À procura da
Verdade nas Cartas de Paulo
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Nós acrescentaríamos: “Nem na Terra, nem no Céu!” A Terra sabemos que existe. O
Céu pertence à fantasia. Não sabemos onde fica nem o que realmente é, tal como não sabemos o que é realmente o Reino de Deus…
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“Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo que está em vós e vos
foi dado por Deus?” (6,19)
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Até é bonito. Mas não tem qualquer fundamento ou significado, pois o que é isso
do Espírito Santo? E porque é que o nosso corpo é templo desse Espírito? O
corpo é apenas o suporte da nossa parte espiritual, a que se convencionou
chamar de alma – anima para os
latinos, psiqué para os gregos – mas
que não é mais do que o nosso cérebro, órgão onde toda a parte não-matéria de
nós se processa: inteligência, vontade, consciência, desejos, sentimentos…
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“A esposa não é dona do seu próprio corpo, mas sim o marido. De igual modo, o
marido não é dono do seu próprio corpo, mas sim a esposa.” (7,4)
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Equidade de direitos e deveres, o que é de louvar. E viva a reciprocidade! É
pena que Paulo, mais à frente, não se fique por esta equidade.
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“Aos solteiros e às viúvas digo que seria melhor se ficassem como eu. Mas, se
não são capazes de dominar os seus desejos, então casem-se…” (7,8-9)
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A apologia do celibato está na origem do celibato dos servidores das Igrejas e
Congregações religiosas. Obviamente, não é de louvar. Assim, acabar-se-ia a
espécie… Por outro lado, o celibato imposto pela cleresia, levou muitos desses servidores
a cometerem crimes sexuais que, de outro modo, não teriam cometido. Quando é
que a Igreja católica libertará, sabiamente, os clérigos de tal fardo
anti-natura? Por quanto mais tempo continuará no obscurantismo retrógrado da
imposição do celibato?
O
capítulo 7 desta Epístola está todo eivado da apologia do celibato e da
virgindade, com o falso pretexto de que, virgens, estão mais disponíveis para
“servirem o Senhor”: “Considero boa a condição das pessoas virgens… Quem não
tem esposa cuida das coisas do Senhor.” (7, 26 e 32). Enfim, acredite quem
quiser! O que é certo é que muitos homens casados queixam-se de quanto trabalho
dá “ter” uma mulher, seja ou não mãe de seus filhos e muitas mulheres se queixam
do inverso, sendo elas as maiores vítimas da violência doméstica quando existe.
Mas tudo isto se passa ao nível do humano e nada tem a ver com religião e a
pregação dela.
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“Quero que saibais que a cabeça de todo o homem é Cristo, que a cabeça da mulher
é o homem e a cabeça de Cristo é Deus. (11, 3).
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São afirmações sem nexo embora pareçam profundas de sentido. Claro que a
palavra “cabeça” está em sentido figurado mas isso de Cristo ser a cabeça do
homem e do homem ser a cabeça da mulher só apela para uma subordinação do homem
à religião e da mulher ao homem. Laivos de machismo, com certeza, nesta segunda
asserção.
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“Todo o homem que profetiza ou reza de cabeça coberta desonra a sua cabeça. Mas
toda a mulher que reza ou profetiza de cabeça descoberta desonra a sua cabeça. Se
a mulher não se cobre com o véu, mande cortar os cabelos.” (11, 4-6).
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Desculpa, Paulo, mas isso é um total disparate! E um pormenor sem qualquer
interesse. Pior: ainda estás a pensar na Eva que deu a maçã ao Adão, introduzindo
o pecado no mundo. O que também é uma bobagem completa, pois não passa de uma
história infantil. Nem se percebe como a Igreja te eleva a Doutor, baseando tu
as tuas teorias na Bíblia. Enfim, é o que tem…
Mas, olha, Paulo, há muito pior! E mais de dois mil anos passados da tua existência: a religião muçulmana e seus líderes-homens obrigam as mulheres a andarem não só de cabeça tapada, mas também a cara e todo o corpo, restando os olhos para não parecerem umas ceguinhas. Que dirias tu se cá pudesses vir admirar tamanha estupidez aberrante?
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