À procura da VERDADE nos Evangelhos
Evangelho segundo S. JOÃO – 66/?
Interessante também, mas de
outro modo, é a qualificação que João se atribui a si próprio: “o discípulo que
Ele amava”. Várias vezes referida, coloca-se-nos a pergunta: “Como manifestava
Jesus tal amor? Como viam os outros discípulos tal predilecção? Um Jesus-Deus
poderia ter assim predilecções?…”
É também João o único
evangelista a referir a presença de Maria, a Mãe de Jesus, junto à cruz: “Jesus
viu sua Mãe e, ao lado dela, o discípulo que Ele amava. Então disse a sua Mãe:
«Mulher, eis aí o teu filho.» Depois, disse ao discípulo: «Eis aí a tua Mãe.»
E, dessa hora em diante, o discípulo recebeu-a em sua casa.” (Jo 19,26-27)
Realmente os evangelhos não
deram grande importância a Maria na vida de Jesus. Muito menos a José, seu pai…
Aliás, aqui, Maria foi para a casa de João e não da do marido José, certamente por
este já não pertencer ao mundo dos vivos.
Estranhíssimo foi o próprio
Jesus também não ter tido Maria presente, ao longo da sua vida pública. Pelo
contrário, quando aparece, é colocada ao nível de simples ser humano, (Mt
12,46-50) ser humano de que Deus parece ter-Se servido para dar à luz o seu
Filho e… mais nada.
É! E este último “Mulher…”,
ali na cruz, é mesmo o total distanciamento do seu lado humano representado por
sua Mãe! Pois, porque não disse, simplesmente, “Mãe…”? E teria muito mais a
nossa simpatia, nós para quem a relação maternal é tão importante, tão umbilical,
tão… cheia de emoções!
– “Depois disto, sabendo que
tudo estava realizado, para que se cumprisse a Escritura, Jesus disse: «Tenho
sede.»” (Jo 19,28)
Que perseguição aquelas Escrituras,
santo Deus! Que escravidão! Que Deus que a tal obrigou o seu Filho!…
– Com a ignominiosa
crucificação, os pregos rasgando-Lhe a carne, suplício aliás habitualmente
aplicado pelos romanos aos que se insurgiam contra o seu domínio, veio a
inevitável morte.
Não refere aqui João os
factos maravilhosos que Mateus, Marcos e Lucas dizem ter acontecido, naquele
momento, como o rasgar das cortinas do Templo ou o fazer-se trevas ao meio-dia
até às três da tarde, o abrir-se de muitos túmulos donde saíram os mortos
ressuscitados… (Mt 27; Mc 15; Lc 23) Que poderemos pensar de tal omissão? Que
os factos foram simplesmente imaginados pelos outros três evangelistas,
cumprindo o objectivo de divinizar o “seu” Cristo? Que João não lhes deu
importância pois já não eram referidos ou lembrados, quando escreveu o seu evangelho?
Mas como? Como, se ali se tocou o divino, se houve o milagre, se a Natureza
“participou” na dor da humanidade, perdendo o Filho de Deus?...
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