À procura da
Verdade nas Cartas de Paulo
Primeira Carta aos
Coríntios – 6
–
Como mentor a que se arvorou e arauto do Cristianismo, Paulo inventa todas
aquelas categorias que formariam o corpo da Igreja nascente. Mas – com
franqueza! – tendo sido ele que inventariou aquelas funções, como diz que foi
Deus que lhes estabeleceu um lugar na sua Igreja? E Deus tem uma Igreja?
Aliás,
Deus, para Paulo, era o tradicional Javé dos judeus, agora vestido de roupagem
nova, como sendo Deus do Amor e não o guerreiro do AT que lutava sempre ao lado
do povo hebreu, protegendo-o e favorecendo-o nas batalhas e conquistas, sempre
de uma crueldade extrema e estúpida, pois, nelas – segundo a “Sagrada” Bíblia –
passavam tudo a fio de espada: homens, mulheres, crianças e animais…, com o
aplauso e conivência do mesmo Deus Javé! Grande Deus, aquele Javé sanguinário!
É,
obviamente, uma visão de Deus muito mesquinha, por muito humana, nada tendo a
ver com o Deus realmente existente, ETERNO e INFINITO que, por isso, “tem mais
que fazer" do que andar preocupado com sua excelência o Homem! Que presunção,
meu Deus, e que ignorância estupidificante, pensar Deus de tal modo!
Segue-se
o conhecidíssimo poema de Paulo sobre o AMOR. Lindo! Inspirado aquele Paulo,
naquele momento! Vale a pena transcrevê-lo na íntegra e… com poucos
comentários.
–
“Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos,
Se
não tivesse amor, seria como sino ruidoso ou como címbalo estridente.
Ainda
que tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a
ciência,
Ainda
que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas,
Se
não tivesse amor, nada seria.
Ainda
que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos,
Ainda
que eu entregasse o meus corpo às chamas,
Se
não tivesse amor, nada disso me adiantaria.
O
amor é paciente, o amor é prestativo.
Não
é invejoso, não se ostenta não se incha de orgulho.
Nada
faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse,
Não
se irrita, não guarda rancor.
Não
se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade.
Tudo
desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O
amor jamais passará…” (13, 1-8)
–
Aqui, perguntaríamos o que era para Paulo o Amor. É que sabemos que o AMOR tem
muitas nuances e muitos graus, desde
a amizade, à paixão, ao amor propriamente dito que será a entrega de dois seres
um ao outro, com todos os predicados acima enunciados. Mas tudo ao nível do
humano, da emoção, dos sentimentos, não sendo a religião nem Deus – o suposto
amor de Deus pelos Homens – para aqui chamados.
E
amar verdadeiramente não é tarefa humana fácil. É que isto de ser paciente,
prestativo, não invejoso, não orgulhoso, não inconveniente, não procurando o
seu interesse, não se irritando nem guardando rancor, alegrando-se apenas com a
justiça e a Verdade, tudo desculpando, em tudo acreditando (sem se ser ingénuo,
claro!), tudo esperando, tudo suportando…, exige muito de uma pessoa. E as
pessoas têm os seus limites. Muitos limites mesmo...
Dizer
que o amor jamais passará cremos que seja muito assertivo, pois, bem analisadas
as coisas da vida quer privada, quer social, quer em política a nível mundial,
é o amor – e o seu contrário: o ódio – que fazem mover o mundo…
Será que são só o amor e o ódio que fazem mover o mundo? E, então, a ganância, a inveja, a cobiça, o orgulho, a vaidade, a soberba..., não são estes os "pecados" que levaram e levam a todas as guerras e a todo o sofrimento que uns homens impõem a outros homens, seus semelhantes?
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