar um reino novo, um reino que
não era deste mundo, o Reino de Deus, pregando a fraternidade universal e o
amor entre os Homens, sendo todos filhos de Deus, portanto, todos irmãos,
acompanhando tal mensagem, segundo o relato dos evangelhos, sobretudo o de
Mateus, de muitos milagres. Muitíssimos milagres: cegos de nascença que
começavam a ver, coxos que andavam, paralíticos que ficavam curados, água que
se transformava em vinho, pães e peixes que se multiplicavam, muito para além
da necessidade dos famintos que rodeavam Jesus, pois num deles, segundo o mesmo
Mateus, cresceram vários cestos, apesar de, à partida, haver apenas meia dúzia
de pães e meia dúzia de peixes… E muitos outros!
3 – Prometeu o Paraíso aos pobres, fracos, humildes e aos que
fossem tementes a Deus e o Inferno aos ricos e maus.
4 – Escolheu doze discípulos e foi seguido por multidões.
5 – Disse ao discípulo Pedro: “Tu és Pedro e sobre esta pedra
eu edificarei a minha Igreja.”
6 – Perguntando aos discípulos: “ E vós, quem dizeis que eu
sou?” Responderam eles: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo:”
7 – Insurgiu-se contra os poderes religiosos instituídos que,
artificiosamente, o acusaram de se revoltar contra o poder de Roma, embora
Jesus tenha dito, quando interrogado sobre o assunto – sabiamente! – “Dai a
César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.
8 - Foi condenado, num julgamento em que inexplicavelmente
não se quis defender – o que não teria sido muito difícil, sendo ele quem era
(era?!) – morto e sepultado e ressuscitou três dias depois, subindo ao Céu após
ter aparecido a alguns discípulos, primeiro a Madalena e aos discípulos de
Emaús, depois, a todos os doze, dizendo-lhes “Ide por todo o mundo, pregai a
Boa Nova do Reino de Deus a toda a criatura!”.
FIM DA PERSONAGEM apresentada nos quatro evangelhos: os
sinópticos de Marcos, Mateus e Lucas e o de João, mais teológico e menos
factual.
INÍCIO DO CRISTIANISMO, palavra derivada do cognome atribuído
a Jesus, passando-se, após a sua morte, a chamar Jesus Cristo.
9 – Apesar da morte inglória de Jesus e das ameaças dos
poderes político-religiosos do tempo, os discípulos continuaram a pregar as
ideias do “Mestre”, começando a fundar pequenas comunidades religiosas, mais ou
menos clandestinas, com medo de perseguições, partilhando o pão em evocação da
última ceia de Jesus com os discípulos. A eles juntou-se uma figura carismática
e decisiva na fundação do cristianismo: o gentio Paulo que, de perseguidor se
torna pregador fanático, reinventando muitos dos ensinamentos de Jesus.
10 – Muitas comunidades, aliciadas pela mensagem - fraternidade universal, igualdade entre os Homens (todos irmãos porque todos
filhos do mesmo Deus), um Paraíso para os bons e um Inferno para os maus -
nasceram por todo o Império romano, espalhando-se do Norte de África até aos
confins da Ásia Menor e até ao coração do Império: Roma.
11 – Apesar de perseguidas por todos os imperadores,
proliferaram. E eram já muitos milhares, de tal modo que o imperador
Constantino, com o intuito de unificar o Império, resolveu, em vez de perseguir
os cristãos, promover o cristianismo a religião do mesmo Império e, para tal,
convocou um Concílio, o de Niceia, em 325.
12 – Aqui, começa a verdadeira saga da expansão do
cristianismo, com a preponderância do bispo de Roma a quem começaram a chamar
“papa”, havendo logo, cerca de num século mais tarde, os primeiros dissidentes
que não aceitavam a autoridade de Roma, elegendo o seu próprio papa que
pontificava em Constantinopla, actual Istambul, na Turquia, chamando-se de
ortodoxos. A outra grande divisão aconteceria no séc. XVI com Martinho Lutero e
o seu Protestantismo, protestantismo que deu origem a numerosas seitas que hoje
florescem um pouco por todo o mundo cristão. E as três igrejas continuam a
pregar o mesmo Cristo ressuscitado, um Cristo Filho único de Deus, e a sua
mensagem de salvação eterna (no Céu), mais do que a da fraternidade universal
(na Terra).
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