À procura da Verdade nas Cartas de Paulo
– Como sabemos da História, é
falsa esta afirmação. Nem sabemos onde Paulo a foi buscar ou fundamentar. É
claro que a autoridade sobre os povos sempre foi imposta pelos senhores da
guerra ou por outros poderosos, como nobres, reis e papas. A autoridade menos
imposta é que, actualmente, deriva do voto popular, mas mesmo assim é muito
discutível… Esta visão teocrática do destino do Homem e das suas acções é
totalmente infundada. Deus não tem nada a ver com o que o Homem faz ou deixa de
fazer. Aliás, parte-se de um princípio de que Deus está lá em cima a olhar cá
para baixo o Homem nas suas actividades. Que Deus mesquinho e apoucado este das
religiões, santo Deus! Como se nada mais houvesse no Universo e no Espaço
infindo do que sua excelência o sr. Homem, numa Terra que é um pontinho perdido
no Espaço, sem qualquer interesse para esse mesmo Espaço e toda a matéria e
energia que nele se agitam e se movimentam…
– “De facto os mandamentos …
resumem-se nesta sentença: «Amarás o teu próximo como a ti mesmo.»” (13,9)
– Indiscutível. É pena que
tão poucos humanos o façam. A sociedade vive mais do “Salve-se quem puder e
como puder!”
– “O Reino de Deus não é
questão de comida ou de bebida; é justiça, paz e alegria no Espírito Santo.”
(14,17)
– Quando no NT se fala de
Reino de Deus, nunca se define bem o que é. Esta definição de Paulo é mais uma
não-definição. Além de justiça, paz e alegria poderia enumerar tudo o que há de
Bom no ser humano. Chamar o Espírito Santo para aqui nada adianta, pois é
personagem inventada pelos primeiros crentes, tendo sido sugerida pelo próprio Jesus.
– “O Deus da paz não tardará
em esmagar Satanás debaixo dos vossos pés.” (16,20)
– Pelo contexto, pressupõe-se
que Satanás represente para Paulo os não crentes ou os que se opunham às novas
ideias religiosas. E está subjacente a tal afirmação uma superioridade dos
cristãos, bem como uma ideia de guerra contra eles ironicamente apoiada pelo “Deus
da paz”…
E assim, acabamos a análise
crítica a esta importante carta – para a Igreja – de Paulo, focando apenas os
aspectos mais relevantes, donde ressalta a soberania das Escrituras que
condicionam o pensamento de Paulo que nelas se apoia para defender as suas
crenças, junto das comunidades que se iam formando, atraídas não pelo Jesus da cruz mas pelo Jesus que pregou a fraternidade universal e o amor ao próximo, numa sociedade baseada em grande parte na escravatura…
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